A neve caí suavemente, cobrindo tudo ao redor em uma manta branca e silenciosa. Yelena caminha livremente por um campo vasto e desolado, onde o frio cortante parecia refletir a solidão que ela sente em seu coração. Cada passo na neve parece afunda-la mais fundo em seus pensamentos, ela para e olha para o céu cinzento. No silêncio daquele mundo onírico, ela começa a falar consigo mesma, suas palavras ecoando na imensidão do campo gelado.
— Eu sinto que estou vivendo o inverno mais longo de toda a minha vida. Yelena começa, sua voz reverberando pelo silêncio. Ela se vê refletida em um pequeno lago cristalino, suas palavras criando ondulações na água gelada.
As palavras saem com dificuldade, como se cada uma carregasse o peso de anos de palavras e mágoas não ditas. A neve continua a cair ao seu redor, cada floco um lembrete da frieza que se instalara entre ela e James.
— Eu o olho de longe e me pergunto: em que momento eu deixei de ser o seu verão? Ela continua, seus olhos enchendo-se de lágrimas que se misturavam com os flocos de neve. Quando tudo o que vivemos se tornou apenas uma lembrança minha?
Yelena está deitada em sua cama, os lençóis levemente amassados envolvem seu corpo imóvel. A luz da lua entra pela janela aberta, projetando sombras dançantes nas paredes do quarto. Lá fora, o som distante das pessoas na rua e principalmente da cidade ecoava, trazendo consigo lembranças. No entanto, naquele momento, ela está presa nas profundezas de seus próprios pensamentos, revivendo cenas que a perturbavam incessantemente.
Dentro de seu sonho, Yelena se vê flutuando, como se estivesse suspensa entre suas memórias e os pensamentos que a atormentam há semanas. A sensação de estar em um limbo, onde tempo e espaço perdem seu significado, a deixava angustiada. Ela sabia que estava sonhando, mas a incapacidade de acordar a prendia em um ciclo interminável de sofrimento. Cada lembrança era um fragmento doloroso de uma realidade da qual ela queria escapar.
— Nos últimos dias, a noite tem sido a minha pior inimiga, sussurra Yelena para si mesma, sentindo o peso de suas próprias palavras ecoando no vazio ao seu redor. Tenho medo de adormecer e ser dominada por visões de mim como a mulher que sou agora ou a Yelena que eu era uma vez na Sala Vermelha.
Toda a neve havia se dissipado, Yelena estava em um lugar estranho, uma espécie de neblina densa que parecia distorcer o tempo e o espaço o vasto campo havia sumido. À medida que caminhava, a neblina se dissipava, revelando uma figura familiar: ela mesma, dez anos mais jovem. Ao lado dessa versão mais jovem, imagens dela e de James surgiam e se desvaneciam como fantasmas, retratos de momentos passados e presentes. Cada cena era uma faceta de sua vida, misturada em memórias felizes e dolorosas.
A Yelena mais jovem olha para ela com olhos inquisitivos, cheios de uma curiosidade inocente misturada com a dureza que a Sala Vermelha havia incutido em ambas.
Eu me vejo de diferentes ângulo, Yelena começa, sua voz ecoa no vazio ao redor. E tudo o que eu sinto agora é a tristeza por ter sido esquecida assim tão facilmente.
A jovem Yelena franzi a testa, confusa.
— Esquecida? Como se ele prometeu que jamais nós esqueceria? Que faria de tudo para se lembrar.
Yelena suspira, sentindo o peso das lembranças pressionando seu coração.
— James... Ele seguiu em frente. Ele não se lembra de nós, do que tivemos. Eu vejo todas essas imagens e sinto vontade de gritar, de implorar para ele lembrar de nós. Mas não posso fazer isso. Eu prometi a mim mesma que não faria.
A jovem Yelena cruza os braços, tentando entender.
— Por que prometer algo assim? Se ele foi importante para nós, você deveria lutar por ele, não?
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DIAS DE UM PASSADO ESQUECIDO
FanfictionE se um amor de outra vida encontrasse você nesta época? Você seria capaz de lembrar dele? Há amores que nunca morrem, que nunca são esquecidos, especialmente nos "Dias de um Passado Esquecido". Esta será a parte 1 da Série: Dias de um Passado Esq...