fourteen

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- Para mim você viveu muito bem durante este mês.

Soltei meu braço de seu aperto e andei alguns passos para longe, caminhando devagar. Tentando fugir para longe do menino, mesmo querendo me jogar em seus braços como se fosse o ultimo dia de minha vida.

Talvez esse é o último dia de sua vida.

- Você realmente acha que eu estava bem, Louis? Você achou que eu tinha o superado? Achou que eu estava feliz indo em baladas e ficando com outras pessoas?

Você faz Harry sofrer.

Assenti com a cabeça e caminhei em direção à porta. Então uma grande mão cobriu meu braço gelado novamente, um toque quente e forte. Sua força virou meu corpo contra o seu e eu perdi o equilíbrio, caindo diretamente em seus braços.

Você é tão inútil que não pode nem aguentar seu próprio peso.

Seus olhos verdes estavam arregalados, senti sua respiração muito ofegante em meu ouvido, ele puxou meu corpo com cuidado, sentando-me e colocando-se ao meu lado.

Pisquei algumas vezes, ainda me livrando da tontura. Logo senti os compridos dedos de Harry em minhas bochechas, levantando levemente meu rosto.

- Eu passei pela pior época de minha vida desde a morte de meu pai, Lou. Eu estava devastado, não posso ficar longe de você. Não posso deixar elas te tirarem de mim.

Algumas lágrimas formavam-se em seus olhos e eu entendi seu sentimento, eu entendi o que ele queria dizer quando se referia à "elas".

- Você não me disse...

- Claro que não! - Ele soltou meu rosto. - Você já tem os seus problemas, meu dever é abaixa-los e não te deixar com mais um peso.

Meu coração se quebrou ali mesmo. Eu sabia que Harry não era feliz em cem por cento do tempo, ninguém é. Muitas vezes ele aparecia com grandes olheiras em seus olhos verdes e eu ignorava. Agora o motivo estava claro.

- Isso não seria um peso. - Falei em um sussurro quase inaudível, o qual ele não ouviria se meu rosto não estivesse enterrado em seus cachos.

Respirei fundo o seu perfume, meus braços fazendo carícias em sua nuca, puxando seus cachos com cuidado.

- Eu só não queria que você aguentasse mais um fardo. - Ele sussurrou, fazendo um calafrio percorrer o meu corpo.

Harry não é sincero com você.

- Você devia ser sincero comigo.

Minhas pernas estavam entre o seu corpo e eu olhava diretamente para os lindos olhos verdes, dos quais eu senti tanta falta.

- Você me salvou, não há o que dizer. Minha mãe se tornou enfermeira depois da morte dele, alegando que já como não pode o salvar, ajudaria a salvar outras pessoas. Eu acho isso belo e tentei seguir o caminho dela.

Eu estava concentrado em seus lábios se movendo calmamente, as palavras sendo postas para fora com cuidado.

Ele não te ama.

- Eu tentei, mas aconteceu o contrário. Você me salvou, Louis.

Suas mãos faziam pequenas carícias nas rugas abaixo de minha espinha, meu rosto estava colado ao dele, nossas testas juntas.

Vocês irão morrer juntos.

Por um momento, eu acabei não me importando para o que elas falavam. Eu não me importaria de morrer ao lado de Harry, eu só não deixaria ele ir sem mim.

- Eu teria tentado muito mais se soubesse de tudo isso. - Suspirei, descendo minha cabeça até seu peito e colocando meu corpo em sua perna, minhas pernas para o lado. - Foi por isso que você veio trabalhar aqui?

- Eu queria salvar vidas.

Ele queria salvar sua vida, mas só consegue a fazer pior.

- Você conseguiu.

Não minta.

Virei meu olhar para ele e suas sobrancelhas estavam franzidas e juntas. Havia uma pequeno ruga de preocupação ali, mas o brilho em seus olhos estava de volta.

Eu sempre amei as esmeraldas que estavam ali, no lugar de seus olhos. Brilhando como a pedra mais preciosa.

- Você me salvou, você conseguiu salvar uma vida.

Um suspiro saiu de sua boca e um sorriso de seus lábios, as covinhas tão adoráveis estavam ali. Passei meus dedos pela sua bochecha, o fazendo corar. Então coloquei um dedo em sua covinha direita, fazendo pequenos círculos com ele ali, sorrindo em resposta.

- Louis. - Acenei com a cabeça, como uma permissão para continuar. - Obrigada.

Deixei um sorriso aparecer em meus lábios, assim como as lágrimas em meus olhos. Lágrimas de emoção e felicidade, como eu já não sentia a muito tempo.

Ele te odeia.

- Nessa relação quem agradece sou eu. - Falei baixinho, olhando em seus olhos.

- Relação?

- Desculpe. - Corei violentamente, sentindo minhas bochechas queimarem.

Ele te faz mal.

- É melhor oficializarmos. - Juntei minhas sobrancelhas em total confusão. - Você quer namorar comigo?

Não pude esconder a surpresa estampada em meu rosto, minha boca se abriu e sem querer o afastei um pouco.

- Isso é perigoso. - Falei baixo, negando com a cabeça rapidamente.

Você está certo.

- Eu gosto de adrenalina.

Você irá matar esse menino sem ao menos perceber.

Deixei um sorriso chegar e juntei nossas testas novamente, lhe dando um pequeno beijo de esquimó e o vendo sorrir junto comigo.

- Você aceita?

Como resposta selei nossos lábios em um beijo apaixonado, levando meus dedos curtos e magros até seus cachos e sentindo suas mãos em minha cintura, puxando-me ainda mais para perto.

Você o odeia.

Soltei um gemido pela proximidade de minha bunda em seu membro, mas ele decidiu ignorar isso assim como eu, ainda deixando o beijo calmo.

- Isso é um sim? - Sua voz rouca soou contra meus lábios, um sorriso visível nela.

- Isso é bem mais que um sim. Eu posso gritar sim em todas as línguas possíveis para você.

- Adoraria ver você tentar. - Seus lábios finos e grandes estavam com um sorriso convencido.

Você irá matá-lo antes de dizer pelo menos um sim.

- Sim, yes, sí... - Comecei a pensar em outras línguas e ele soltou uma grande gargalhada. - Pare!

Dei alguns tapas fracos em seu peito, o fazendo rir ainda mais alto.

Mas eu não estava incomodado. Na verdade, sua risada era como música para meus ouvidos. Eu podia passar a vida falando bobagens, somente para ouvi-lo rir.

O relacionamento de vocês é feito de bobagens.

schizophrenia » larryOnde histórias criam vida. Descubra agora