Dália Linons é uma jogadora de vôlei, na verdade, é uma das melhores, e ela é capaz de levar seu time para a vitória, só para no fim da noite receber a notícia que está sendo traída por seu namorado de dois anos, que na cabeça da moça, pensava que i...
"Como eu já esperava, a tempestade acabou com a energia de grande parte de Nova Iorque, passando por um blackout no dia anterior, a única notícia boa é que nenhum crime substancial foi cometido durante esse intervalo de tempo. Uma noite no meio do escuro, apenas com velas e sua companhia, ou no caso de alguns, um bom livro, não é nada mal, né? A única coisa que nos preocupamos durante a noite, é esperar pela manhã."
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A luz incandescente me faz estreitar os olhos, com a prejudicada visão em sombras e barulhos tempestuosos vindo da janela, tudo parece mais íntimo. Como se aquela fosse uma realidade só nossa e ninguém poderia se atrever a quebrar a redoma que nos protege.
- Que breu. - Menciono ainda deslocada no escuro, desejando pelo contrário.
- Aqui. - Ele diz e me entrega uma taça.
- O que é isso? Mais suco de groselha?
- Vinho. Achei que precisaríamos para essa conversa.
Minha boca continua dormente da pergunta que fiz, mordendo os interiores das minhas bochechas, agora anestesiadas pelo álcool que relaxa boa parte do meu corpo. Encosto minhas costas no sofá, esperando a resposta do que disse.
- Tudo começou na viagem do time para o Brasil, quase três anos atrás, decidiram ir ao Rio de Janeiro, como você bem sabe...
"Tinha sido uma temporada estressante, até demais, Tobey estava sendo mais ridículo que o usual e minha paciência, pelo contrário, era escassa. Por isso, meu instinto foi sair de perto daquele babaca, hoje, percebo que não consegui alcançar o que queria. Cada detalhe daquela noite continua preso na minha mente, como a cena de um filme, o arrependimento mais vivo e real do que qualquer momento, dia e segundo desde então."
Isso parece muito com uma declaração, como se ele estivesse falando que desde aquele dia, eu vivo em sua mente.
"Eu me afastei o suficiente para chegar em uma festa de bairro, a comemoração parecia desnecessária, mas as ruas estavam decoradas e a música tocava alto pelas enormes caixas de som. Vendiam churrasco, tropeiro e todos os tipos de gordura que você poderia pensar, quase me senti tentado a comer, e foi nessa hora que alguém esbarrou em mim correndo."
No meio do escuro, Aaron alcançou minha mão e segurou carinhosamente, me fez sentir como uma jóia preciosa, algo cuidadosamente manuseado e forjado, que ele aprecia como um mar de ouro.
"A única coisa que vi foram os cabelos cacheados correndo freneticamente, contudo, assim que os fogos de artifício estouraram no céu, a mesma figura que corria por sua vida, parou e abraçou as pernas, assustada pelo barulho."
Minha face enrubesce devagar, ficando quente e sensível, vários pontinhos estourando no meu rosto de vergonha por saber que provavelmente, muito provavelmente, a figura era eu.
"Fiquei assustado porque ela poderia acabar sendo atropelada pela multidão de pessoas comemorando, sabe? Como o bom samaritano que sou, me senti responsável em checar naquela mulher, bêbada até a alma e sozinha no lugar."
