DIAS DE UM PASSADO ESQUECIDO

UM MILHÃO DE MILHAS

Autora Falando:

Os meses passam como um borrão, cada dia se esvaindo mais rápido que o anterior. Yelena, agora em sua fase final de treinamento, prestes a se tornar a assassina mais letal já formada pela Sala Vermelha. Sua transformação é quase completa; a menina que um dia entrou naquele programa, cheia de sonhos e medos, está sendo substituída por uma máquina eficiente, fria e precisa.

James “Buchanan” Barnes, o Soldado Invernal, observa essa mudança com um misto de orgulho e tristeza. Ele sabe que a Sala Vermelha a moldou para ser a arma perfeita, implacável e desprovida de qualquer vestígio de humanidade assim como ele.

As noites que passaram juntos, escondidos nas sombras, os momentos em que ele a observava dançar em segredo, tudo isso estava prestes a desaparecer. Ele não tem ilusões sobre o que acontecerá com ele após a formatura dela. A Hydra o espera, pronta para puxá-lo de volta para a escuridão que ele havia aprendido a temer. E quando isso acontecer, ele sabe que será submetido ao mesmo destino de sempre: a máquina de supressão de memórias, que apagará qualquer vestígio de Yelena de sua mente, como se ela nunca tivesse existido.

Esse pensamento o assombra, o mantém acordado nas poucas horas que deveria usar para descansar. James vive com a constante sensação de que o tempo está contra eles, que cada segundo que passam juntos pode ser o último. E, no entanto, não há nada que ele possa fazer para mudar isso. Ele é apenas uma peça em um jogo muito maior, um peão na vasta rede de controle da Hydra e da Sala Vermelha.

Enquanto a formatura de Yelena se aproxima, James tenta gravar cada momento em sua mente, esperando que, de alguma forma, suas lembranças possam resistir ao tempo, a distância e até mesmo ao apagamento. Ele observa cada detalhe, desde o jeito como ela mexe no cabelo até o modo como sua voz soa em um sussurro, e guarda essas memórias com mais cuidado do que qualquer missão que já cumpriu.

James, mergulhado na escuridão da Sala Vermelha, mal suspeita que seu segredo mais precioso está prestes a ser exposto. Ele tem sido cauteloso, cuidadoso em cada gesto, em cada olhar trocado com Yelena. Mas Madame B, a mente afiada por trás da Sala Vermelha, não é facilmente enganada. Nada ali escapa ao seu olhar vigilante, especialmente quando se trata de manter o controle absoluto sobre suas criações.

Ela viu o que James e Yelena tentaram desesperadamente esconder: um romance clandestino, uma conexão emocional que não deveria existir na Sala Vermelha, onde o amor e a compaixão eram fraquezas a serem erradicadas.

Para Madame B, esse romance é mais do que um simples desvio do protocolo. É uma ameaça à perfeição da Viúva Negra que está moldando, uma imperfeição que precisa ser extirpada antes que cresça e comprometa todo o trabalho meticuloso realizado em Yelena. A Sala Vermelha não pode se dar ao luxo de ter uma assassina influenciada por sentimentos, muito menos por algo tão volátil quanto o amor. Yelena é destinada a ser a melhor, e qualquer coisa que a desvie desse caminho deve ser eliminada.

A decisão de Madame B é fria e calculada. Ela sabe que para garantir que Yelena se torne a arma perfeita, o Soldado Invernal precisa ser removido da equação. E a melhor forma de fazer isso é através da Hydra. A reprogramação de James, já prevista para ocorrer após a formatura de Yelena, será adiantada. Madame B sabe que se os sentimentos de James por Yelena continuarem a crescer, eles se tornarão um risco inaceitável, algo que poderia despertar memórias adormecidas ou, pior, instigar uma rebelião silenciosa contra o controle que a Hydra têm sobre ele.

Ela elabora seu plano com precisão cirúrgica. Acionar a Hydra antes do tempo planejado é arriscado, mas necessário. Ela já tem tudo preparado: as palavras de comando que mergulharão o Soldado Invernal de volta à submissão, as máquinas que apagarão cada lembrança de Yelena de sua mente, substituindo-a por uma lealdade cega à Hydra. Tudo será feito em segredo, sem que James ou Yelena percebam até que seja tarde demais.