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emy

Alguns meses depois..

Eu não sei se é só eu que sinto isso ou se outras mães quando estavam grávidas também sentiram, como se soubessem que hoje seria o dia em que o seu filho vai nascer.

Acordei com essa sensação estranha e decidi começar a arrumar a bolsa de roupas para o meu bebê. Algo me dizia que seria hoje.

Comentei com o Filipe sobre isso e ele começou a ficar mais nervoso que eu, até parece que é ele quem vai parir.

No começo da tarde comecei sentir umas contrações, não era nada insuportável, conseguia lidar com aquilo, mas fiquei em estado de alerta.

18:00.

As dores se intensificaram, minhas costas e na parte de baixo da barriga doíam muito. Estava com uma blusa entre os dentes, mordendo a mesma para tentar aliviar um pouco a dor que sentia enquanto entrava no quarto para pegar a bolsa com as coisas do bebê.

- FILIPE!.- gritei o seu nome enquanto sentia uma água descer pelas minhas coxas, minha bolsa estourou.- A BOLSA ESTOUROU!

Filipe - Relaxa linda, eu comprei outra.- Ele diz entrando no quarto com uma bolsa nova nas mãos.- E essa aqui é maior.- Seus olhos quase saltam do rosto quando vê a água nos meus pés.- Cê mijou?

Meu Deus do céu!

- Filipe Cavaleiro, a minha bolsa estourou, não é a bolsa do bebê, é a bolsa que o bebê fica dentro!

Filipe - Cê tá fodendo com a minha mente sem explicar direito.

- A sua cria tá nascendo Filipe! Pega a porra da chave, junto com a bolsa e vamos pro hospital.- Coloquei as mãos na parte de trás da minha cintura e fui descendo as escadas.- Puta que pariu, que dor é essa?!

Filipe - Peguei tudo.- Sinto as mãos dele em volta das minhas pernas e logo sou levantada.- Relaxa, não vou te derrubar, só cuidado pra não mijar de novo.- Reviro os olhos enquanto escuto ele rir.

Ele me coloca sentada no banco do carro, deu uma volta no veículo e faz o mesmo, dando partida em seguida.

Filipe - Caralho, hoje mermo eu vou tá com a minha cria nos braços.- Sua mão faz carinho na minha coxa. Como não sou burra, pego a mesma e aperto com força para me sentir melhor.- Puta merda, que força é essa? Tá maluco.

- Você vai ficar lá comigo!

Filipe - Relaxa, não vou sair do teu lado.

Já estava implorando para chegar no hospital, a dor era insuportável, parecia estar me rasgando por dentro.

Suspiro alivida quando vejo o Filipe estacionar o carro. Ele desce, abre a minha porta e me pega nos braços novamente.

A movimentação era pouca no hospital, talvez por ser um particular. Isso me deixava mais confortável.

Um homem com uma roupa azul corre até nós com uma cadeira de rodas.

Doutor - coloque ela aqui, por favor!.- Filipe faz oque o rapaz manda e sou empurrada pelo mesmo por um corredor.- Pela sua expressão, você já está sentindo as contrações, não é?!

- Sim..

Doutor - Preciso que me diga o seu nome.- Entramos em uma sala e sou colocada em cima de uma maca, que por sinal estava muito gelada.

- Emilly.

Doutor - Muito prazer Emilly, eu sou o doutor Augusto, vou conduzir o seu parto.- Vejo ele higienizar as suas mãos e colocar luvas.- Emilly, respira fundo, vou ser paciente com você, fique tranquila. Logo estará com o seu bebê nos braços.

- O meu marido... Pode ficar aqui comigo?.- A dor junto com o nervosismo estava me deixando mal.

Doutor - claro que pode, ele deve estar fazendo o seu cadastro.- Ele termina de arrumar tudo e para na frente da minha maca.- Emilly, preciso que tire a sua roupa e abra um pouquinho as pernas, é para saber se já tem quatro dedos de dilatação para a criança nascer.

Tiro minhas roupas e vejo umas enfermeiras entrando na sala.

A maca que antes eu estava deitada, é trocada por uma maior e logo depois faço oque ele me pediu.

Doutor - Com licença.- Sinto quatro de seus dedos entrando dentro da minha intimidade com cautela.- Enfermeiras.- Elas o olhavam atentamente.- Comecem os preparativos, o bebê está quase nascendo. Rápido!

- Por favor.. Chamem o meu marido...

Mordo meu lábio inferior, meu olhos lacrimejando pela dor infernal que eu sentia. Misericórdia, não quero mais ter filhos.

A cada segundo parecia ficar pior, minha cabeça doía junto e aquele lugar me fez lembrar de quando fui sequestrada.

Um misto de sensações e pensamentos ruins são lembrados pela minha mente, até que vejo um homem tatuado com uma corrente dourada e o peito arfando, entrar no quarto.

Filipe - calma.- ele encosta sua cabeça na minha e susurra no meu ouvido.- eu tô aqui, respira fundo.. Eu sei que consegue.

Doutor - Vamos começar Emilly.- Meu coração acelera ainda mais. Vejo o Filipe colocar uma touca na cabeça e uma roupa azul.- Preciso que respire fundo junto comigo e faça força, tá bom? Faça muita força, se for preciso, até grite.

Concordei com a cabeça e seguro com força a mão do Filipe.

Enfermeira - Vamos lá mamãe, faça força.

Se eu achava que antes estava ruim, eu era uma inocente. A cada segundo que eu fazia força, minha intimidade parecia rasgar, não conseguia mais fazer força, meu coração estava acelerado e a respiração descompensada.

Doutor - Isso Emilly, está indo muito bem, falta só mais um pouco.

O braço do Filipe é exposto na minha frente, primeiro fico sem entender, mas logo ele susurra um: "pode apertar ou morder, eu aguento".

Respirei fundo, mordi o braço dele e fiz mais força.

Não estava aguentando mais, lágrimas caíam dos meus olhos por tanta força que eu estava fazendo.

Apertei as dobras da maca e soltei um grito alto quando senti os ombros da criança saindo de mim e logo o quarto é preenchido pelo som do choro agudo do bebê.

Doutor - Parabéns mamãe e papai.

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Minha luz. | Filipe Ret. Onde histórias criam vida. Descubra agora