🔥•Prólogo•✨

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O céu estava vermelho, vermelho como sangue, qualquer um que olhasse pra cima já diria que pintaram os céus com o mais puro deste líquido. Mas aqui não era qualquer lugar, na verdade, o céu vermelho já é natural daqui, um lugar onde as almas pecadoras vão para pagar pelos crimes e maldades que cometeram em vida e nunca nem sequer pensaram em se arrepender, um lugar onde a humanidade teme estar, o inferno.

Neste momento, o inferno estava passando por um dos seus dias mais aterrorizantes e cruéis de cada ano, o evento marcado na alma de todos os habitantes, que de tudo fazem para escapar: O Extermínio.

As ruas estavam um verdadeiro massacre e pânico geral, gritos e mais gritos de desespero dos habitantes que corriam na tentativa de salvarem suas peles das inúmeras criaturas mascaradas chamadas de Anjos Exorcistas, armados com todo tipo de arma angelical, feitas exclusivamente para dilacerar a carne de todo demônio pecador desavisado. Eles atacavam por cima, rápido e sem piedade, faziam tudo com um sorriso diabólico no rosto, como se aquela carnificina fosse a coisa mais prazerosa de toda a existência.

Sangue e corpos estavam espalhados pelo chão, uma decoração digna para um filme de terror, todos corriam para suas casas e se trancavam, os anjos pareciam se divertir ao vê-los pensar que poderiam fugir de suas miras.

Dentre essa multidão desesperada e apavorada, uma mulher alta de cabelos brancos presos com fitas negras imitando chifres corria pela calçada, a mesma estava suando frio, corria como se sua vida dependesse disso, e dependia. No entanto, a tal também corria em busca de algo precioso: Suas filhas, que haviam se separado quando foram cercadas por uma equipe de anjos, no qual teve que segura-los por um tempo para conseguirem fugir.

Esta mãe é também conhecida por muitos de todo o inferno como a líder dos Soberanos, um grupo formado pelos demônios mais poderosos e com mais almas acumuladas daquele lugar, seu nome é Carmilla Carmine. Seus passos apressados davam a impressão de agulhas perfurando o chão, o que era de se esperar dado às suas principais armas usadas em seus pés delicados, sapatilhas brancas de balé feitas do mesmo material das armas dos matadores alados, aço angelical.

–Arf...Arf...Preciso encontrá-las antes que seja tarde demais, arf...Arf...–Ela dizia entre sua falta de ar durante a corrida–Por favor, elas precisam estar bem...Por favor...

Dado mais alguns segundos, a mulher de cabelos brancos como a neve começou a escutar o que parecia ser um choro de algum bebê, quase que inaudível devido aos gritos dos demais demônios que corriam por ali, e estranhamente ela parecia estar chegando mais perto de onde vinha, até que finalmente parou ao lado de um beco escuro e sujo, ali os choros estavam mais fortes.

Carmilla se perguntou o motivo de ter parado, já que precisava encontrar suas filhas o mais rápido possível, porém seu instinto de mãe estava apitando e tomando conta de suas ações, a fazendo suspirar pesadamente e entrar no beco à procura do dono ou dona dos prantos.

–Vamos lá...Cadê você?–Ela perguntava enquanto procurava pelo bebê, o choro era ecoado pelas paredes do beco, dando a impressão que estavam vindo de todos os lugares ao mesmo tempo.

Até que finalmente ela achou, perto de uma lata de lixo virada no chão estava um pequeno bebê enrolado em um lenço azulado, abandonado e sem ninguém por perto.

–Ah, achei você.–Suspira aliviada, enxugando o suor de sua testa com as costas da mão.

Carmilla se aproximou com cuidado e se ajoelhou para pegar o pequeno em seus braços, o balançando suavemente para fazê-lo parar de chorar, funcionando perfeitamente. O menor olhava direto para os olhos vermelhos escarlate penetrantes de sua salvadora, e inesperadamente começou a sorrir, parando finalmente seu pranto sem fim.

