"Um velho ditado diz que os olhos são as janelas da alma, parecido com aquele que fala sobre a bolsa ser a essência de uma mulher, sendo assim, conseguimos ver exatamente o que uma pessoa sente pelos seus olhos, mas minha pergunta é, e quando o que vemos não é satisfatório?"
Me sinto nauseada.
Queria poder saber, queria poder obter a resposta das minhas milhares perguntas silenciosas ao olhar em seus olhos. Nada disso acontece, obviamente, já que histórias de romance têm seu devido lugar em livros, e quanto a vida real... não funciona bem assim.
É exaustivo, tudo isso, viver. Tudo que eu faço é errado ou um arrependimento, cansei de me arrepender, às vezes é isso, caso se arrepender seja viver, e eu estou exausta da vida, logo, me torno cansada do arrependimento em si.
- Você está bem?
Você está dizendo a verdade?
Posso confiar em você?
E todos meus erros? Vai perdoar? E se eu pular de cabeça, vou me machucar?
Não quero me machucar.
- Sim. - Respondo e continuo encarando o espelho da elevador enquanto os andares passam, devagar e calmo, tudo que eu não sou.
- Aconteceu algo... com a Rebecca? - Ele pergunta novamente.
- Nada aconteceu, só esclarecemos alguns mal-entendidos. - Respondo.
Estou cansada, cansada, cansada, cansada, cansada, cansada, cansada, será que algum dia não estaria cansada?
Não sou suficiente para nada.
Nem para você.
- Dália. - Ele segura meu braço docilmente, puxando minha atenção para si, porém, não quero ver seu olhos. - O que aconteceu?
Sou madura, sou uma adulta, não posso ter sentimentos infantis, não posso agir assim, será mesmo que vinte e oito anos é mesmo tanto assim?
Me falaram que dezessete anos já era muito tempo, não podia mais agir como uma criança, como adolescente, então, presumo que vinte e oito seja uma pequena eternidade.
Mesmo sabendo disso, concebendo essa ideia, dezessete anos é tão pouco, é tão miseravelmente pouco, vinte e oito anos não é nada. Nada é suficiente, nunca vai ser suficiente, eu nunca vou ser suficiente não importa o quanto tempo eu viva.
Cansei.
- Você acha que vinte e oito anos é muito tempo? - Pergunto com meus pensamentos escapando da cabeça.
- Com certeza não é uma quantidade pequena. - Ele responde, entro em um transe só ouvindo as palavras de fundo. - Mas sério, você está bem, docinho?
Vinte e oito é muito.
E mesmo assim, me sinto tão pequena e inútil como quando tinha dezessete. Incapaz de julgar as ações dos outros ou não me arrepender das minhas, tudo é horrível.
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Falso Contrato de Amor
RomanceDália Linons é uma jogadora de vôlei, na verdade, é uma das melhores, e ela é capaz de levar seu time para a vitória, só para no fim da noite receber a notícia que está sendo traída por seu namorado de dois anos, que na cabeça da moça, pensava que i...