— Harreeeh! - Resmunguei quando seu pincel jogou tinta lilás em minha bochecha. — Você não sabe pintar.
— Desculpa...
Ele é inútil.
O menino olhou-me com um biquinho em seus lábios, encolhendo seus ombros e tirando uma gargalhada de minha boca.
— Está tudo bem, amor. Eu te ensino.
Me pus em sua frente, sentindo seu queixo em meus cabelos e sorrindo pela tão grande diferença de altura. Então peguei sua mão e passei a pincelar a parede, algumas vezes abaixando meu corpo para colocar ainda mais tinta no instrumento. Sua mão livre apertava minha cintura enquanto a outra fazia movimentos sincronizados, muito mais certos que os meus.
— Você sabe pintar. - Revirei os olhos, olhando em seus olhos verdes.
Ele mente para você.
Podia perceber uma gargalhada presa em sua garganta, seus dentes presos ao lábio inferior para contê-la.
— Você estava longe... E concentrado... Eu preciso de atenção. - Seus olhos tornaram-se pequenos e brilhantes, como a mais bela constelação do céu em um dia límpido. — Você fica melhor perto de mim.
Puxou meu corpo, deixando nossos peitos juntos e passou seus compridos dedos pela maçã de meu rosto, brincando com o fraco tom de vermelho que ela naturalmente possuía. Sorriu abertamente e, se isso fosse possível, eu o amava ainda mais nesse momento.
— Bobo. - Passei o pincel em seu rosto, deixando a coloração rosa da lateral de sua testa até seu queixo. Gargalhei, tentando desprender-me de seus braços, o que foi uma completa falha quando o maior colocou-me em seus ombros, correndo pelo quarto desse jeito. - Mãe! Me salve! Um pintor maluco!
Ele deixa você com medo.
Johanna encostou seu corpo a porta e sorriu abertamente, mesmo depois de ver a bagunça que havíamos feito. Os jornais estavam espalhados por todos os lados e havia algum pouco de tinta respingada no chão de madeira.
Harry forçou meu corpo para baixo e eu acordei de meus pensamentos.
— Harry! Você nem pense nisso! - Arranhei suas costas quando o vi abaixando-se na direção de um dos baldes de tinta. — Eu vou te matar, Harry!
Você vai.
Então antes de meus cabelos tocarem a tinta eu estava em seu colo, com as pernas entrelaçadas às suas costas, sentindo sua risada abafada na curva de meu pescoço.
— Você é louco. - Deixei uma risada fluir de meus lábios, mordendo seu ombro e recebendo um resmungo baixo em troca.
— Sou louco por você.
Ele te acha louco.
Afastei meu corpo ainda entrelaçado ao seu, passando meus dedos em seu rosto. Comecei pela testa e sorri ao ver a tinta instalada no local, então brinquei com seus cílios compridos e a marca do meio de suas sobrancelhas. Apertando suas bochechas e beijando seu nariz, sendo surpreendido com um beijo apaixonado em minha boca.
Estava extasiado e sempre me sentia assim quando estava perto de Harry, seus movimentos imprevisíveis traziam a cor para minha vida, pois às vezes é realmente bom não saber o que viria pela frente.
Qual seria a graça da vida se soubéssemos todo o nosso futuro? Se soubéssemos as pessoas que encontraríamos ou os problemas que enfrentaríamos. Harry foi um belo desastre e uma bela surpresa, se há um ano atrás me dissessem que eu acharia o amor da minha vida em uma clínica psiquiátrica tudo que iria sair da minha boca seriam risadas, pois não é algo que esperei durante minha vida. Não esperei nem mesmo o amor, sempre achei melhor ser sozinho e talvez um dia ter apego pelas vozes em minha cabeça, era o meu mundo, o mundo do Louis onde ninguém podia se aproximar.
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schizophrenia » larry
FanfictionEsquizofrenia: Doença que se caracteriza pela perda do contato com a realidade. Na tentativa de livrar-se das vozes em sua cabeça Louis faz o necessário, mortes estão incluídas no pacote. Ao tentar atacar sua última pessoa amada é internado em uma c...