–Huh? Você...Não está mais com medo?–Ela pergunta enquanto acariciava o menor em sua cabeça –Que sorriso lindo você tem, mas como fez pra chegar até aqui? Seus pais devem estar mortos agora não é?–Ela falava, mesmo ciente que o bebê não podia entende-la.

De alguma forma, o sorriso do jovenzinho havia atraído sua atenção, e no momento em que a Soberana iria acariciar a bochecha do neném, o mesmo segura um de seus dedos firmemente, mostrando um sorriso fofo na direção de Carmilla, foi a vez dela de exibir um sorriso gentil de volta para a criança.
Mesmo com urgências a cumprir, a mulher havia tomado sua decisão.

–Eu não posso te deixar aqui...Não com esses exorcistas a solta.–Murmurou em um tom sério enquanto olhava para os olhos ( C/o) do pequeno, cheio de brilho e sonhos, a fazendo se lembrar de suas filhas.

–Não se preocupe, você está seguro agora. –Ela sorri de orelha a orelha enquanto dava um beijo carinhoso em sua testa, fazendo-lhe rir.

Rapidamente, Carmilla logo saiu do beco carregando o bebê em seus braços, determinada a mantê-lo seguro dos mascarados alados. Não demorou muito para ela poder reencontrar suas filhas, Odette e Clara, por sorte do destino ainda vivas e a salvo, as envolvendo em um abraço coletivo.

Odette foi a primeira a questionar sobre o bebê assim que pôs os olhos nele, curiosa.

–Mãe, de quem é esse bebê? Tá tudo bem com ele?–Ela pergunta.

–Que fofinho que ele é!! Olha que gracinha!–Clara o elogia enquanto apertava as bochechas dele de leve, morrendo de fofura quando o mesmo segurou um de seus dedos.

–Eu o encontrei lá atrás, estava sozinho, então eu não podia apenas deixá-lo largado sem fazer nada.–Ela responde com um sorriso.

–Espera, então quer dizer que...

–Acho que temos um novo membro na família agora pelo visto. –A mãe concluiu –O que acham, queridas?–Indagou a matriarca, buscando apoio.

–Já tem o meu voto mãe!! Tava com saudades de cuidar de um bebê!–Clara sorri de canto.

–Bom, não vejo por quê não, hehe.–Odette sorri enquanto acariciava a cabeça do pequenino.

–Que bom ouvir isso...–Carmilla sorri enquanto as abraçava mais uma vez.

Juntas, a família passou a caminhar unida de volta para casa, tendo total cuidado e lançando olhares para o céu apenas por precaução.

–Então...Que nome vamos dar pra ele?–Odette comenta, observando os lindos olhos de sua mãe.

–Eu já tô com alguns em mente, tipo Emile, Jax, Will, Vane, ou Bernard também! O que você acha mãe?–Sugeriu Clara, animada.

A mulher pensou por alguns minutos antes de responder enquanto olhava para o rosto sorridente do menor em seus braços.

–Acho que...S/n combine melhor.–Deu o veredito final, e o bebê riu com a sugestão.

–Olha, parece que ele gostou! S/n!!–Clara repetiu, e novamente ouviu o bebê começar a rir.

–S/n...Tudo bem, é um bom nome.–Odette assente com um sorriso–Boa escolha mãe.

–Obrigada querida.–A Soberana sorri de volta e olha para o menorzinho, que ainda não sentia medo de estar perto de sua figura demoníaca.

–Parece que temos bastante coisa pela frente não acha? Mas estaremos aqui com você, querido S/n...–Prometeu Carmilla, dando mais um dos seus ternos sorrisos, enquanto Odette e Clara apenas observavam tão sorridentes quanto, fazia tempo que não viam a mãe sorrir daquela maneira sem estar perto delas.

Você foi um achado e tanto para aquela família, e pensar que foi justamente num dia de extermínio para isso acontecer. E de repente, nem parecia que aquele dia estava tão horrível com sua presença, pelo menos para a família Carmine.

Um anjo abandonado no inferno🔥✨ { Hazbin Hotel x Leitor masculino }Onde histórias criam vida. Descubra agora