POV Carlisle

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Onde eu estava? Eu desmaiei? O que aconteceu? Sentia uma dor latente em todo o meu corpo. Eu não conseguia abrir os olhos, mas ouvia vagamente gritos. Gritos? Vários flashes vieram à minha mente. Sophie... Minha filha, minha pequena! Onde ela estava? O que Aro fizera com ela? Agora me lembro! Ele me usou de cobaia para fazê-la perder o controle! Mas... O que aconteceu depois disso? Eu me lembro de ter visto aquele olhar assassino no rosto de minha filha, mas depois disso eu apaguei. O que aconteceu? Eu precisava saber e rápido! Tentei forçar meus olhos a abrirem. Estava tudo embaçado. Os gritos foram ficando mais altos à medida que eu recobrava a consciência. Minha visão rodava, mas eu conseguia ver que o salão estava bastante destruído. Vi uma chama a minha frente. Provavelmente Sophie a fizera. Ela estava lutando! Claro! Sua personalidade assassina surgiu, então era óbvio que estaria lutando. Isso não era nada bom! Se a personalidade assassina apareceu daquela forma intensa isso significava que... Se o que Rose me falou era verdade, isso significava que eu nunca mais teria minha pequena novamente? Não! Não! Eu não aceitaria isso! Nunca! Eu entendia perfeitamente que matar era algo frequente na vida da minha filha, mas não permitiria que ela se tornasse uma assassina de “sangue frio”. Essa não era a Sophie! Não era assim que ela seria feliz! Não foi isso que prometi a ela! Eu daria um jeito na situação, mesmo que tivesse que lutar contra ela!

Minha visão já estava melhor. Agora conseguia ver com clareza o estrago que fora causado durante minha inconsciência. Parecia ter passado um furacão ali. Os gritos! Ainda os ouvia! Eu reconhecia aquela voz. Alec? Com um pouco de dificuldade me ergui. Em um canto do salão eu podia ver Aro com uma expressão extremamente sofrida e... chorando? Aro estava chorando? Em todos esses anos de vampiro eu jamais vira Aro derramar uma lágrima sequer. O que poderia fazê-lo chegar a esse ponto? Tornei-me para o canto oposto com um pouco de dificuldade e... aquela era Sophie? Ela estava perfurando Alec e Jane com uma espada! E ela estava rindo? Ela estava se divertindo com aquilo? Eu não podia acreditar! A minha pequena, tão vulnerável, tão sofrida, se deliciando com uma cena tão cruel, tão monstruosa! Senti meu veneno ferver! Só por cima do meu cadáver um filho meu agiria dessa forma! Por mais que eu soubesse que aquilo nada mais era que uma consequência dos atos impensados de Aro, eu não permitiria que minha filha agisse daquela maneira absurda. Levantei-me com algum custo.

– SOPHIE! PARE AGORA MESMO! – gritei.

Ela parou imediatamente, mas permaneceu virada. Ficou silêncio por um tempo. Eu olhei para Aro que me demonstrou um imenso alívio no olhar. Eu sabia que ele merecia tudo que estava passando, mas era crueldade demais. Já não era mais uma questão de fazer justiça, Sophie transformou aquilo num mar de violência e maldade. E isso, para mim, era inaceitável! Olhei para Sophie e ela continuava parada, na mesma posição. Então, lentamente ela olhou para mim por cima dos ombros. Seus olhos estavam negros, mas vi hesitação neles. Será que ela me obedeceria naquele estado? Será que me ouviria? Da última vez ela me obedeceu, mas agora era diferente. Sua vontade de matar era muito maior. Era realmente o que ela havia dito, naquele estado era como se alguém a possuísse. De repente meus devaneios foram cortados quando a vi se virando para mim. Ela tinha um olhar constrangido no rosto, mas não parecia arrependida.

– Já chega disso, minha filha. – falei um pouco mais calmo.

Ela abaixou a cabeça. Parecia ter se arrependido finalmente. Porém, ouvi uma risada bem baixa e seus ombros começaram a se mexer, como se estivesse segurando o riso. E logo ela explodia em gargalhada. Ela estava rindo de mim? Ela estava de desrespeitando descaradamente! Aquilo me deixou ainda mais irritado! Ela tinha a petulância de rir na minha cara! Pelo menos uma característica ela conseguira manter; arrogância.

– Você acha mesmo que pode mandar em mim? – ela sumiu e apareceu na minha frente. Aquele sorriso debochado em seu rosto estava realmente me incomodando. – Eu vou te contar um segredo. – ela sussurava. – A sua Sophie não existe mais.

Lágrimas de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora