ABRACE-ME ATÉ QUE A MANHÃ CHEGUE

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RÚSSIA / CIDADE DE PERM - DOIS MESES DEPOIS

Sob o sussurrar da chuva fina que caí sobre o telhado, Yelena mergulha em seu próprio mundo de sonhos, onde o palpitar de seu coração ecoa ao ritmo das lembranças de James Buchanan Barnes, o grande amor de sua vida. A imagem dele a envolve em um ritmo silencioso em seu subconsciente, e ela pode sentir o toque suave de sua pele, como se ele estivesse ali, ao alcance de seus braços. A chuva contribui para a serenidade de seu sono.

No entanto, esse doce sonho é abruptamente interrompido por um grito agudo e penetrante. Seu coração dispara, e Yelena desperta repentinamente, assustada. Sem hesitar, ela se levanta de sua cama em um gesto rápido e decidido, avançando na direção do quarto ao lado. Sem sequer bater na porta, ela a abre.

Lá está James, sentado na cama, respirando pesadamente, como se estivesse atordoado. Seus olhos revelam uma mistura de confusão e desconforto, como se ele tivesse visto algo terrível em seu pesadelo. Yelena, com os olhos preocupados, tenta entender o que causou o grito angustiante que ecoou por toda a casa.

- Bucky, está tudo bem? Yelena pergunta, sua voz carregada de preocupação. - Eu ouvi o som de um grito vindo daqui. O que aconteceu? Ela permanece parada na entrada da porta, pronta para oferecer conforto e compreensão enquanto James parece tentar articular as imagens perturbadoras que ainda ecoam em sua mente.

James fixa seus olhos azuis nos de Yelena, e por um breve momento, ela percebe uma sombra de algo escondido, como se houvesse mais por trás daquele pesadelo. O olhar dele muda, tingido com um toque de vergonha revelando uma certa fragilidade até então oculta.

- Eu estou bem, Yelena, ele responde, tentando tranquilizá-la. Foi apenas um pesadelo. Já passou, eu vou ficar bem. A voz de James carrega uma mistura de firmeza e vulnerabilidade, deixando uma lacuna entre eles.

O tempo em Perm está sendo marcado pelo silêncio entre Yelena e James. Mais de oito meses se passaram desde que ela pediu a ele que partisse, e durante esse período, eles evitaram qualquer tipo de comunicação. Essa situação pesa em seus corações, mas a distância naquele momento pareceu ser a única solução encontrada.

Agora, na escuridão da noite, sob o silêncio tenso da cidade, eles finalmente retomam uma conversa pela primeira vez. Yelena, com um nó na garganta, se sente inesperadamente envergonhada por parecer uma intrusa, uma estranha em sua própria vida. Entre eles, há tantas perguntas não ditas, tantas palavras não ditas, e agora tudo o que ela pode sentir são um turbilhão de emoções conflitantes.

James observa Yelena com um olhar que reflete tristeza e incerteza, questionando se as coisas podem voltar a ser como antes, se eles conseguiriam superar o passado e recomeçar. No entanto, é Yelena quem parece perturbada naquele momento.

- Tem certeza de que está tudo bem? ela pergunta, sua voz soa trêmula. Falta um pouco para o amanhecer, acho melhor você se deitar e tentar dormir novamente. James a observa atentamente, como se buscasse decifrar as entrelinhas de suas palavras.

Yelena luta para manter a compostura, mas a insegurança transparece em seus olhos verdes. Ela ainda não está pronta para revelar o desespero em sua alma, querendo saber se há um lugar para ela na vida dele ou se a distância apagou suas memórias compartilhadas.

O quarto permanece envolto em um silêncio quebrado apenas pelo tique-taque insistente do relógio em cima da cômoda, marcando exatamente 4 da manhã. O amanhecer se aproxima, e Yelena se perde em seus pensamentos, observando o ponteiro dos minutos avançar lentamente. Seu olhar se desvia para James, que está mais inquieto do que de costume, andando de um lado para o outro.

De repente, um sentimento de medo invade o coração de Yelena, o receio de que James possa decidir colocar em prática seu pedido anterior, de partir, interpretando que ela não o quer por perto aprofunda ainda mais o temor de que ele declare sua partida de forma irrevogável, ronda os pensamentos de Yelena como uma nuvem negra sobre o horizonte.

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