Estacionamos o carro em uma vaga próxima a escola. Eu, Leah e Ian descemos, e fomos caminhando até a secretária. Lá, pegamos nossos horários para os professores assinarem. A recepcionista nós olhou de um jeito torto, e eu lembrei, só agora, que merda, os quileutes são reservados demais para ficarem andando junto com estudantes de intercâmbio.

Continuamos até encontrar um outro aluno.

- Vocês são os alunos novos, não é? Se precisar de um guia, um amigo ou um ombro para chorar, meu nome é Erick.

Leah se retrai.

- Não, obrigada.

Agora meu irmão...

- Dá para colocar no jornal uma matéria com a minha foto? A matéria é a seguinte: Garoto gay procura namorado. Por favorzinho.

Erick o olha chocado.

- Eu já sei a manchete - digo - Fale mal do meu irmão que é a última vez que você respira. Fale mal da Leah e serão suas últimas palavras. Mas um ombro amigo nunca é demais.

Dou um sorriso torto e me despeço de Leah, indo para minha aula. Espanhol.

A professora entra na sala e eu entrego o horário para ela assinar.

- Senhora Stevenson, se apresente para a turma... Em espanhol.

Dou um sorriso maroto e me viro de frente para a turma.

- Hola, soy Rebeccah, me gusta la música de los Backstreet Boys en general, soy muy amigable, pero... Ponle un dedo a mi hermano o a Leah y te lo garantizo, sé cómo esconder un cuerpo.

- Sente-se com a senhora Hale.

- Gente, por sinal, retornando o papo, eu nasci no México, me mudei para o Brasil quando eu tinha dois anos, depois fui morar na Colômbia, voltei para o Brasil e vim para cá, então joder my amigos, meu espanhol é melhor do que o de vocês.

A professora me olha brava e manda eu sentar. Atravesso o corredor até chegar a mesa que Rosalie está sentada.

- Oi, eu sou a Becca, você é a Rosalie, não é?

Me sento e puta que pariu, ela é uma vampira. Como eu amo a hipocrisia (eu também sou uma vampira!).

- Posso te chamar de Rosa? Lie?

Ela me olha brava, e com desdém. Eu sorrio. Foda-se, mas eu vou ser amiga dela.

E então a professora começa a falar. Sobre família. E eu sinto um aperto no peito. Uma tristeza, só não choro porque não posso. Rosalie deve ter percebido, porque pergunta:

- Tá tudo bem?

- Não. Meus pais morreram, eu não posso ter filhos e querem matar meu irmão. Que família!
, posso leva-la para a enfermaria?

A professora assente.

Nos levantamos e Rosalie vai do meu lado.

- Se servir de consolo, eu te entendo. Meu sonho era ser mãe, mas eu não posso. E eu olho, todas essas pessoas que podem e não querem, é tão injusto!

Vamos até o estacionamento, e ela me convida a esperar a próxima aula no carro dela.

- Sabe, eu pude criar meu irmão, mas, sei lá, eu nunca cuidei de um bebê. Eu nunca engravidei e pude gestar. E hoje nem engravidar eu posso.

Ela me olha curiosa.

- Mas você engravidou?

Respiro fundo de modo humano.

- Eu tinha quinze anos, e a dois meses eu trabalhava numa "casa de prazeres", se é que me entende. Meu pai me vendeu. E um cliente me engravidou. Eu escondi enquanto pude, mas a dona era esperta com esse tipo de coisa. Ela descobriu e me obrigou a abortar. Eu lembro de ver o corpo do bebê sair de mim. Depois eu apanhei.

Rosalie me olha, talvez chocada. E ela me abraça.

- Eu ia me casar sabe, não com o Emmett, com outra pessoa. Eu estava feliz, até demais. E um dia ele e seus amigos me estupraram e me bateram até eu quase morrer.

- O que aconteceu com eles?

Ela me olha, sincera.

- Eu os matei. Um por um.

Eu não digo nada, apenas ofereço a mão para um soquinho. Um toque. De compreensão.

- Eu também. E depois coloquei fogo no lugar. Matei a dona, mas deixei as outras garotas fugirem. Encontrei meu pai batendo no meu irmão, e quase matou ele, se eu não tivesse matado ele primeiro. Desde então, sou eu e ele. Minha mãe foi morta pelo meu pai assim que ele descobriu que o garotinho dele era gay.

Ela me abraça, como se pudesse tirar minha dor. O sinal bate e vamos para a próxima aula.

Fofa a amizade delas, não é? Agora, um pouco do passado da nossa personagem no capítulo mais longo até agora.
Por favor, me digam o que estão achando e votem!!!

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