S/n Hurston point of view
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Passo pela porta do quarto de Jennie pela quarta vez, me sentindo como um fantasma à espreita. O medo de bater na porta e enfrentá-la se enraizou em mim. Era cômico, quase ridículo, pensar que eu, que estava tão próxima dela algumas noites atrás, sentia receio de confrontá-la agora. Jeon estava lá dentro, e saber disso me corroía por dentro. A ideia de deixá-la sozinha com ele era insuportável.
Num impulso, abro a porta com força, entrando de rompante. Jeon salta de onde estava próximo a Jennie, reagindo como se tivesse sido pego em flagrante. Meus dentes rangem e minha mandíbula se contrai ao notar o quão impecável Jeon estava em seu terno – algo que eu preferia não admitir.
— O que está fazendo? — A voz firme do meu irmão mais velho ressoa no quarto, sua expressão carregada de desconcerto.
— Estamos atrasados — respondo com a voz firme, evitando a todo custo olhar para Jennie. A dor de encará-la era como uma lâmina afiada.
— A Jennie vai me acompanhar, tudo bem? — pergunta Jeon, com uma familiaridade que faz minha pele arrepiar. Assinto com a cabeça, incapaz de encontrar palavras, e saio dali rapidamente, sentindo minha respiração pesar. Refugio-me no banheiro do corredor e me olho no espelho em um esforço desesperado para me recompor. Minha aparência estava impecável, os traços preocupados contrastando com minha pele aveludada, minhas unhas feitas, e minha boca vermelha naturalmente – sem nenhuma ajuda de batom.
Respiro fundo, tentando absorver a confiança que Lisa sempre dizia que eu emanava, e saio do banheiro segurando a barra do vestido para descer as escadas.
— Vamos! Estamos atrasados — anuncia meu pai, impaciente. Sem delongas, entro no carro, preferindo me acomodar em um canto onde poderia evitar a visão irritante de Jeon e Jennie se beijando.
Logo, Jennie, Jeon e meu pai estão todos no carro. Ligo o som e aumento o volume ao máximo, desejando afogar qualquer conversação. A viagem dura uma eternidade, mas finalmente chegamos a uma enorme chácara lindamente decorada, o que só podia significar uma coisa: casamento. Pondero sobre a futilidade desses eventos – parecia insano destinar tanto esforço a algo que podia potencialmente destruir sua vida.
— Oh! S/n! — a voz exultante de Lisa corta meus pensamentos, e ela corre em minha direção.
— Oi, mãe — murmuro, a voz baixa. Seu abraço é apertado, quase desesperado, e, por um momento efêmero, sinto vontade de apertá-la de volta, mas tudo que faço é envolver o braço ao redor do de meu pai e esperar que ela termine de cumprimentar Jeon.
— Achei que não viria — ela comenta, examinando-me meticulosamente.
— Quer conhecer o Tae? — pergunta, sua voz repleta de entusiasmo. Assinto em silêncio, segurando firme o vestido preto que, naquele momento, representava exatamente como eu me sentia.
— S/n, este é o Tae — introduz minha mãe, orgulhosa. O homem sorri calorosamente e troca um aperto de mão firme com meu pai, que se apresenta como Vincent.
— Sua mãe me disse muito sobre você — diz Tae, sua voz grave e autoritária.
— E aí, Tae! Eu sou Jeon. Cuida bem da minha mãe — Jeon interrompe, estendendo a mão com um sorriso prepotente. Aquele comentário me lembra imediatamente do porquê eu estava tão irada com ele. Intrometido.
Tae responde com simpatia, mas eu já estou me retirando, buscando refúgio em uma mesa vazia. Sento-me ali, tentando recuperar a compostura. Meu celular vibra com uma mensagem de Darin: "Estou dando". Ótimo, pensei, mesmo na solidão meu melhor amigo continua a me resgatar de alguma forma.
— S/n? — a voz de Jeon corta minha introspecção.
Levanto o olhar lentamente, vendo Jennie ao seu lado. Seu olhar busca algo em mim, uma conexão que eu reluto em dar. Quando finalmente desço o olhar, noto suas mãos entrelaçadas, um aperto que me enche de raiva e desgosto.
— Não vai beber nada? O garçom já passou aqui duas vezes — comenta Jeon, quase casualmente.
— Eu jogo melhor sóbria — respondo, meu tom cheio de sarcasmo. Apenas Jennie parece entender completamente, balançando a cabeça levemente em desaprovação.
— Joga? O que? — A pergunta de Jeon faz meu estômago revirar. Meus lábios se curvam num sorriso vazio.
— A forma como você provavelmente já mentiu para Jennie que você é um pobre e lascado, que não tem dinheiro e mora com nossos avós porque brigou com a mamãe — disparo, observando os olhos de meu pai se desviarem, em uma tentativa fútil de evitar o conflito.
— Que? Eu não menti! Nossos avós realmente não tiveram escolha — Jeon protesta, sua voz quase desesperada.
— Eu briguei com ela, não você. Você é apenas um fracassado de merda que sempre vai perder para mim — afirmo, levantando-me. Caminho resoluta até Tae, que servia doses de tequila aos convidados. Agarrei uma garrafa, retornando com firmeza para o meu lugar.
— Pra que isso, filha? — meu pai pergunta, sua voz um pedido silencioso de paz.
— Oras pai, ele já fez isso uma vez. Jeon, se quiser entrar para minha família de verdade, tem que contar toda a verdade — desafiá-lo traz uma satisfação amarga.
Jeon se levanta, vindo até mim com passos firmes, massageando meu braço em um gesto de razão forçada. Sorrio inocentemente.
— S/n, para de tentar competir comigo! Tudo vira uma competição pra você — exaspera-se, seus olhos faiscando raiva.
— Sério? Você só quer o que eu já tenho em mãos. Carros, você roubou, e eu não fiz nada para não te prejudicar; a conta bancária da mamãe, você saqueava como se fosse seu direito. Mas, na verdade, você é um mão furada, sem futuro. E agora quer tocar na minha Jennie. E infelizmente, irmãozinho, eu vou te prejudicar — digo, saboreando as palavras enquanto termino o martini.
— Olha...
— Ah, cala a boca, Jeon. Você sempre foi uma decepção e sempre será. — Coloco a mão na testa teatralmente rindo de sua inocência.
— Você é o diabo.
— Pois sou mesmo. E não é atoa que encantou a todos ao meu redor. Acha que Jennie quer você? No jantar... A sobremesa foi eu — brinco com meus dedos, satisfazendo-me ao ver a expressão amarga em seu rosto.
Jeon enfim se afasta, derrotado. Meu pai tenta amenizar a situação, mas segue Jeon para tentar acalmá-lo. Retorno à mesa onde Jennie me espera, braços cruzados e um semblante de desaprovação.
— Sério? Para que deixar ele constrangido aqui? — Pergunta Jennie, sua voz carregada de frustração.
— Pode ir atrás dele, eu não me importo. — Dou de ombros, minha indiferença evidente.
— S/n, banheiro, agora. — Jennie ordena, sua voz firme e inegociável.
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Boa noite pra vcs putinhas

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The Sister - Jennie/You
FanfictionJennie Kim e sua mãe agora se mudam para a casa dos famosos Hurston's. S/n nunca mais havia sido vista em qualquer lugar de Miami que fosse, e isso deletai os informantes de mídia. Além do mais, sua mãe havia ido embora e deixado na grande casa, uma...