Uma vândala invade meu trailer

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Sou tirada bruscamente do meu sono quando escuto o barulho da porta de entrada do trailer rangendo, o som era estridente, impossível de não ouvir. Me levanto rapidamente da cama e me forço a despertar completamente, pela pouca claridade que entrava pela janela poderia dizer que não deveria nem ser 6:00 da manhã ainda. Empunho minha espada e caminho na ponta dos pés para fora do quarto, meus sentidos de semideusa me preparando para uma possível batalha.

Caminho pelo pequeno corredor que ligava a sala/cozinha parando atrás da parede quando escuto o barulho da geladeira fechando. Saio do meu esconderijo improvisado e aponto Thalassa para o invasor.

Lucy estava lá parada bebendo suco de laranja direto da caixinha, a filha de Ares olha para mim e para espada apontada para ela com deboche.

-Baixe essa espada logo, Bianchi. Antes que eu pegue ela e enfie no seu...

-Lucy?! -Interrompo antes que ela pudesse terminar a ameaça. -O que você está fazendo aqui? Pensei que você tinha voltado para o acampamento.

A garota tampa a caixinha do suco e guarda de volta na geladeira. Muito higiênico tomar no gargalo e depois guardar para eu tomar também.

-Eu ia voltar, mas falei com Quiron. Ele me explicou seu plano idiota de ficar morando nesse fim de mundo. -A semideusa sorri irônica. -Fiquei preocupada com aquelas crianças, se esses vampiros resolverem atacar, você vai ser a primeira a morrer e os dois semideuses vão ficar sozinhos. Vou garantir que eles cheguem com vida ao acampamento.

-Ah, ok. Então o seu plano é morar aqui comigo? No trailer. -Solto um riso sem humor- Não acho que os vampiros vão tentar me matar, já você...

-Então é melhor começar a dormir com um olho aberto. -Lucy lança um olhar em direção as minhas roupas e diz, logo se virando em direção ao quarto que estava desocupado. – Ninguém é obrigado a te ver nesse pijama ridículo, coloque fogo nesses trapos ou eu vou tirar uma foto sua e mandar para todo o acampamento.

Meu pijama não era ridículo coisa nenhuma, era um marco atemporal fashion. Um pijama com estampa do Peixonauta deveria ser usado por topmodels na Fashion Week.

-Me desculpe se não tive tempo de trocar de roupa antes de correr para a cozinha pensando que alguém tinha invadido o trailer!

Meu período de paz e tranquilidade tinha acabado.

(...)

Já era segunda-feira, domingo passou sem mais nenhum incorrência, além da inesperada invasão da minha colega de trailer. Estava me arrumando para a escola, jogando o pijama no cesto de roupa suja, já que tinha passado o domingo inteiro o vestindo com a intenção de irritar Lucy. As ameaças da semideusa não tinham nexo, já que ela não possuía celular ou câmera digital para tirar as minhas fotos e mandar para o pessoal do acampamento.

Depois de trocar de roupa, vou para a cozinha procurar algo para comer de café da manhã, mas a geladeira e os armários estavam completamente vazios. Precisava arrumar uma grana e fazer compras logo. Enquanto isso não acontecia ia ter que me contentar em comer na escola na hora do almoço.

Escuto o barulho da picape de Lucy estacionando, não tinha visto que ela tinha saído. A semideusa entra em casa segurando um copo do que deveria ser café e um saquinho marrom de padaria.

-Não tinha nada pra comer nessa casa, tive que ir à padaria comprar meu café. -Lucy passa por mim e vai para o seu quarto. -Você é uma inútil, Bianchi. Como você passou a semana inteira aqui e não foi nem capaz de fazer compras?

-Nem todo mundo tem uma mamãe general do exército podre de rica que dá uma mesada de 4 dígitos para a filha, que nem você tem, Lucinda.

Pego minha mochila e saio de casa, colocando o capuz do meu moletom quando sinto uma leve chuva em minha cabeça, teria que deixar minhas roupas molharem pelo menos um pouco, os mortais iriam desconfiar se todos que não tivessem guarda-chuva estivessem molhados, menos eu. Caminho até a escola devagar, estava adiantada, então não precisava correr para chegar lá.

The Sea Daughter and the Immortal Beauty - Rosalie HaleOnde histórias criam vida. Descubra agora