O Poeta Desvelado

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Perdido, vagava o poeta sem lar,
Numa solidão que se esvaía no ar.
Tudo que cobiçavam, em mãos eu tinha,
Mas naquela verdade, nunca me banhava.

Vivia entre tudo, mas vazio por dentro,
Para alguns, meros devaneios ao vento.
Surge alguém, não poeta por título,
Mas de versos livres, fugindo do trivial.

Enquanto lutavam pelo meu trono,
Ele escolhia a simplicidade do abandono.
Homens coroam reis, reis se fazem deuses,
Ele, humilde, preferia ser do povo, entre os seus.

Intrigado fiquei, com sua essência rara,
Diferente de tudo, naquela alma clara.
Aquele poeta, de outros, tão distinto,
Só se importava com meu bem-estar, instinto.

Como sabia de mim, como me encontrou?
Desconhecido há tempos, o reconhecimento se apagou.
Agora, apenas um poeta de versos esquecidos,
Uma poesia ao tempo, silenciosamente perdidos.

Ele então falou, palavras de salvação,
"Larga tudo e segue-me", a sincera invocação.
Foi ali que entendi, naquele instante,
O que é ser humano, num gesto tocante.

Um Poeta Sem PoesiaOnde histórias criam vida. Descubra agora