Reconquistar - Narol

1 - Ela merece ser feliz.

Pov Carol
10 anos atrás
Rio de Janeiro - Brasil

-Você precisa aceitar essa bolsa de estudos no Canadá e ir embora, mas sem a Natália. - A voz do irmão mais velho de Natália saiu firme.

-Sua presença aqui só vai piorar mais as coisas! - Bruno disse de uma maneira agressiva, o que me assustou bastante e me fez recolher os ombros e desviar meu olhar.

A chuva estava forte lá fora do restaurante mas o movimento de pessoas era grande.

-Mas... eu não posso. Eu não quero fazer isso. - Uma lágrima teimosa rolou pela minha bochecha direita.

-Não vê tudo o que já causou na nossa família? - O irmão gêmeo de Natália estava exaltado. - A nossa mãe foi parar no hospital quando soube de tudo.

-Vocês são jovens demais ainda, nem sabem o que é o amor. Vai ser melhor para todo mundo, principalmente para a Natália. - Pedro disse sério.

-Mas eu não posso viver sem a Natália. - Foi tudo o que consegui falar, eu estava atordoada. Nunca imaginei que essa noite terminaria assim, com os irmãos da minha namorada pedindo para eu terminar com ela. Terminar com o amor da minha vida.

-Nós também não! - Bruno deu um soco na mesa, o que chamou um pouco a atenção das pessoas presentes ali. - E você vai terminar com ela, porque essa história dela estar namorando uma menina é loucura!

-Por favor, Carol. Nós sabemos o que é melhor para a nossa irmã, e não acho que você irá dar a ela o que precisa. Natália é uma menina sonhadora, ela vai muito na onda. Mas você não, você é mais racional. - Pedro Henrique fala mais calma que o irmão. - A nossa mãe já está muito doente e não aguentaria ver a sua única filha mulher perdida assim.

Por que o nosso amor machucava tanto as pessoas? Por que o fato de eu amar a Natália e ela me amar de volta é o motivo de tanta briga e perseguição?

Eu não aguentava mais. A gente não podia dormir juntas na casa dela, Natália tinha que ir escondida para a minha casa e seus irmãos sempre davam um jeito de ir atrás de mim e me pedir para deixa-lá.

-Pensa no que é melhor para ela, Carol. Para a família dela.

-Você não tem família e sua mãe te abandonou e te deixou sozinha no mundo. Você quer isso para a Natália? Porque nossos pais vão expulsar ela de casa e ai? Vocês não tem uma profissão e não vão conseguir se sustentar. Só pensa nela. - Bruno é direto. Eu sabia que ele era super protetor com a irmã, e talvez até Natália seja a única pessoa no mundo que ele realmente ame. Porque ele é insuportável com todo mundo, menos com ela.

Seus argumentos me atingiram fundo.

Eu sabia como era não ter uma família e como era passar o natal, páscoa, aniversário... sozinha.

Minha mãe engravidou com 15 anos de mim e nunca soube lidar com isso muito bem. Meu pai, nunca cheguei a conhecer. Fui emancipada com 16 anos e desde lá minha mãe me deixou sozinha no mundo para viver os sonhos dela e a única coisa que faz é me dar um dinheiro por mês para eu sobreviver e manda ursinhos de pelúcia dos zoológicos ao redor do mundo por onde ela vai.

Eu não queria isso para Natália. Jamais permitiria ela viver longe da família dela por minha culpa.

E eles pareciam uma família tão feliz antes de eu aparecer.

Antes de eu e Natália se conhecer no curso de inglês e nos apaixonarmos loucamente uma pela outra.

-Espero que use essa cabeça um pouco e faça a coisa certa. - Bruno se levantou da mesa e sem dizer mais nada, foi embora, me deixando apenas com o seu irmão vai velho.