EU ESTIVE FORA NESSA ESTRADA ABERTA

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INTERIOR DA RÚSSIA- CIDADE DE PERM

Yelena caminha cuidadosamente pela calçada, os pés afundando levemente na neve fresca que cobre o chão. Cada passo exige atenção, e ela toma bastante cuidado para não escorregar, especialmente com o peso das malas que carrega em ambas as mãos. O frio intenso faz seu corpo estremecer, e o vento cortante atinge seu rosto, mas ela se mantém firme. Os passos são mais lentos do que ela gostaria. A viagem até aqui foi extremamente cansativa. Sair dos Estados Unidos e chegar à Rússia demandou um extenso voo de dezenove horas, uma jornada que pareceu interminável, com o tempo se arrastando a cada minuto.

Contudo, mesmo após o longo trajeto aéreo, ainda restava uma última etapa a ser vencida. De Moscou até Perm, no coração do interior da Rússia, a viagem continuava em um trem. O percurso atravessa extensas paisagens, florestas cobertas de neve, e inúmeras cidades ao longo de um dia inteiro. O trem balança suavemente enquanto corta a vastidão branca, o que deveria ser reconfortante, mas Yelena mal consegue relaxar. Seu corpo está exausto, mas sua mente permanece inquieta, ocupada com pensamentos que não a deixam descansar.

Ao desembarcar finalmente em Perm, Yelena é imediatamente envolvida pelo rigoroso inverno russo. O frio é quase sufocante, mais intenso do que ela havia antecipado. Ela puxa o casaco mais para perto do corpo, tentando conter o frio que parece atravessar todas as camadas de roupas que usa. O vento uiva entre os prédios, e as ruas estão praticamente desertas. O céu cinza e sombrio se estende sobre a cidade, como se estivesse carregando o peso do passado que Yelena tinha tentando deixar para trás. O cenário é desafiador, mas ao mesmo tempo, há uma beleza única no inverno russo, algo que ela não pode deixar de admirar.

As poucas pessoas que Yelena vê nas ruas estão cobertas dos pés à cabeça, apressadas para se abrigar do frio. Ela observa essas figuras solitárias e pensa em como a solidão parece dominar esse lugar. O silêncio é quase total, quebrado apenas pelo som suave de seus passos sobre a neve e o vento que açoita as fachadas dos prédios. A cidade parece quase irreconhecível para ela. Embora tenha passado por esses lugares antes, agora, sob o peso do inverno, tudo parece novo, distante e desolador.

Yelena continua seu caminho, tentando não perder o foco. As malas em suas mãos parecem pesar mais a cada segundo, mas ela não pode se permitir parar. O cansaço da longa viagem é palpável, mas o desejo de chegar a seu destino é ainda mais forte. Ela olha ao redor, respirando fundo o ar gélido que enche seus pulmões, e sente que cada passo que dá a leva mais fundo em seu passado, em memórias que ela tentou esquecer, mas que agora parecem mais próximas do que nunca.

Enquanto avança pelas ruas vazias, Yelena reflete sobre sua jornada até ali. Ela sabe que essa viagem não é apenas uma questão de distância geográfica; é uma travessia emocional. Retornar à Rússia, especialmente a Perm, traz à tona sentimentos que ela não pode ignorar. Este é o lugar onde tudo começou, seu treinamento, sua vida antes de tentar buscar algo diferente. Mas também é o lugar onde as memórias de James Buchanan Barnes, o Soldado Invernal, surgem mais vivas. A cada passo que dá, essas lembranças parecem se intensificar.

As paisagens cobertas de branco e o frio intenso são um reflexo perfeito do que Yelena sente por dentro. A cidade de Perm, com sua frieza implacável, parece personificar a própria jornada emocional dela. O inverno russo é implacável, assim como as memórias que a assombram. Ela observa o horizonte coberto de neve, onde as árvores parecem congeladas no tempo, e pensa em como sua própria vida parece estar congelada, presa em um passado do qual ela não consegue se desvencilhar completamente.

Apesar de tudo, há uma beleza na paisagem que Yelena não pode ignorar. As árvores cobertas de neve, o brilho suave do gelo que reflete a pouca luz do dia, o silêncio absoluto que parece envolver tudo é uma cena que, por mais desoladora, também é de uma beleza indescritível. E, por um momento, Yelena se permite admirar essa beleza.

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