CAPÍTULO 12: AMIGOS E INIMIGOS 4☀️

5 6 0
                                    

CAPÍTULO 12: AMIGOS E INIMIGOS 4☀️
Foi um choque pro Edward ver seu pai de novo depois de muito tempo. Vi os olhares de tensão que se formavam no ar, faltava sair faíscas pelos rostos de ambos;
--Te perguntei o que veio fazer aqui. (Edward)
--E eu disse que vim te buscar, já chega de se esconder. (Germano)
--Espera, como assim se esconder? Edward não estou entendendo nada.
Ele abaixou a cabeça, mas pude ver que apertou os olhos para controlar o sentimento de raiva que estava fluindo dentro de si;
--Inclusive quem é você rapaz? (Germano)
--Meu nome é Espurr senhor, sou amigo do Edward, é bom conhecê-lo.
--Pena não poder dizer o mesmo, pode por favor chamar o dono da casa, quero ter uma conversa séria. (Germano)
Não nego que ali meu sangue começou a esquentar também, um homem que nunca me viu antes falando daquele modo comigo? Ah, mas era o cúmulo;
--Eu sou o dono da casa senhor e peço que diminua o tom de voz se não quiser ser colocado daqui pra fora.
--Como é? (Germano)
--Exatamente, não sou obrigado a escutar desaforo de ninguém.
--Vai permitir esse garoto falar assim comigo Edward? (Germano)
Ele se recompôs e deu um passo grande a frente, ficando entre mim e o pai dele;
--Mas é claro que permito, você está na casa dele, ele faz e manda do jeito que bem quer. Eu não queria nem que você tivesse vindo, disse que não queria mais saber nada de você e mesmo assim você veio para importunar. (Edward)
--Veja lá como você fala comigo moleque, gostando ou não sou seu pai e me deve respeito. (Germano)
--Respeito? Que respeito? O mesmo respeito com o qual você faltou no leito de morte da minha mãe? (Edward)
O pai dele arregalou os olhos assombrado com essas palavras, não nego que aquilo assombrou até a mim, mas consegui conter minha expressão. Lótus se sentou na cadeira ao lado do escritório e se pôs a observar a cena que ocorria;
--Como se atreve a dizer isso, sua mãe era o mais importante pra mim. (Germano)
--Era? Bom, isso até você deixá-la morrer não é? (Edward)
Em questão de segundos, apenas pisquei e mesmo assim deu tempo de ver acontecer, Germano esbofeteou Edward e ele saiu andando pra trás quase caindo. Fiquei muito aborrecido com aquilo, pois eu sabia o quanto aquilo tinha doído, não no rosto e sim na alma;
--Já deu, senhor por favor se retire da minha casa já.
--Como é? (Germano)
--Isso mesmo que o senhor ouviu, se retire daqui imediatamente, não permito agressões assim na minha casa, fora daqui.
--Acho que ficou bem claro que seu filho não quer saber do senhor, então vá embora. (Lótus)
--Eu vou, mas fique sabendo que ele vai comigo querendo ou não, eu voltarei. (Germano)
Lótus o acompanhou até o portão enquanto eu tentava me acalmar. Me virei e vi Edward sentado na poltrona reprimindo os punhos de tanta raiva, as lágrimas escorriam por seu rosto mesmo não sendo tão visível por conta de seus cachos;
--Edward, pode ficar calmo, ele já foi.
Ele suspirou longamente e deu uma leve virada de rosto;
--Está vendo o porque não quero saber dele, a vida toda ele foi assim. Eu não posso perdoar o que ele fez com minha mãe, não posso... Não quero ter que voltar a viver com esse homem de novo.
E daí ele simplesmente desabou em lágrimas. Me aproximei pra perto dele e o envolvi em um abraço reconfortante, ele precisava muito se sentir acolhido, e eu não poderia deixá-lo sozinho em um momento como aquele, afinal dentre todos ele foi o único que restou comigo. Lótus se aproximou da porta fazendo um sinal de tchau , como um sinal que estava indo. Eu acenei de volta e ele sumiu.
A poltrona não era grande, mas de alguma maneira quando percebi, ele estava deitado no meu colo e eu secava suas lágrimas com a ponta dos dedos. Seus pulmões chiavam de tanta ofegação em sua respiração. Por algum motivo eu gostava de observar as feições do rosto dele, eram como uma mistura de padrão com indiano, seus olhos negros como a noite escura e sem estrelas, era como olhar numa nebulosa, nada se via. Ele começou a cochilar e eu também, vim acordar já quase meia noite.
Me levantei cuidadosamente e o coloquei no sofá, cobri com cobertor e o deixei dormir. Subi pro meu quarto e peguei a planta do museu para novamente pensar cuidadosamente na estratégia perfeita para entrar e sair. No entanto já havia montado todo o esquema, só me faltava coragem e confiança que daria tudo certo.
Eu entraria faltando uma hora pro museu fechar, como um simples visitante. Quando estiver perto de fechar, me escondo dentro da sala dos fósseis dentre as peles sintéticas que eles juram ser de animais do passado. Espero que todos saiam e que os guardas tranquem o museu e daí entro em ação para procurar pelo pedaço da relíquia.  Quando encontrar, guardo na bolsa e volto pro meu esconderijo, espero amanhecer e quando o museu abrir eu saio como um simples visitante assim como entrei. O plano era muito bom, eu só me tinha que dar um jeito nos alarmes e câmeras de segurança... E isso seria um baita problema, bom isso se eu não tivesse um amigo hacker muito bom como o Lótus. Eu tinha que inventar algo muito bem inventado pra justificar eu querer invadir o museu. 
Saí pra varanda e fiquei pensativo... Pensei nos momentos bons que vivi em Cajamar, nos momentos bons que vivi aqui, tudo parecia ter sido lindo, mas agora corria risco de ser perdido. Peguei um edredom no closet e desci pra sala, deitei ao lado de Edward e me pus a dormir.

Acordamos bem em cima da hora. Eram quase sete e meia, nós nos levantamos correndo cada um pra um lado, enquanto eu dava comida pro Denver ele ia tomando banho, daí eu subi e tomei o meu banho bem rápido, pegamos nossos estojos e saímos correndo, nem café tomamos. Por um minuto não fomos barrados, entramos e fomos direto pra sala escoltados pelo coordenador Lourival.  Entramos e fomos direto pros lugares, no entanto vi os olhares de ranço do grupo que nos odiava. Nem liguei, mas me bateu uma sensação estranha quando meu olhar encontrou o do Cristian.

A prova começou bem na hora, e eu mal podia crer que aquele era o último dia de provas. Primeiro fiz a de artes que era a mais fácil, logo em seguida a de Educação física e por fim a de Matemática e Geometria que na minha opinião, eram as piores.  Levei praticamente o tempo todo nelas e mesmo assim creio que fui muito mal, pois aquela maldita voz martelava na minha cabeça.  Finalizei no exato momento em que o sinal tocou, saí com uma aflição totalmente visível, só não tão visível pra mim mesmo já que esbarrei em alguém;

--Foi mal, não vi que tinha alguém na minha frente.
--Tá tudo bem, eu tenho é que agradecer. Se me esquivou de uma olhada constrangedora.
--Como assim? Aliás, quem é você?
--Muito prazer, sou a Sandra. 
--Ah claro.
Me lembrei na hora pelo nome, era sem dúvidas a tal garota nova que Otávio havia mencionado no dia em que o conheci;
--Eu já te conhecia por nome, mas é ótimo vê-la pessoalmente.
--Como? Alguém já me mencionou pra você?
--Sim, seu amigo me contou sobre o dia em que estavam em roda falando mal de mim.
Eu disse isso na maior espontaneidade do mundo. Se ela se doeria ou se sentiria ofendida não seria por minha culpa, mas pelo contrario, ela ficou pensativa;
--Espera, você é o...
--Espurr, sou eu mesmo.
--Meu Deus, me desculpe. Que constrangedor senhor.
--É mesmo, mas não estou com raiva.
--Não mesmo?
--Não, seu amigo me explicou como começou essa conversinha, mas não ligo.
--Esse amigo a quem se refere, quem é ele?
--O Otávio.
--Conhece o Otávio?
--Eu estava pescando um dia a um tempo atrás com Miles e Edward, daí ele apareceu andando pela grama com um visual bem nerd.
--Fizeram amizade?
--Praticamente. Ele é bem legal.
--É sim, um amor de rapaz.
Fomos descendo pelas escadas falando do Otávio. Ela parecia se animar falando dele, o que me fez acreditar fielmente que ela sentia algo por ele.  Sandra tinha os cabelos lisos escuros, sua pele era bem clara e com um tom rosado no rosto, umas leves espinhas que quase não se notava e um estilo bem menina certinha. Enquanto íamos rumo ao auditório pegar uma maçã, notei que uma garota estava se arrumando bem apressadamente em frente ao espelho de fora do banheiro. Ela faltava entrar no espelho de tanto se admirar. Sandra começou a se conduzir pro rumo dela, mas eu pressenti que ela não era tão gente boa quanto a outra;

