A Saga dos Dragões Perdidos - VOL 2

"A Última Criação"

O ar na sala parecia se condensar à medida que Seraphion canalizava a energia. A magia envolvia seus dedos, se retorcendo como serpentes sombrias, enquanto ele se concentrava no alvo diante dele. A cópia de Alion, ali deitada, sem vida, sem vontade própria, parecia tão distante do verdadeiro. Mas Seraphion sabia o que precisava ser feito. A batalha entre o que era real e o que era forjado começava a se desenrolar.

Ele sentia cada partícula de magia em seu corpo pulsando, vibrando com uma força incomum, e sabia que estava indo além dos limites do que poderia controlar. A essência de Lysander estava entrelaçada com a cópia, mas também havia uma pequena parte de Alion que resistia, teimosa, escondida nas profundezas da marionete. Era isso que Seraphion procurava.

Com um gesto rápido e preciso, ele mergulhou a mão na energia que pulsava ao redor da cópia, deixando a magia escura de sua vontade se entrelaçar com a essência fragmentada do verdadeiro Alion. O espaço ao seu redor se distorceu, as sombras se esticando e contorcendo como se estivessem vivas, respondendo à força do príncipe.

O sussurro que ele tinha pronunciado momentos antes agora se tornava mais do que palavras - era uma sentença. A magia fluía por ele como uma corrente, e enquanto o poder de Lysander e o de Seraphion se colidiam, o corpo inerte da cópia começou a tremer. Como um campo de batalha, as forças se chocavam internamente.

"Não vou deixar você desaparecer tão facilmente", Seraphion murmurou, sua voz carregada de uma promessa sombria.

As sombras ao redor dele começaram a se intensificar, crescendo até envolverem a cópia inteira. Ele não estava apenas tentando restaurar Alion, mas também desestabilizar o controle de Lysander sobre ela. O feitiço complexo era tanto uma cura quanto uma condenação. Se fosse bem-sucedido, a cópia de Alion poderia recuperar sua essência, mas seria corrompida para sempre pela magia de Seraphion, ou, talvez, transformada em algo totalmente diferente. Se falhasse, a alma de Alion estaria perdida, e a cópia nunca passaria de uma marionete totalmente vazia, sem nenhuma conexão com o original.

A tensão aumentava, e Seraphion sentia os efeitos da magia em seu corpo. Seus olhos brilharam com uma intensidade sobrenatural, e ele apertou os lábios, concentrado em seu objetivo. Ele sabia que não havia como voltar atrás. O preço de arriscar tudo por Alion, de alguma forma, valeria a pena.

De repente, um grito abafado ecoou na sala. Não era o grito de Alion, mas algo mais profundo, mais primal - o som da luta interna, da alma que despertava. A cópia de Alion, agora agitada, começava a se mover. Mas era um movimento estranho, desconexo, como se o corpo estivesse tentando entender o que estava acontecendo.

"Ele está despertando", disse Seraphion, com uma expressão de leve satisfação, mas também de preocupação. "Mas será que ele será o mesmo? Ou o que você se tornará, Alion?"

A marionete, agora agitada, parecia ter uma consciência nascendo, mas a pergunta pairava no ar: até onde a magia de Seraphion havia realmente restaurado a verdadeira essência de Alion? E, se ele tivesse sucesso, qual seria o preço que ambos teriam que pagar por tudo o que estava prestes a acontecer?

A cópia de Alion começou a respirar, lentamente, como se estivesse emergindo de um longo e profundo sono. Seus movimentos eram desordenados, como se a alma que o habitava estivesse lutando para se reconectar com o corpo. Seraphion permaneceu parado, observando cada tremor, cada espasmo da marionete. Ele podia sentir que algo havia mudado - a magia de Lysander estava sendo quebrada, ou talvez apenas distorcida, mas a essência de Alion ainda estava lá, teimando em se libertar.

Seraphion franziu a testa. A energia ao seu redor começava a oscilar, o que indicava que a batalha pela alma de Alion não estava resolvida. Ele sentia que o feitiço estava perto de atingir o ápice, mas também sabia que, quanto mais ele forçasse a magia, mais arriscado seria para ambos. Ele não sabia o que aconteceria se falhasse. Se Alion acordasse sem ser verdadeiramente restaurado, se a magia o corrompesse ainda mais, ou, pior, se ele não fosse mais Alion.