Minha luz. | Filipe Ret.

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Minhas mãos tremem, sinto que está chegando a hora de sair daqui.

Escuto vozes e risadas vindo da sala, eu estou aqui trancada no quarto só esperando a hora certa e as tão sonhadas palmas.

Sento na cama apreensiva, coloco minhas mãos no meio das cobertas que estavam nas minhas costas, para tentar aquecer elas, a noite estava fria e tinha vento lá fora. Graças a Deus que essa roupa que o diogo me deu era um pouco quentinha e  mesmo com esse frio, minha testa estava começando a suar, mas acho que era pela adrenalina.

Não consigo ficar quieta, toda hora fico de pé e começo a andar de um lado para o outro. As coisas já estão preparadas e o meu radinho está na minha cintura, quero muito sair daqui, desse quarto horrível e de perto desse monstro em forma de gente.

As vozes pararam por um segundo e logo depois comecei a escutar passos.

- estão indo embora?..- pensei alto.

Quando fui colocar a orelha na porta pra ouvir melhor.. as palmas ecoam pela sala.

"o diogo deu o sinal, é agora."

Volto para a cama e pego a faca de baixo do colchão, levantar aquela porcaria com as mãos amarradas era muito difícil, quando ia finalmente conseguir levantar o colchão, escuto a chave entrando em contato com a fechadura da minha porta.

Imediatamente eu me joguei na cama e puxei a coberta para cima do meu corpo com os dentes.

Matheus - já estava indo dormir?.- ele pergunta vindo em minha direção.- só vim dar boa noite e pedir desculpas por mais cedo.

- tudo bem, eu entendo. Boa noite Matheus.

Matheus - boa noite querida, dorme bem.- ele beija a minha testa e sai do quarto.

Ouvi a porta sendo trancada de novo e voltei a tentar levantar a porcaria do colchão.

- porra... certeza que já passou dez minutos.- fiz mais força e consegui levantar.- isso.

Apoiei o colchão na minha cabeça antes que ele caísse, virei o corpo com rapidez e sentei na cama.

Alcancei a faca e comecei a cortar a corda com dificuldade, demorou um pouco, mas logo fiquei livre dela.

- maravilha..

Peguei a faca e o grampo e fui em direção a porta, não demorei para abrir porque sabia a forma certa de fazer funcionar.

Saí do quarto e fechei a porta, fui andando bem devagar e desci as escadas, estava todas as luz desligadas, o que me salvou foi a vela que fica na sala a noite toda.

Assim que destranquei a porta da frente, quando coloquei o pé para fora, o meu radinho faz um barulho, meu corpo congelou e fui obrigada a pressionar o objeto contra a minha barriga.

- porra..

Diogo - emilly, tá aí? você tem só mais cinco minutos pra sair.- ele falava pelo radinho.

- estou sain-

Na hora que eu estava respondendo e saindo pelo lado da casa, a luz do quarto do Matheus foi ligada.

- Diogo! DIOGO? TÁ ME ESCUTANDO?.- comecei a correr na direção em que ele me pediu.

Diogo - graças a Deus, oque aconteceu?

- EU ACHO QUE ELE JÁ SABE QUE EU FUJI.- falei alto ainda correndo.- ME AJUDA.

Diogo - puta que pariu! Corre emilly, continua correndo, estou na rodovia com o meu carro, só continua reto.

- tá!

Coloquei o radinho na cintura novamente e corri mais do que eu conseguia, a floresta estava totalmente escura, só a luz da lua iluminava brevemente e meus passos eram ouvidos um pouco alto por causa das folhas secas em que eu pisava.

Mal conseguia respirar, sempre virava meu rosto pra trás para ver se tinha alguém me seguindo. Os barulhos dos pássaros me assustavam, minha boca está seca e meu coração muito acelerado.

Diogo - emilly! emilly! me responde!

Desacelerei minhas pernas um pouco e peguei o radinho.

- oi, estou aqui.- respondi colocando uma mão no peito, tentando respirar melhor.

Diogo - não consegui esperar você alí no mesmo lugar, o carro dos novos homens do Matheus estavam vindo na minha direção.- suspira.- estou aqui na rua em que eu entrava para a casa, eles já chegaram lá.

- PUTA QUE PARIU, VOLTA PRA LÁ, VOU CONTINUAR CORRENDO.

Diogo - seja rápida, eles são bem rápidos também.

Voltei a correr, sentia meu peito queimar pela falta de ar, mas não posso parar por nem um mísero segundo!