eleven

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- O que você disse?

- Você escutou, Harry.

Ele é apenas mais uma pessoa que mesmo amando você matará.

- Eu tenho que ficar, Lou. Eu tenho que ficar por que eu também te amo.

Suas mãos estavam pressionadas em minhas bochechas, puxando meu rosto contra o dele, juntando nossas testas.

- Eu não posso, não agora. Você é a pessoa certa, mas chegou na hora errada. Eu te amo com todas as minhas forças e é por isso que você precisa estar longe.

- Me explique!

- Não posso manter meu egoísmo e continuar perto de você sabendo que a qualquer momento posso te machucar. Eu não sou eu mesmo, Harry. Eu sou bipolar, tenho dupla personalidade. Você não entende o quanto estou me esforçando para não sair correndo ou até mesmo machuca-lo agora mesmo.

Seu aperto enfraqueceu, mas seu rosto continuou colado ao meu.

- Eu aceito arriscar.

- Mas eu não. - Virei-me e andei em direção à porta, abrindo-a. - Você deve ir.

- Eu não te deixarei.

- Se você não me deixar, eu deixarei.

Mate-o e acabe com isso.

Apertei minha mão com força, deixando minhas juntas brancas.

- Por favor, vá. - Tentei soar forte e convincente, mas apenas um sussurro saiu de minha boca.

Enfim Harry levantou-se da cama e parou a minha frente, em suas esmeraldas havia lágrimas, seu corpo era visivelmente fraco.

- Eu voltarei para você.

- Nunca duvidei disso.

Ele não voltará.

Senti suas mãos em meu rosto novamente e fechei meus olhos com o toque frio de sua pele, ele percorreu seus compridos dedos por ali, fazendo todo o contorno e parando em meus lábios. Passou seus dedos ali e logo suas mãos foram para minha cintura, puxando meu corpo para o seu.

Abri meus olhos e vi algumas lágrimas em suas bochechas, passei meus pequenos dedos ali, as limpando e logo fiz o mesmo trajeto que ele. Então ele pressionou ainda mais nossos corpos e selou nossos lábios.

Um beijo salgado e doce, com amor e dor. Um beijo de felicidade e despedida. Todas nossas emoções em apenas um encostar de lábios.

Nossos lábios se separaram e meu corpo foi puxado ainda mais forte, enterrei minha cabeça em seu peito para sentir seu perfume uma última vez. Então, um tanto relutante, o falei que estava na hora de ir.

Seus passos foram curtos e demorados até à saída do quarto. Quando vi que estava sozinho me permiti desmoronar.

Você ficará sozinho.

Meus joelhos estavam no chão e não havia um mínimo de força, só existiam lágrimas. Elas corriam com facilidade e rapidez, molhando minha roupa e indo em direção ao chão.

Na verdade, você já está sozinho.

Deitei meu corpo no chão e repeti que isso era o melhor a fazer.

Às vezes, somos realmente obrigados a afastar as pessoas que amamos... E isso não quer dizer que amamos menos, apenas que amamos demais.

Não havia palavras suficientes para expressar meu amor por Harry, era melhor que as pessoas. Sem ele eu me sentia sozinho, existia apenas metade de mim.

Sem ele meu coração estava quebrado.

Eu era apenas a metade de um coração sem Harry.

Você não aguentará, Louis. Isso irá te consumir pouco a pouco, até só restar pó. Até seu corpo estar abaixo da terra.

Senti a porta sendo aberta bruscamente e Niall estava em minha frente, pegando-me no colo e me colocando sobre a cama.

- Isso foi o melhor. - Assenti ainda deitado.

Minha visão estava embaçada, o que havia em meu campo de visão era os cabelos loiros de Niall.

E o que havia em meus pensamentos eram os belos cachos de Harry. A memória de seus pequenos e rebeldes cachos caindo em seu rosto continuava martelando em minha cabeça. Suas mãos passeando por eles para coloca-los para trás.

- Está doendo. - Sussurrei para ninguém em especial, nem mesmo para Niall. Eu só queria gritar, queria me livrar dessas malditas vozes e dessa maldita doença.

Queria ser uma pessoa normal, com problemas normais. Queria brigar por ciúmes, não por fraturar as costelas do meu namorado.

Pedi alguns minutos a Niall e ele assentiu, saindo do quarto e deixando-me com meus pensamentos.

Você não aguenta a solidão. Isso mostra o quão fraco você é.

Abri a pequena gaveta que havia ao lado da minha cama e dali tirei um sweater. O sweater de Harry. Suas palavras ainda martelavam em minha cabeça.

Flashback ON

- Eu não vejo minhas mãos. - Balancei-as na direção do menino de cachos que olhava diretamente em meus olhos, sorrindo bobo.

- Espere.

Suas ágeis mãos dobraram o tecido algumas vezes, o deixando do tamanho certo.

Ele cobria grande parte de minhas coxas, mas eu particularmente não me importava. Ali estava o cheiro do menino tão importante para mim, morangos e flores, uma combinação que nunca fez sentido para mim.

Agora eu podia entrar em overdose com seu cheiro, essa poderia ser minha única droga.

- Você fica ainda menor usando algo maior que você.

- Hey! - Resmunguei.

- Fique com ele quando eu não estiver por perto. Imagine que eu estou aqui, sinta meu cheiro. - Harry sussurrou baixinho em meu ouvido antes de deixar um pequeno beijo em meus lábios e segurar minha mão em direção à saída.

Flashback OFF

O grande casaco estava em meus braços, apoiado ao meu peito, eu respirava com cuidado o cheiro que ainda ali havia. Esperando que ficasse para sempre impregnado em mim.

Essa é a última lembrança que terá desse menino.

O vesti cuidadosamente e tentei arrumar as mangas, as puxando e dobrando, mas sempre caíam e tapavam minha mão novamente.

- Você saberia consertar isso. - Sussurrei. - Você sempre sabia como consertar tudo.

Meu peito estava ficando cada vez mais comprimido, meu corpo doía.

Virei-me para a parede e havia desenhei um 'H' com meus dedos. Uma letra que somente eu veria, uma letra que só existia para mim.

Dê adeus, Louis.

Minha respiração se tornou mais pesada e minha visão foi escurecendo aos poucos, abracei o sweater contra meu corpo.

- Eu me lembrarei de você, eu sentirei seu cheiro. - Então suspirei o cheiro de morango com flores uma última vez antes de a inconsciência vir me visitar.

schizophrenia » larryOnde histórias criam vida. Descubra agora