NÓS SIMPLESMENTE NÃO SABEMOS COMO AMAR UM AO OUTRO

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UM MÊS DEPOIS - RÚSSIA CIDADE DE PERM

O silêncio na sala de ballet é interrompido abruptamente pelo som da porta se abrindo, trazendo consigo uma presença indesejada. Yelena, sozinha até então, dança com movimentos que expressam suas emoções conflitantes, um espetáculo particular de suas lutas internas. Cada gesto, cada passo é uma tentativa de traduzir em dança o caos emocional que a consome. Porém, a chegada de Melina rompe essa conexão silenciosa que ela estabeleceu consigo mesma.

Os passos firmes de Melina ecoam pela sala, ressoando com um peso que Yelena sente profundamente. Por um breve momento, ela fecha os olhos, tentando manter sua serenidade, buscando encontrar equilíbrio em meio à tempestade que se forma dentro dela. Mas a presença de Melina traz consigo algo que Yelena tenta evitar a todo custo: o confronto com a realidade que ela tanto luta para escapar.

Melina parece visivelmente irritada, seu rosto carregando uma expressão séria que revela sua insatisfação. Sem hesitar, ela se aproxima das grandes janelas do estúdio e puxa todas as cortinas, permitindo que a luz do dia inunde a sala. Yelena, que até então dançava no refúgio escuro que havia criado para si, pisca repetidamente, tentando ajustar seus olhos à súbita luminosidade que a cerca. A escuridão, seu santuário de emoções reprimidas, é agora desfeita, e com ela, as sombras que Yelena tentava esconder.

- Me diga como você consegue dançar nesse escuro? - questiona Melina, sua voz dura e implacável, carregada não apenas de descontentamento com as escolhas de Yelena, mas também de uma profunda preocupação que ela tenta esconder por trás da severidade.

Yelena, agora banhada pela luz, encontra o olhar firme de Melina. Suas mãos, antes movendo-se graciosamente na dança, agora tremem ligeiramente, revelando a fragilidade que ela tentava mascarar na escuridão.

- Às vezes dançar na escuridão é a única maneira de lidar com as sombras que habitam dentro de mim, responde Yelena, sua voz contendo uma mistura de amargura e vulnerabilidade.

Ela suspira, desviando o olhar por um momento, como se pudesse adiar o confronto inevitável. Melina, por sua vez, não se contém, o seu gesto de apontar para as luzes apagadas e as cortinas fechadas expressa uma desaprovação carregada de seriedade e decepção. Yelena sente o peso das palavras não ditas pairando no ar, um silêncio que grita a necessidade de esclarecimento profundo.

- Yelena, por que você estava dançando no escuro? Melina indaga, sua expressão séria e decepcionada revela uma profunda preocupação maternal. Não me diga que isso é mais um dos seus planos mirabolantes para evitar a presença do Sargento Barnes?

Envolta em um labirinto de sentimentos e incertezas, Yelena, sente-se pressionada, deixando com que as palavras escorreguem por seus lábios em um gesto impulsivo. Melina, atenta, aproxima-se da pequena mesa próxima a uma das janelas, puxa uma cadeira e se senta. Yelena, ciente de que a verdade agora precisa ser enfrentada, desvia o olhar na tentativa de evitar admitir seus erros e reconhecer que sua decisão foi precipitada.

- Minha menina, me diga o que deu errado? Melina busca as palavras certas, sua voz soa carregada de compaixão e compreensão. O que aconteceu com todo aquele desejo de reparação? Você não vê que está afastando o Sargento Barnes da sua vida?

Yelena suspira profundamente, revelando o peso das palavras de Melina sobre os seus ombros. Yelena busca as palavras certas para expressar o turbilhão de emoções que se agita em seu coração.

- Eu... eu não sei, eu... eu só queria entender o que eu sinto, mãe, Yelena confessa com vulnerabilidade, seus olhos refletem a confusão que a envolve. - Desde que James chegou aqui em Perm, meu coração parece uma tempestade, uma confusão de sentimentos. Eu sinto o meu coração dividido entre a esperança e a dor da saudade entendo perfeitamente que as minhas decisões estão afastando o homem que eu amo. Por isso eu estava dançando no escuro porque, por um momento, pensei que lá poderia encontrar respostas que eu preciso.

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