seventeen

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- Sabe, amor...

Minha cabeça estava apoiada ao peito do meu namorado, ele fazia pequenas carícias em meu cabelo e nós havíamos acabado de acordar.

Os dias estavam passando rapidamente e não faltava muito tempo para eu poder ir embora, já que minha força havia aumentado. Eu já podia lutar contra as vozes.

Mas você não quer ir embora.

Elas estavam certas. Eu não queria ir embora, isso seria sinônimo de deixar Harry. Ir para minha casa, mas deixar meu lar nesse lugar.

- Hum? - Sua voz rouca e manhosa soou em meu ouvido, fazendo um sorriso aparecer em meus lábios.

- Eu sinto saudade da minha mãe.

Você tentou matá-la.

Isso doía em mim todo dia, a culpa machucava meu corpo e meu emocional. Eu poderia me perdoar por tentar matar qualquer lugar, mas ela é minha mãe. A pessoa que me gerou, me criou, cuidou de mim. Eu não podia ter feito isso com ela.

Flashback ON

- Filho! Vamos! - A voz da mulher morena soava alta, chamando-me do andar de baixo.

- Eu não acho minhas meias! - Gritei de volta, tirando todas as meias de minha gaveta, sem ainda achar a da Disney que eu tanto gostava.

Johanna subiu as escadas rapidamente, passando as mãos pelos meus cabelos e pegando a peça de roupas que estava acima de minha cadeira.

- Oh. Eu tenho que arrumar. - Apontei para a bagunça, enquanto minha mãe colocava as meias em meus pequenos pezinhos.

- Nós fazemos isso depois, tudo bem? - Assenti com a cabeça. - Agora vamos, Mark está buzinando.

Você é uma criança bonita.

- Mãe. - Puxei a ponta de seu casaco, enquanto descíamos as escadas.

- O que foi, amor?

- Alguém está falando comigo. - Assustei-me, segurando sua mão com ainda mais força.

Você não gosta dessa mulher.

- Ela está falando que eu não gosto de você.

Senti a mulher pegando-me em seu colo, apertando meu corpo com força.

- Você é mais forte que isso, filho. Nós sabíamos que isso iria acontecer, mas não se preocupe. Eu estarei aqui com você.

- O que está acontecendo? - Abracei meu corpo com força no seu, pondo meu queixo em seu ombro.

Você está louco.

- É uma voz má em sua cabeça, meu amor. Você precisa ignora-la. Você pode fazer isso, filho?

Assenti com a cabeça, olhando nos olhos da bela mulher e beijando sua bochecha.

- Eu não lhe deixarei, eu vou estar aqui para te ajudar.

Ela não estará.

Flashback OFF

- Minha mãe devia ter me internado quando isso aconteceu. - Falei, agora sentado no colo de Harry, com a lateral de meu rosto em seu peito.

- E quando começou?

Seus olhos verdes mostravam verdadeira preocupação e um amor incondicional. Eu queria beija-lo nesse momento, mas somente respirei fundo.

- Eu tinha seis anos. - Minha voz saiu em um sussurro e eu abracei seu corpo com força. - Eu machuquei um amigo e ele deixou-me, dizendo que eu era louco e não queria ficar perto de alguém assim.

schizophrenia » larryOnde histórias criam vida. Descubra agora