DIAS DE UM PASSADO ESQUECIDO

MEMÓRIAS ESQUECIDAS

Yelena Belova, sentada em frente à sua penteadeira, dedicava preciosos momentos para se preparar antes de enfrentar mais um dia de trabalho. Seus longos cabelos loiros eram tratados com cuidado, cada fio penteado meticulosamente enquanto ela refletia sobre a sua identidade e os desafios que a acompanhavam. A luz suave do amanhecer filtrava pelas cortinas, destaca sua expressão séria.

- Eu sou, Yelena Belova, murmura para si mesma, como se buscasse reafirmar sua existência naquele exato momento.

O eco de suas palavras preenche o espaço vazio ao seu redor, uma confissão silenciosa e solitária. Cada sílaba carrega consigo o peso de uma jornada tumultuada, uma busca constante por redenção.

- Por mais que eu tente me redimir dos meus atos passados, vivendo uma nova vida longe da Rússia e de quem eu já fui um dia, eu sinto que tenho vivido o inverno mais longo e congelante de toda a minha vida, ela continua, seus olhos se perdendo em seu próprio reflexo no espelho.

O semblante sério de Yelena revelava as cicatrizes emocionais de um passado que teimava em assombrá-la. E então, como se compartilhasse seus pensamentos mais profundos com o seu próprio silêncio, ela acrescenta:

- E o homem que talvez eu tenha conhecido, se é que um dia ele existiu, se lembre de mim tão pouco quanto consigo me recordar dele. As palavras pairavam no ar, como uma confissão sussurrada para o universo, um fragmento da alma de Yelena deixado à deriva.

Ao interromper o pentear dos cabelos, Yelena deixa a escova repousar sobre a penteadeira, seus olhos fixados no reflexo que o espelho lhe proporciona. Seu diálogo interno ecoa em pensamentos profundos, trazendo à tona questões que ecoam no silêncio de seu quarto.

- Será que, em algum momento, eu fui o seu único verão? questiona-se, buscando respostas no labirinto de suas memórias. Aquela que aliviava sua dor no tormento em que vivíamos na Sala Vermelha.

As lembranças da Sala Vermelha emergem, como um tormento.

- O meu último pesadelo foi terrível, Yelena confessa para si mesma, e a expressão em seu rosto revela as cicatrizes deixadas. Os meus sonhos têm se tornado ainda mais constantes. Tenho procurado não falar muito sobre isso para não deixar o Matt triste, pois eu sei que ele finge que está tudo bem, mas no fundo, eu sei que não está.

A penteadeira, adornada com pequenos objetos pessoais e lembranças, testemunha a dualidade da mulher de vinte e seis anos que vive um dilema interno desde que se libertou das garras da impiedosa Sala Vermelha. Os seus sonhos são reais ou apenas meras ilusões inseridas em sua memória para lhe causar dor e sofrimento?

Yelena Belova, está de pé diante da penteadeira, contemplando o seu reflexo no espelho, enquanto os pensamentos tumultuam a sua mente. Ela havia escapado da Sala Vermelha, mas as sombras do seu passado continuavam a assombrá-la, infiltrando-se em seus sonhos e minando sua sanidade. Cada noite era um mergulho no desconhecido, uma jornada através de paisagens distorcidas e memórias fragmentadas, onde a linha entre realidade e fantasia se desvanecia.

- Eu não quero ter que incomodar a Natasha com cada sonho que eu tenho, murmura para si mesma, sua voz carregada de frustração e exaustão. Todos esses sonhos são tão confusos e desconexos.

Yelena, compartilha suas angústias com uma sinceridade dolorosa. Ela reconhece o papel protetor de sua irmã, Natasha Romanoff, em sua vida, uma presença constante que oferece conforto e apoio. No entanto, mesmo diante desse suporte inabalável, Yelena enfrenta uma barreira emocional que a impede de revelar plenamente seus tormentos.

- Minha irmã tem se mostrado superprotetora, começa Yelena, sua voz carregada de nuances. Sua expressão reflete uma mistura complexa de gratidão e desconforto em relação à proteção de Natasha. E eu sei que ela se culpa por ter me abandonado na Sala Vermelha, por ter partido em busca de sua própria liberdade.