--Oi Tiffany como vai? (Sandra)
--Eu vou bem Sandra querida, e você? (Tiffany)
--Estou ótima. (Sandra)
Ela deu um beijo de cumprimento no rosto de Sandra e em seguida me deu uma olhada bem avaliativa;
--Ah, amiga esse é o Espurr. (Sandra)
--Espera, aquele Espurr? (Tiffany)
--Sim, sou eu o garoto de quem vocês estavam comentando um dia desses, muito prazer em te conhecer “Querida”.
Eu tenho certeza que aquilo atingiu ela em cheio, consegui ver isso em seu espanto. Não é querendo me gabar, mas sempre tive talento em falar o que os outros mereciam ouvir, sendo uma verdade ou um simples feixo. Ela me olhou com uma expressão de falsidade e em seguida começou a expor o veneno pra fora, como eu já imaginara pela descrição do Otávio;

--É bom conhecer você também querido, ouvi muito a seu respeito. (Tiffany)
--Eu também soube umas coisas sobre você.
--Ah claro, eu sou muito linda e popular, com certeza já te falaram de mim. (Tiffany)
--Sim, me falaram de você, mas não foi por sua beleza e sim pela sua bela língua, que é bem afiada pra falar da vida dos outros não é?
Ambas me olharam com a boca escancarada;
--Escuta aqui como ousa falar isso? Sabe quem eu sou garoto? (Tiffany)
--Olha saber ao certo eu não sei, mas posso imaginar o tipo que seja você.
--Espurr por favor, está ofendendo minha amiga. (Sandra)
--É somente a verdade Sandra, mas se ela tem tanto o que falar de mim, que fale logo na minha cara não acha?
--Quer saber, tem toda razão. Eu estava sim falando de você a uns dias, mas com muita razão querido. (Tiffany)
--E que razões você teria para falar algo de mim se nunca nem nos falamos?
--Eu e você nunca nos falamos mesmo, mas outras pessoas falaram. Disseram que você é um garoto que se acha mais que os outros, que gosta de ser o centro das atenções e banca o sonso pra se safar, pronto era isso que queria ouvir queridinho? (Tiffany)
--Olha sobre eu me achar, eu não me acho, eu sou. E na parte do sonso, eu só tenho a cara, mas de resto não tenho nada. No entanto, não é minha culpa que tudo gira e gira e no final acerta em mim me transformando no centro da atenção. Então vamos fazer um acordo sim? Eu cuido da minha vida da maneira que eu achar que devo e você cuida da sua vida e dos boatos que você ouve, pois tá precisando selecionar eles melhor, as difamações a meu respeito estão ficando cada vez mais repetitivas. 

Saí andando rumo ao portão e deixei elas pra trás. Gostei de ter conhecido a Sandra, mas aquela outra garota Tiffany, me soava como uma cobra, igual a Emily.  Passei apressado e fui andando pela rua e sentindo o sol batendo na minha pele, era uma sensação boa e me fazia bem. No caminho meu telefone tocou, era minha mãe, eu não queria atender, mas se fosse importante podia haver problema, então atendi;

--Oi Naline.
Ouve um leve chiado na linha, achei muito fantasmagórico;
--Naline?
--Espurr, sou eu. Peguei o telefone da mamãe pra te ligar.
--Rubi? O que foi que houve?
--Preciso falar com você, pode vir aqui em casa por favor?
--Rubi eu não quero ter que voltar nessa casa.
--A mamãe está na casa da Amélia, mãe do Benjamin e meu pai está trabalhando. Por favor vem, eu tô com muito medo.
--Medo do que?
--Só vem, eu tô te esperando.

