four

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Abri meus olhos e estava em um lugar estranho, haviam fios e aparelhos ligados em todos os lugares.

Olhei para o lado e Harry estava ali, enrolado em uma coberta enquanto dormia profundamente em uma cadeira.

Você não é um bom menino. Você deveria ter morrido.

- Eu sei. - Sussurrei baixinho e tentei me sentar.

Grunhi com o movimento e todas as partes do meu corpo doíam, como uma faca tivesse sido cravada em mim.

E bem. Uma faca foi cravada em mim.

Me enrolei em alguns fios colocados em meus braços e choraminguei pela dor.

Você merece sofrer.

Elas estavam certas. Eu matei pessoas. Eu matei minhas irmãs e meu padrasto. Tentei matar minha própria mãe. Eu merecia sofrer.

Harry te odeia.

Algumas lágrimas brotaram em meus olhos.

Eu gostava de Harry. O menino de cabelos cacheados me ajudava em todos os sentidos, ele havia as espantado.

Mas ele me odiava, ele nunca mais iria me ajudar.

Me belisquei e soltei um grunhido baixinho pela dor, comecei a chorar baixo enquanto via Harry dormindo ao meu lado.

Se mate, Louis! Você merece isso!

- Louis.

- S-saia.

- Já notou que toda vez que eu te chamo você me manda sair? - Ele estava segurando minha mão.

Eu assenti olhando em seus olhos.

- Eu não vou a lugar nenhum. - O menino limpou as lágrimas que haviam nas minhas bochechas.

Ele sorriu mostrando suas lindas covinhas.

- Seu sorriso é bonito. - Ele aumentou ainda mais e fazia carinhos em minha bochecha.

- Como você se sente?

- Dor.

Você merece ter dor.

Elas riam alto e eu me virei colocando as mãos em meus ouvidos.

Morra.

- Lou, olhe pra mim. - Harry pedia e eu negava desesperadamente.

Você matou todos que te amavam.

Elas estavam certas, elas nunca mentiam. Eu havia matado todos ao meu redor.

Você é um monstro.

- Eu sou um monstro. - Repeti enquanto lágrimas caíam de meus olhos com facilidade.

Harry se sentou na cama e me virou.

- Você não é um monstro, pequeno. Elas são. Não deixe elas colocarem coisas na sua cabeça. - Ele dizia enquanto olhava profundamente em meus olhos.

Você sabe que um dia o matará.

- Você deve ficar longe de mim. - Eu sussurrei para o menino. - Vou acabar lhe machucando.

Ele pegou nas minhas mãos e as entrelaçou.

- Você se machucou para impedir de me machucar. Você é forte, Louis.

As vozes riam alto e minha cabeça doía.

Você não é forte.

- E-eu sou f-forte?

Harry abriu o mais lindo sorriso que eu já havia visto.

- Você é. E eu vou te mostrar o quanto.

Sorri fraco e o menino acariciou as pequenas rugas que se formavam em meus olhos.

- Não se machuque novamente. - Ele fazia carinhos em minha bochecha.

Se você não matá-lo, ele irá te matar.

Eu grunhi. Harry me mataria?

- As ignore.

- N-não tem c-como.

- Pense em algo que você goste. - Seus olhos estavam focados nos meus, seus lindos olhos verdes estavam virados à mim.

- Eu gosto de você.

Pessoas inexistentes começaram a rir cada vez mais alto e eu me concentrei em Harry. Ele estava corado, em suas bochechas havia um lindo tom de vermelho e suas covinhas estavam aparecendo.

Eu passei minhas mãos por suas bochechas e sorri.

Elas pararam de rir.

- Você as espantou. - Eu o abracei, ignorando a dor torturante em meu corpo.

- Você as espantou. - Ele repetiu. - Você, Louis!

Eu sorri ainda mais e Harry deu-me um beijo na testa, deixando seus lábios ali por um momento.

Me deitei novamente, agora com um sorriso em meus lábios e ele continuou sentado olhando para mim, as belas esmeraldas que ele nomeava de olhos brilhavam.

- Eu disse, pequeno. Você é forte.

schizophrenia » larryOnde histórias criam vida. Descubra agora