Capítulo 24

116 6 0
                                    

"é hora de quebras as correntes e correr com os gigantes."

Bianca Vitteri

Baunilha ou chocolate?

Baunilha!

Pingo poucas gotas da essência na massa do bolo, que logo estava sendo despejado na forma redonda.

Há dias meu refúgio dos meus próprios pensamentos tem sido essa cozinha. Cozinhei de tudo e mais um pouco, e acredito que os empregados tenham engordado alguns quilinhos a mais.

Eu estava me sentindo sozinha, por incrível que pareça. Nas poucas semanas que passei nessa casa, sempre havia a movimentação da família, mesmo que seja para discutir sobre algo banal. Como as mulheres imaginárias que Santiago diz namorar, ou os carros que Lisa pega do irmão e esquece de trazer de volta. Até das piadas machistas de Juan Pablo iluminavam a áurea dessa casa.

Desde o sequestro, o silêncio da voz as pequenas coisas. Como as vozes da minha cabeça.

Tentei falar com Jonathan mas, o celular da fora de área. Pelo menos eu sei que ele está vivo.

Suspiro ao ver o bolo já dentro do forno.

Engraçado como a nossa própria companhia pode ser reconfortante e dolorosa ao mesmo tempo.

No primeiro dia que Elisa veio, conversamos um pouco sobre algumas mudanças que eu poderia sugerir ao meu marido. Como a inclusão das mulheres em certas decisões da Elite.

A presença da juíza Luna é importante mas eu sinto que a presença dela é muito vaga nesse quesito. Acredito que em certos assuntos, os homens preferem restringi-la.

Toda aquela palhaçada de levarmos para o emocional, é a coisa mais estúpida que poderia escutar. Mesmo em uma máfia, precisamos de um lado humano.

Nem todos são ruins, alguns só tiveram o desprivilegio de nascer aqui.

Passo a mão na minha saia despertando esses pensamentos por um momento, antes de me virar e quase cair para trás ao ver Jonathan a minha frente como um morto vivo.

—Dios homem, quer me matar?- sussurro com a mão no peito o analisando um pouco.

Ele parecia exausto mas ao olhar nos meus olhos sua postura mudou completamente.

—Estou tão acabado assim?- apontou para si com um sorriso pequeno no rosto antes de ir até a geladeira pegando uma garrafa d'água.- Gostou da cozinha? Está famosa na boca dos funcionários.

—Não e sim.- sorri de lado me aproximando.- Você está bem?

—Estou, e você?

—Bem.- dei de ombros me sentando em um dos bancos altos.

Ele se aproximou, colocando uma mão em meu rosto analisando bem, como se dessa forma conseguisse entender oque se passa na minha cabeça.

—Algo para me contar?

Pisquei os olhos desconcertada pela maneira como ele está me olhando.
Dios, me sinto uma criminosa.

—N-não.- me condeno por gaguejar.

Agora ele vai achar que eu estou mentindo.

—Tem certeza?

Limpo a garganta quando ele se afasta bebendo mais um gole de água ainda com os olhos em mim.

—Tem uma coisa, mas nada muito importante. Você está com a cabeça em outro lugar, e eu não quero atrapalhar seu momento de descanso.

—Eu não descanso muchacha. Oque quer me dizer?

O Rei do crimeOnde histórias criam vida. Descubra agora