Você é minha casa, minha
casa por todas estações.- Sia
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Jk, 2011.
"Que cartas?" Aquele pensamento se rebateu na minha mente, minha cabeça estava em um tempestade de pensamento. Eu o via deitado ao meu lado, olhar sereno, respiração calma, em um sono completo.
"Parecia um anjo..."
Jurei não voltar a minha casa após ter sido expulso, onde vivi durante minha infância e juventude. Repleto de memórias boas onde sempre que penso demais chego no dia, aquele dia que cheguei de viagem e explodi me assumindo após irem contra minha escolha de faculdade, e tudo acabando com meu pai me enxotando de casa.
Nem na morte do meu pai eu pisei lá, mas agora eu teria que voltar, minha mãe deveria saber dessas cartas, eu precisava ler...
Bufei com o pensamento inquieto, a verdade é que aquela casa me leva de volta a aquela surra que levei, que deixou um hematoma por dias e uma cicatriz na sombrancelha, um despertar de ansiedade.
Ao longo dos anos, depois da morte daquele homem, minha mãe e eu retornamos contato. Sem muito conversas, pessoas distintas, completos desconhecido.
Ela se recordou do acontecido e pediu desculpas por tudo, não carrego ódio por ela. As horas se tornaram dias, os dias semanas e as semanas em meses desde o último contato. Seria estranho uma ligação repentina?
Me levantei, eu não conseguiria dormir, estava muito barulhento internamente.
Caminhei devagar para não despertar Jimin, peguei meu celular junto com meu fone e sai do quarto. Fui até a cozinha procurando algo, restos frios de uma pizza, leite, nada que me chamasse a atenção.
De longe vi um caixa de pacotinhos de chá, talvez não fosse má ideia me servir uma xícara de chá a está hora.
Com o chá já feito, fui em direção da sala, me sentando no sofá, baixo a uma iluminação amarela fraca. Era um clima quente, mesmo com neve sendo vista caindo através do vidro de uma janela gigantesca. Havia me esquecido de fechar as cortinas quando nos deitamos.
Levantei me aproximando, uma luz quase inexistente me permitía observar o mar ao longe, calmo derretendo com a maré a neve que caia na beira da praia.
Fechei o tecido e beberiquei um pouco do chá, me sentia já mais calmo. Decidi por ir para a minha oficina.
Um cavalete vazio no centro e quadros adornavam a atmósfera do local. Embora não tão grande, o meu estúdio de pintura era o local no qual eu mais passei tempo desde que a casa estava pronta.
Todos os quadros ali descreviam meus anseios, desejos e sentimentos. Talvez para um leigo, seria algo sem sentido, mas cada traço ali era uma parte minha.
Talvez mais de quarenta quadros estivessem armazenados ali, uns em exposição nas paredes, outros dentro do armário para sua conservação. Meus frutos desde que voltei a Coréia.
Em um futuro Comeback, colocaria alguns deles a venda e outros a leilões no exterior. Isso não me interessava tanto, quem cuidava disso era Haydée com uma ordem minha. Ainda não havia comentado com ela sobre minha vontade de retornar aos holofotes, não imaginaria sua reação.
Agora eu tinha um filha, um casa para voltar... E o Jimin, talvez, me esperando.
Eles ficariam bem com minha inúmeras saídas do país a trabalho? Seria difícil sempre levá-los juntos, principalmente pela pequena estar começando a estudar.
Dispensei os pensamentos quando senti um pincel já posto em minha mão, organizei as tintas na paleta. Ainda que, sem um esboço, passei o pincel sutilmente sobre a tela. A arte é uma autoexpressão, e no momento, minha mente está em um completo caos.
O silêncio me molestava, toquei em meu bolso buscando o celular, encaixando meus fones, assim um música fez-se a melodia daquele momento.
Lembrei-me da janela e da neve caindo pelo lado de fora, o mar sendo engolido pela escuridão e o calor da sala com o aroma do chá se diluindo na água fervente. Os riscos se tornaram em um esboço e logo eram figuras coloridas, ou quase isso.
Parei quando senti uma vibração no solo que meu pé tocava, me virei olhando para a porta, seu arrastar era inconfundível.
Tirei meus fones com a aproximação da pequena figura sonolenta em minha frente.
-Oi, meu amor. Porque está acordada? - Coloquei meus utensílios em uma mesinha e ofereci um abraço.
- Eu fui no banheiro, vi que a luz da sala tava ligada e achei que você estaria aqui... - Ela coçou seus olhinhos - Ficou apertado dormir com o titio na cama, pai? Você pode dormir comigo - A peguei no colo.
- Não, bebê. Papai só não conseguia dormir.
- De novo? Você também não dormia antes, só quando a mamãe te trouxe aqueles remedinhos...
Eu ri do seu diminutivo de remédios. Talvez uma filha não estivesse nos meus planos, mas foi a escolha da minha vida a adoção, ou talvez o motivo da minha vida.
- Papai?
- Minha mente está inquieta e barulhento, ai vim pintar.
- Eu sou pequena, mas você pode me contar as coisas viu? É por causa do tio?
- Não são problemas que você deveria se preocupar - Beijei o topo da sua cabeça.
A esse ponto eu já não sabia se tamanha ansiedade era únicamente pelas cartas, era um anseio maior, nem eu estava entendendo.
- Papai, chama o titio pra conversar.
- Ele está dormindo, não vamos o acordar. E você, já pra cama.
- Preguiça - Resmungou manhosa se derretendo nos meus braços.
- Então o trenzinho do papai vai te levar até a estação cama! - Me levantei a ajeitando no colo e indo até seu quarto.
Quando me certifiquei que ela havia pegado no sono, voltei para o estúdio e concluí parcialmente a base da pintura, não no sentido de terminar, apenas limpei a paleta e deixei a pintura como estava para outro momento.
Fechei a oficina e levei a xícara para a cozinha. Olhei um pouco o celular, ocasionalmente olhei o horário, me deparando com às quatro da manhã.
Decidi ir me deitar novamente. Fui apagando as luzes por onde passava até chegar na porta do meu quarto.
Suspirei encostando na maçaneta, empurrei a porta devagar e entrei silencioso. Me cobri e fitei o teto em completo breu, sem pensar, apenas o som das nossas respirações.
Fiquei ali, não sei por quanto tempo, apenas saindo do transe quando sentir uma movimentação.
- Acordado? - Ele me chamou
Concordei em um resmungo. Sabia que ele estava me olhando, mesmo no escuro, então me virei ficando de frente a ele.
- Você demorou, está tudo bem?
- Estava acordado?
- Faz uma meia hora por aí, pensei em ir te procurar, mas imaginei que talvez seria meio intrometido da minha parte.
- Não pense muito - Busquei seu rosto em meio a escuridão e acariciei sua bochecha. Eu estava sorrindo em saber que ele estava pensando em mim, assim como eu estava pensando nele, mas ele nunca saberia disso.
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Inverno de Jeon • [ Jikook ] ❄️
Storie d'amoreA vida do pintor JK é muito mais que aquelas telas leiloadas e seu supostos talentos artísticos. Jeon decidiu trazer sua adolescência para o mundo em cada letra de um novo livro, para assim, nunca se esquecer do cara que o ensinou o que era amar nos...