Velarion virou-se para Valentinus com um olhar determinado, sentindo a urgência de resolver a situação com Alion.
— Obrigado, Valentinus. Acho melhor eu ir falar com ele — disse Velarion, sua voz carregada de preocupação.
Valentinus hesitou por um momento, seus olhos mostrando uma mistura de compreensão e relutância.
— Não, deixe que eu vá. Eu não quero que você se estresse ainda mais — respondeu Valentinus, sua voz suave e ponderada.
Velarion considerou a oferta de Valentinus por um instante. Ele sabia que a presença de Valentinus poderia acalmar Alion, mas também sentia que era sua responsabilidade enfrentar as consequências de suas ações pessoalmente.
— Eu preciso fazer isso, Valentinus. É algo que só eu posso resolver com ele — disse Velarion com determinação, olhando nos olhos de Valentinus.
Valentinus assentiu lentamente, resignado à decisão de Velarion.
— Está bem. Vá falar com ele. Eu estarei aqui quando precisar de mim — respondeu Valentinus, oferecendo um sorriso encorajador.
Velarion agradeceu com um aceno de cabeça e saiu em busca de Alion, com o coração pesado, mas decidido a enfrentar as consequências de suas escolhas e tentar reparar o relacionamento com seu filho.
Velarion encontrou Alion do lado de fora, em um canto tranquilo do jardim. Ele se aproximou lentamente, a hesitação evidente em cada passo que dava. Alion, ao perceber a presença de seu pai, virou-se com uma expressão mista de dor e perplexidade.
— Pai... o que está acontecendo? — perguntou Alion, sua voz trêmula de emoção contida.
Velarion respirou fundo, tentando encontrar as palavras certas para explicar tudo. Ele se sentou ao lado de Alion, o silêncio entre eles preenchido apenas pelo suave ruído das folhas ao vento.
— Alion, eu... não sei como começar. Há tantas coisas que você precisa saber, que eu preciso explicar — começou Velarion, lutando para encontrar uma maneira de abordar o assunto delicado.
Alion olhou para seu pai, os olhos buscando respostas, mas o coração pesado de desconfiança e decepção.
— Eu vi vocês dois, pai. Eu vi o que aconteceu lá dentro — disse Alion, sua voz embargada. — Vocês estavam me escondendo isso?
Velarion baixou os olhos, sentindo um nó se formar em sua garganta. Ele sabia que não podia esconder mais nada.
— Alion, eu... sim, estávamos tentando protegê-lo. Mas sei que isso não é desculpa. Você merece a verdade, merece entender tudo — respondeu Velarion, sua voz carregada de remorso.
Alion olhou para o chão por um momento, tentando processar tudo o que acabara de descobrir. Ele sentia um misto de raiva, tristeza e uma dor profunda pela quebra da confiança.
— Por que, pai? Por que você não foi honesto comigo desde o início? — perguntou Alion, sua voz carregada de magoa.
Velarion respirou fundo, sentindo o peso das palavras de Alion. Ele sabia que não havia desculpa suficiente para justificar seus atos.
— Eu estava com medo, Alion. Medo de perder você, medo de enfrentar a verdade, medo de como você reagiria. Mas sei agora que isso foi um erro terrível. Eu deveria ter confiado em você desde o começo. Você é tudo para mim, Alion, e eu... sinto muito por ter falhado com você — admitiu Velarion, suas palavras carregadas de sinceridade e arrependimento.
Alion olhou nos olhos de seu pai, vendo a vulnerabilidade e a dor neles. Apesar de tudo, havia ainda um amor profundo entre eles, um laço que resistia às turbulências do momento.
— Eu não sei se consigo entender agora, pai. Mas eu quero tentar... tentar reconstruir nossa confiança, nosso relacionamento. Por favor, não me esconda mais nada — disse Alion, sua voz suave, mas firme.
Velarion assentiu, sentindo um pequeno raio de esperança se abrir entre eles.
— Eu prometo, Alion. Não haverá mais segredos entre nós. Vamos enfrentar isso juntos, como pai e filho — afirmou Velarion, sentindo um peso ser levantado de seus ombros.
E ali, no silêncio do jardim, pai e filho começaram o difícil caminho de cura e reconciliação, determinados a superar as sombras do passado e construir um futuro mais forte e honesto juntos.
Enquanto pai e filho compartilhavam aquele momento de renovada confiança, uma sombra se moveu discretamente pelo jardim, observando cada gesto e ouvindo cada palavra. Velarion e Alion estavam tão imersos na conversa que não notaram a presença furtiva.
— Eles não fazem ideia do que está por vir — murmurou a figura sombria para si mesma, um sorriso sinistro surgindo em seus lábios.
De repente, um grito distante cortou o ar, ecoando pelas árvores do jardim. Velarion e Alion se levantaram de sobressalto, trocando olhares alarmados.
— O que foi isso? — perguntou Alion, seu coração batendo acelerado.
Velarion franziu o cenho, seus instintos de proteção ativados.
— Não sei, mas vamos descobrir — respondeu ele, já se movendo em direção ao som.
Enquanto se afastavam apressadamente, a sombra continuou a observá-los, seus olhos brilhando com uma promessa de caos.
No próximo capítulo: Quem ou o que estava espreitando Velarion e Alion? Qual seria a origem do grito que interrompeu seu momento de paz? E que segredos sombrios do passado ainda não foram revelados?
Enquanto Velarion e Alion se aproximavam da origem do grito, a tensão no ar se tornava quase palpável. O jardim, normalmente um refúgio de tranquilidade, agora parecia repleto de ameaças ocultas.
Ao chegarem a uma pequena clareira, viram um jovem jardineiro deitado no chão, sua expressão marcada pelo medo. Ele segurava um pedaço de pergaminho, parcialmente queimado. Velarion se ajoelhou ao lado do rapaz, verificando seu estado.
— Ele está vivo, mas desacordado — disse Velarion, aliviado. — Alion, veja o que ele estava segurando.
Alion pegou o pergaminho e leu as palavras que ainda eram legíveis, seus olhos se arregalando a cada linha.
— Pai, isso é... — começou ele, mas foi interrompido por um som de passos rápidos se aproximando.
De repente, um grupo de guardas surgiu, liderado pelo conselheiro real, Edrion, cuja expressão era sombria e determinada.
— Velarion, Alion — disse Edrion, sem rodeios. — Precisamos falar. Há informações que vocês não têm conhecimento, e o tempo está contra nós.
Velarion franziu o cenho, sentindo uma onda de desconfiança.
— Que informações? — perguntou ele, tentando manter a calma.
Edrion deu um passo à frente, olhando para ambos com uma gravidade que fez Alion estremecer.
— A ameaça que enfrentamos é maior do que imaginávamos. E ela vem de dentro do nosso próprio reino — declarou ele, baixando a voz como se temesse ser ouvido por ouvidos indesejados. — Há um traidor entre nós, alguém que está disposto a destruir tudo o que construímos.
No próximo capítulo: Quem é o traidor escondido no reino? O que o pergaminho parcialmente queimado revelava? E como Velarion e Alion vão lidar com essa nova ameaça que se aproxima, aparentemente de todos os lados?
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A Saga dos Dragões Perdidos - VOL 2
FantasyNa emocionante continuação de "A Saga dos Dragões Perdidos: Parte 2", os heróis enfrentam desafios ainda maiores em sua busca para desvendar os segredos do passado e salvar seu reino ameaçado. Enquanto viajam por terras distantes e enfrentam perigos...