Epilogue

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Branco. Somente branco. Não havia camas, nem escrivaninhas ao lado. Não havia cachos e olhos verdes, na verdade, não havia ninguém. Nada. Branco. Um colchão. Sem janelas, nem minúsculas basculantes. Nada cortante. Sem vozes. Eu estava sozinho.

Flashbacks passavam pela minha cabeça enquanto caminhava pelo quarto com iluminação fraca, sentindo minhas pernas bambearem a cada passo dado. Observando coloridos em minha mente, coloridos que não existiam, tudo era feito preto e branco.

Não havia ido ao funeral de Harry, nem ao menos ao enterro, camisas de força foram colocadas em meu corpo, não conseguia me movimentar. Nada fazia sentido, elas haviam me abandonado. Haviam me abandonado, porém ninguém acredita. Não acreditavam, pois matei meu namorado, meu melhor amigo, meu amante, meu amor, minha vida. Matei minha vida e continuo vivendo, matei as luzes e continuo enxergando. Matei-o. Matei-me.

A comida era passada somente por uma fresta na porta, somente um prato de plástico, nada que pudesse me machucar. Como se isso fizesse alguma diferença. O que acabava passando pela minha cabeça toda vez enquanto comia o que me era oferecido, como um cão, usando apenas as mãos e a boca, depois novamente me arrastando para o canto do quarto e observando as cenas como em um filme que não parava de repetir.

Não havia mais sentido, nem lágrimas existiam. Ele estava há palmos do chão. Eu era um morto-vivo.

Sempre fomos como um espelho. Ele estava morto. Eu também.

E tudo se resumia em contar em meus dedos quanto tempo ainda faltava, para poder sair, para poder me libertar.

•••

Quatro anos depois

O azul turquesa pintado na parede era mais claro que meus olhos estavam habituados, o sol que espelhava ao chão e mostrava os ácaros da sala era forte e parecia querer deixar-me cego a qualquer momento. Jonatas me observava como quem soubesse que isso tudo era novo, novo novamente, como uma criança que havia acabado de aprender o significado das cores e dos seres.

"Podemos começar?" O homem falou após uma tosse, chamando minha atenção para seus olhos esverdeados, quase amarelos.

Não lembrava mais a sombra de meus olhos, talvez nem azul mais fossem, nem os de Harry. Não lembrava como era seu verde, existem tantos tons, não lembrava, e odiava cada pedaço de mim por não lembrar do que jurei durante anos não esquecer.

Assenti para o homem já grisalho, observando-o enquanto mexia em algumas pastas e tirava de lá um pequeno bloco de notas.

"Você lembra seu nome?"

Sua voz era grave, porém baixa, parecia tentar convencer, como se a pergunta não fosse realmente uma pergunta e sim uma afirmação.

"Louis". Respondi.

"Por que você está aqui, Louis?"

Remexi-me na cadeira, piscando os olhos repetidamente e sentindo minhas mãos passarem a transpirar.

"Eu matei meu namorado". Respondi-o, apenas um tempo apenas em silêncio, pensando em que forma começar com este assunto.

"Como você se sente em relação a isso?"

"Não foi minha culpa".

Decidi jogar seu jogo, olhar apenas em seus olhos e respondê-lo friamente.

"Alguma voz. Atualmente?"

"Não, eu estou completamente sozinho."

Por um momento senti uma expressão de pena apossar-se de seu rosto, eu entendia, também sentia pena de mim mesmo.

"O que você pretende fazer agora? Digo... Se sair daqui?"

Respirei fundo e pensei em planos que tinha antes de tudo isso.

"Pretendo começar a faculdade. Música. Sempre foi meu sonho."

As perguntas seguiram. Durante um dia inteiro. O sol que antes brilhava aos poucos se abaixava enquanto meus olhos dirigiam-se à janela.

Foi quando as primeiras estrelas passaram a aparecer no céu que ouvi a frase que mudou minha vida.

"Você está livre, Louis William Tomlinson."

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N/A: É ISSO!!!!! ACABOUUUUUU FIMMMMM

mentira tem continuação prontinha pra vocês não vou me prolongar agradeço tudo no final da continuação ok? Amo vocês

Insivible será loguinho postada ❤️❤️❤️

schizophrenia » larryOnde histórias criam vida. Descubra agora