UM ANO E MEIO DEPOIS / RÚSSIA - CIDADE DE PERM
Enquanto as rodas do carro cortam a estrada, Yelena mantém as mãos firmemente agarradas ao volante, seus dedos cravados na superfície como se isso pudesse ajudá-la a manter o controle, não apenas do carro, mas também de seus pensamentos. Seus olhos estão fixos na estrada à frente, acompanhando cada curva, cada trecho de asfalto, mas sua mente segue perdida em um lugar distante, uma paisagem invisível de memórias e sentimentos. O zumbido monótono do motor serve como pano de fundo para sua introspecção, enquanto as lembranças de James emergem com força, invadindo sua consciência.
Yelena se pergunta onde as coisas começaram a dar errado, em que momento o abismo entre eles se tornou intransponível. Mas as respostas que procura parecem tão distantes quanto a linha do horizonte.
A música que toca suavemente no interior do carro é como um eco de suas próprias emoções. Cada nota parece ressoar com a melancolia que ela tenta esconder, uma trilha sonora involuntária para o turbilhão de sentimentos que habita seu coração. A melodia lenta e triste a envolve, traduzindo as complexidades que ela tantas vezes luta para sufocar. Há uma dor quieta em seu peito, uma saudade que ela não sabe se quer realmente deixar ir.
Enquanto os bosques circundantes se desdobram diante de seus olhos, Yelena se vê imersa em uma dualidade intrigante. A paisagem à sua volta é serena, as árvores balançam suavemente ao ritmo do vento, os raios de sol brincam de esconde-esconde entre as folhas, criando padrões delicados de sombra e luz. A natureza exibe sua beleza intocada, uma harmonia que parece em completa oposição ao caos interno que Yelena sente. Ela observa a tranquilidade do mundo exterior, mas essa serenidade apenas ressalta a turbulência que fervilha dentro dela.
Yelena se pergunta como é possível que o mundo continue tão belo e imperturbável enquanto ela carrega um vazio tão profundo. A paisagem à sua volta parece indiferente à sua dor, e, de certa forma, isso a incomoda. É como se a beleza da natureza zombasse de seus sentimentos, como se dissesse que sua tristeza é insignificante diante da vastidão do mundo. No entanto, ela sabe que não pode fugir dessa dualidade. A serenidade externa e o caos interno são dois lados de uma mesma moeda, e ela precisa aprender a conviver com ambos
A solidão é uma companhia constante, uma sombra que a segue mesmo nos momentos mais pacíficos. Ela luta para preencher o vazio deixado pela partida de James com atividades e responsabilidades diárias, mas sabe que aquele espaço jamais poderá ser totalmente ocupado. Cada música, cada lugar, cada lembrança a traz de volta à presença dele, acentuando a ausência que ela tentava, em vão, ignorar.
Um ano e meio havia se passado desde que James Buchanan Barnes desapareceu da vida de Yelena. A ausência dele deixou um vazio insuportável em seu coração. A perda de seu grande amor a arrastou para um oceano de emoções e tristezas, uma tormenta emocional que não parecia ter fim. Entre as memórias compartilhadas, os momentos de riso, carinho e cumplicidade, ela enfrenta a escuridão do vazio deixado por sua partida.
Para enfrentar o abismo emocional que se abria diante dela, Yelena se refugia em suas atividades diárias. A escola de ballet, até então um lugar de alegria e paixão, se tornará um santuário de fuga. Nas aulas, ela se entrega de corpo e alma a cada passo, a cada movimento, como se buscasse desesperadamente preencher o espaço vazio que a ausência de James deixou. Ela dança com uma intensidade quase desesperadora, como se a própria dança pudesse servir de ponte entre ela e o amor de sua vida. Cada passo no estúdio é uma tentativa de escapar do vazio, de se fugir da dura realidade que a assombra.
No entanto, mesmo cercada por sorrisos e aplausos, o eco da ausência de James continua resplandecendo em sua alma. Entre as aulas, os ensaios e os momentos de brilho nos palcos, ela não conseguiu escapar do buraco negro da saudade. A lembrança dele permanece nítida, e cada vez que uma música toca, cada vez que ela ensina um movimento de dança, ela vê o reflexo dele em cada canto do estúdio.
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DIAS DE UM PASSADO ESQUECIDO
FanfictionE se um amor de outra vida encontrasse você nesta época? Você seria capaz de lembrar dele? Há amores que nunca morrem, que nunca são esquecidos, especialmente nos "Dias de um Passado Esquecido". Esta será a parte 1 da Série: Dias de um Passado Esq...