fifteen

636 91 37
                                    

Está tendo um bom sonho, querido? Tentaremos deixá-lo ainda melhor.

Nós vamos te mostrar como você vai matar o seu querido namorado, Louis.

Você está irritado, é um dia ruim e nós estamos em sua cabeça. São tantas vozes na sua mente e ainda mais a do garoto ao perguntar o que você tem.

Você começa a mandá-lo ficar quieto e sair, porém ele não o obedece e diz que prometeu que iria lhe salvar. Mas ele não pode fazer isso.

Ele não pode te salvar.

Aos poucos sua paciência vai se esvaindo e você anda pelo quarto, balançando sua cabeça freneticamente enquanto Harry está sentado na cama.

Ele lhe pede para voltar e sentar-se ali novamente, mas você somente diz que não e senta-se no chão, de costas para ele e olhando para a parede.

Sua cabeça gira e sua visão é turva, você não quer fazer isso, mas sabe que precisa.

Você sabe que matando Harry te deixaremos para sempre. Nós estamos falando isso.

Suas mãos começam a tremer, seu corpo inteiro treme. Você ouve passos cada vez mais próximos de seu corpo e tenta cravar suas mãos no chão molhado.

Harry chega até você e coloca seus dedos em seu curto ombro, fazendo carícias ali. Você tenta o afastar, grita para ele sair e chega cada vez mais perto da parede, mas ele não tira a ideia de salvá-lo da cabeça.

Você caminha até sua cama novamente, sem olhar nos olhos verdes do garoto. Calmamente ele continua o seguindo, tentando lhe mostrar o quanto você é forte.

Sua voz continua baixa enquanto você fala que não é forte, aos poucos vai aumentando e você percebe que já está gritando.

- Eu. Não. Sou. Forte. - Você grita desse jeito, pausadamente.

Então pega a faca que está escondida embaixo de seu colchão e avança na direção de Harry, o colocando na parede e passando a faca ao seu lado.

O menino continua lhe dizendo que você não precisa fazer isso, que você pode ser mais forte. Mas você não o ouve.

E a faca em sua mão é cravada na garganta de seu querido namorado.

Ele começa a agoniar, deixando seu corpo ir até o chão e vomitando sangue com grande frequência, seu corpo está tremendo.

Você começa a chorar e tenta ajudá-lo, pede para ele ficar, mas já é tarde demais.

Harry fala que ama você e enfim cai completamente em direção ao chão, seu rosto fazendo um barulho estridente com o impacto. Você o vira, balançando seu corpo já inconsciente. Passa a fazer respiração boca a boca, enchendo sua própria boca com o sangue de seu amado.

Ele não respira, seu coração não está mais pulsando.

E desse jeito... Você matou a única pessoa que ainda sobrou em sua vida.

Meus olhos se abriram rapidamente, Harry estava dormindo ao meu lado e eu o empurrei, vendo seu corpo ir em direção ao chão.

Ele acordou assustado e arregalou os seus lindos olhos verdes olhando para mim. Eles ainda estavam semiabertos pelo sono que estava alojado nele.

Corri para longe de seu olhar, prendendo meu corpo contra a parede e deixando lágrimas caírem com frequência.

Você está fazendo seu sonho se tornar realidade.

- Amor?

Minha cabeça estava freneticamente balançando, minhas mãos junto com ela. Vultos preto corriam ao meu redor, rindo alto e eu pressentia que poderia ficar surdo a qualquer momento.

Talvez a palavra certa fosse louco. Mas eu já estava louco, eu era louco.

Louco, burro e um monstro.

Comecei a sentir meu corpo tremer cada vez mais, Harry se aproximava de mim e as cores já não faziam sentido algum para mim.

Tudo era preto e branco, mas para falar a verdade, esse contraste de cores não existe.

Cinza.

Era isso que eu via, não havia branco nenhum, branco era a cor da vida. Não havia preto, a morte.

Somente cinza. A cor mais assustadora e perigosa. A cor dos filmes de terror que eu assistia quando era menor. Cinza era a falta de cor, a falta de amor.

Somente o terror estava estampado ali.

Você terá que o matar para se livrar deste pesadelo.

- O que aconteceu? - Harry estava cada vez mais próximo do meu corpo.

Minhas mãos estavam batendo com força, eu socava o chão repetidas vezes e Harry somente me olhava e olhava para os lados, sem saber o que fazer.

Os gritos que saíam de minha garganta eram agonizantes para qualquer um que ouvisse, incluindo a mim mesmo.

Se você tornar seu pesadelo realidade, se livrará de nós.

- Lou? Fala comigo! - Harry estava desesperado, balançando suas mãos freneticamente a minha frente, mas tendo o pleno cuidado de manter uma distância.

Aos poucos ele aproximou-se ainda mais, deixando seu corpo cair com cuidado até o meu lado. Agora sentado, sem ainda me tocar.

- Me explica, por favor.

Aos poucos meus gritos foram cessando e apenas as lágrimas continuavam a cair.

Tão fraco.

Senti os braço compridos do menino em meus ombros, puxando meu corpo por entre suas pernas.

Nesse momento, me senti um bonequinho de porcelana. Frágil e prestes a quebrar, senti todas as rachaduras que existiam em meu corpo. As cicatrizes expostas de uma batalha sem fim.

Eu vivia em uma guerra, minha vida era assim. Uma grande guerra sem um final visível e também sem um pretexto. Eu apenas fugia de mim mesmo, precisava batalhar contra meu próprio ser e meus próprios pensamentos.

Se você continuar com esse menino jamais lhe deixaremos.

Virei meu corpo, encontrando o olhar assustado de Harry. Ainda me sentia tremendo, mas passei minhas pernas pela sua cintura e apoiei minha cabeça em seu ombro.

- D-d-desculpa. - Minha voz estava mais fraca que a de uma pessoa à beira da morte.

- Calma, está tudo bem. - O garoto fazia carícias em minha cintura, enquanto deixava alguns beijos em meu pescoço.

Livre-se dele para se livrar-se de nós.

- E-eu não quero t-te machucar. - Senti seu corpo estremecer quando minhas palavras foram proferidas em seu ouvido.

- Você não irá me machucar e também não irá se machucar. Eu não deixarei.

- Não fale que eu sou forte. - Falei baixo, levantando minha cabeça para encarar seus olhos.

Se ele falar que você é forte, você o matará?

Neguei com a cabeça para as vozes, mesmo sabendo que isso não significava grande coisa.

- Você é forte. Eu não cansarei de dizer isso.

Antes de me deixar responder, o garoto puxou meu corpo para mais perto. Colando meus lábios aos seus.

Me entregando um beijo apaixonado e necessitado, fazendo minha tremedeira ser deixada para trás.

Ele falou que você é forte. Prove que ele está errado.

schizophrenia » larryOnde histórias criam vida. Descubra agora