Ela desligou e não disse mais nada. Eu realmente fiquei assustado com a fala dela, Rubi tinha apenas 6 anos e tinha mais coragem que eu. O que a faria ter medo?
Corri o mais rápido que consegui. Em questão de 17 minutos eu cheguei na entrada da casa. Avaliei com cuidado para que minha mãe não me visse da casa de Amélia, entrei bem lentamente e passei como um ninja porta a dentro. Olhei bem a sala e tudo estava como antes, subi rapidamente pela escada até meu antigo quarto que quando entrei estava todo rosa. Pensei comigo pelos primeiros segundos que Rubi tinha tomado total posse do quarto, mas aí vi o berço no canto que ficava minha cama. Meu sonho estava na verdade sendo uma previsão, eu teria outra irmã. Tentei não me deixar bobear com aqueles ursinhos fofos perto da cômoda branca, no entanto só caí na real quando olhei pro lado e vi minha irmã no canto da cama chorando com os braços entre as pernas em posição fetal;

--Espurr?
--Oi princesinha, o que aconteceu?
Me aproximei e me sentei ao lado dela.
--Espurr eu tô com medo.
--Medo do quê?
--Eu tenho tido uns pesadelos muito estranhos, e isso está me fazendo ver coisas.
--Espera, que pesadelos são esses? Explica melhor, ou você não se lembra?
--Eu lembro cada parte, toda noite isso aparece pra mim.
--Isso o que Rubi? Está me assustando.
--De início me vejo em um bosque, lindo e florido. Cheio de animais por toda parte sabe, nuvens brancas em formatos legais no céu e com uma vista linda pra um rio. Mas então tudo começa a fica frio, sombrio. Os animais correm e simplesmente somem, daí eu caio do chão e atravesso o céu. Quando me dou conta estou numa sala escura com várias coisas quebradas em volta, estou presa e muito assustada, daí ele aparece na sala como uma assombração.
--Ele quem?
--Um homem todo de preto, seu sorriso me dava muito medo, tanto que eu chegava a chorar dentro do sonho. Ele se aproximava de mim e falava... “Você é a chave, para a queda do Cristal”.

Eu fiquei paralisado. Meus órgãos pararam de funcionar, senti meu coração batendo muito mais rápido, minha veias ficaram agitadas e minha pressão subia e baixava. Eu sentia que estava prestes a ter um infarto fulminante, minha cabeça doeu e minha visão se embaraçou. Quis muito sair dali e simplesmente sumir, mas no entanto abracei ela  muito forte, quis que essa dor de medo que ela sentia passasse pra mim. Se alguém tinha de sofrer pelo passado era eu, não minha irmã. Ali eu percebi que me importava muito mais com a minha irmã do que eu imaginava;

--Rubi, olha bem nos meus olhos. Não precisa se assustar, é só um pesadelo bobo,  você é criança e está conhecendo o mundo agora , é por isso que suas ideias estão se misturando e causando essas alucinações.
--Eu tenho sonhado com isso sempre Espurr, sempre mesmo, a quase duas semanas o mesmo sonho e mamãe não está ligando muito, com a chegada da Esmeralda só estou ficando mais de lado.
--Esmeralda? Esse vai ser o nome da...
--Sim, é o nome da nossa irmãzinha.

Definitivamente Rubi estava sentindo na pele tudo que eu senti quando ela nasceu. Agora haveria outra caçula na casa, ela teria de aprender a conviver. Porém, a parte dos pesadelos eu teria de ficar em alerta, se for na verdade uma previsão como a minha, eu teria de protegê-la a todo custo.
Pedi a ela que não dissesse nada pra minha mãe sobre eu ter estado ali. Me levantei e desci pra sala, saí de fininho pela porta da frente e fui bem devagar para não ser visto por algum vizinho. Estava já no portãozinho da entrada quando viro e esbarro em alguém;

--Fofo? Você por aqui? Veio ver sua mãe?
--Ben, na verdade não. Vim ver minha irmã, minha mãe não sabe que estou aqui e nem pode saber, eu tenho que ir logo embora.
--Espera, precisamos conversar sobre a viagem, já é na segunda né?
--Olha, vai lá em casa amanhã  que agente conversa sobre isso tá bom? Até.
Dei um abraço nele e saí atordoado pela rua, ele devia ter estranhado meu comportamento e modo de agir ali, mas eu não tive como me controlar, minha vida estava um verdadeiro transtorno e minha irmã começou a ter pesadelos me envolvendo.  O destino estava revelando os caminhos do que aconteceria, só que eu não consegui me dar conta disso antes. Eu corri ao máximo quando estava a 1 quarteirão da minha casa, precisava me apressar, pois era naquele dia a noite, que eu iniciaria o plano que G e eu vínhamos planejando a muito tempo, pegar o segundo pedaço de La Estrella. Eu só não imaginava... Que teria um rival que também estava procurando por isso

Teens 3☀️ Pôr do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora