Morri mas passo bem.

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Marina POV

Não sinto nada.

Pela primeira vez na vida me sinto completamente em paz, minha mente está vazia e tranquila. Não sinto a dor dos ferimentos da batalha, nem do momento de minha morte. Aliás, quanto tempo faz que eu morri? Poderiam ser minutos ou anos, eu não saberia responder.

Me encontro em um local muito bonito, estava sentada em uma cadeira de praia, flores e árvores se espalhavam a minha volta, na minha frente havia um lago de águas calmas e cristalinas, pássaros cantavam pelos arredores e uma suave melodia tocava. Algumas pessoas estavam por aí, entretidas com seus próprios afazeres e hobbies.

Chamo por um homem que estava sentado na grama há alguns metros de mim e mexia de forma despreocupada em seu calcanhar.

- Ei, onde estamos? Que lugar é esse? – O questiono e fico surpresa quando vejo seu rosto, eu o conhecia, ele era famoso. – Você é Aquiles?

- Muitas perguntas para alguém que deveria estar descansando em paz. Mas vou respondê-las, garota. Sim, eu sou Aquiles. – O homem sorri. – E sobre onde estamos, pense um pouco, para onde os heróis vão após a morte?

- Para o Hades, mas especificamente pros Campos Elísios. – Ele assente e não fala mais nada voltando a olhar para o lago.

Algumas pessoas que passam por aí vem me dar as boas-vindas e dizer que a eternidade ali era maravilhosa, ao que parece eu tinha sorte de ter chegado aqui, mas por que eu não me sentia assim? Por que eu sentia que não fiz o suficiente?

- É por isso que muitos bravos heróis escolhem o renascer 3 vezes, eles esperam poder fazer muito mais pelo mundo do que já fizeram. – Um homem que aparece ao meu lado me responde, como se tivesse lido minha mente e visto meus últimos questionamentos. – E modéstia a parte, meus filhos costumam ser os mais corajosos heróis, vi isso com seu irmão e agora vejo com você.

- Pai? – Finalmente reconheço o homem que falava comigo, era Poseidon, deus dos mares, um dos três grandes olimpianos, meu pai. – O que o senhor está fazendo aqui no Hades?

- Eu precisava falar com você, Marina. E com a permissão de seu tio, o senhor dos mortos, eu cheguei até aqui. – Ele sorri. – Conseguimos derrotar Urano, cortá-lo em um milhão de pedaço, e mandá-lo para os cantos mais remotos do Tártaro. - Conseguimos isso graças a você, criança. – Ele continua a falar, seus olhos possuíam um olhar paternal e orgulhoso. – Seu sacrifício desestabilizou Urano e como ele ficou enfraquecido, não conseguiu chegar rápido ao Olimpo. Eu e os outros olimpianos chegamos na batalha e junto com os heróis, sátiros e caçadoras, conseguimos derrotar o deus primordial e seu exército. Você não morreu em vão, Marina.

Assinto e sorrio levemente, eu sempre soube que morreria jovem, eram poucos os meio-sangue que conseguiam viver até a velhice, além disso, eu tinha uma grande profecia dizendo que quando tudo acabasse eu estaria morta.

- Pai, eu preciso saber: Tivemos muitas baixas no acampamento? Meus amigos estão bem? – Pergunto, era a única coisa que importava.

- Chegamos na batalha alguns minutos depois de sua morte, acho que nenhum dos heróis que estavam batalhando quando você se sacrificou morreram, os feridos foram tratados por Apolo, mas você sabe, os que já tinham padecido não tiveram como serem salvos. – Poseidon dá um olhar profundo para o palácio de Hades. – Mas tenho certeza de que meu irmão providenciará para que as almas deles descansem nos Campos Elísios.

- Obrigada, senhor Poseidon. – Agradeço, satisfeita com as respostas do deus dos mares, isso era tudo o que importava pra mim, meus amigos ficariam bem afinal de contas. – Agradeço por ter vindo aqui me contar o que aconteceu.

The Sea Daughter and the Immortal Beauty - Rosalie HaleOnde histórias criam vida. Descubra agora