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Alion cerrou os punhos, o rosto contorcido entre a raiva e o medo. Sentia a queimadura amarga da rendição forçada, mas, ao mesmo tempo, uma pequena fagulha de revolta ainda cintilava em seu olhar. Seraphion percebeu.

"Ah, é isso então?" ele perguntou, a voz cheia de uma calma que soava como escárnio. "Ainda tem esperanças, mesmo preso à corrente que eu forjei especialmente para você? É admirável, Alion… mas inútil."

Alion vacilou por um momento, mas não desviou os olhos. "Um dia, essa corrente se quebrará, Seraphion," sussurrou, sua voz repleta de uma determinação frágil, mas inquebrável. "Você não entende. Não pode controlar uma chama que nunca se apaga."

Seraphion deu uma risada suave, fria como gelo, e se aproximou mais, a sombra dele caindo sobre Alion como uma nuvem negra. "Eu sou o único que alimenta essa chama agora. E ela queimará apenas quando e como eu desejar."

Ele ergueu a mão e o anel brilhou, uma luz sombria e pulsante. Alion sentiu uma pressão esmagadora em seu peito, como se estivesse sendo arrastado para as profundezas, incapaz de escapar.

A pressão aumentou, comprimindo seu peito até que sua respiração se tornasse uma luta, mas Alion não cedeu. Ele se recusava a ser submisso, a se dobrar diante daquele ser que acreditava possuir tudo. Seus olhos brilharam com uma intensidade que sequer ele próprio reconhecia, uma chama que ainda ardiam sob a camada de derrota.

"Eu não sou o seu brinquedo, Seraphion!" Alion gritou, o som carregado com um eco de fúria reprimida. "Você pode controlar o meu corpo, mas jamais dominará minha vontade!"

Seraphion permaneceu imóvel por um momento, observando como o ódio e a resistência se manifestavam na expressão de Alion. Era quase… adorável. Mas então, sem uma palavra, ele estendeu a mão e o anel em seu dedo brilhou mais intensamente, lançando uma onda de energia que atravessou o ar com uma velocidade quase letal.

"Você acredita que sua vontade é invencível?" Seraphion murmurou, seus olhos agora cintilando com uma mistura de diversão e desdém. "Que você pode se rebelar contra o destino que eu já escrevi para você? Que ilusão."

Alion tentou resistir, mas a força da magia de Seraphion se infiltrava em sua mente, distorcendo seus pensamentos e desafiando suas mais profundas convicções. Era uma batalha mental, e a cada segundo que passava, ele sentia a sua resistência diminuir. Mas ainda havia uma chama, uma fagulha, que se recusava a se apagar.

"Eu não sou seu joguete," Alion repetiu, agora com mais firmeza. "E você vai aprender isso da maneira mais difícil."

Uma onda de energia o envolveu e, por um instante, ele sentiu o vazio ao redor de si, como se fosse sugado para uma escuridão sem fim. Mas, em meio à escuridão, a chama que restava em seu coração começou a brilhar com uma força renovada. Alion não sabia como, mas ele não estava perdido ainda.

Seraphion, por outro lado, observava a resistência com um semblante cético, como se estivesse aguardando o momento exato em que Alion quebraria. Mas, algo estava mudando. Algo que ele não previra.

Seraphion deu um passo à frente, seu movimento fluido, quase predatório. O ambiente ao redor parecia encolher à medida que ele se aproximava, seu olhar penetrante congelando tudo ao seu redor. O frio que emanava dele era palpável, a temperatura da sala caía abruptamente, tornando o ar denso, quase insuportável.

Os olhos de Seraphion estavam agora fixos em Alion, com uma frieza absoluta que transbordava em cada centímetro de seu ser. Não havia raiva, não havia emoção. Apenas o vazio do poder incontestável. Como uma lâmina afiada, seu olhar cortava direto ao âmago de Alion, despojando-o de qualquer defesa emocional, como se tivesse penetrado em sua alma.

A Saga dos Dragões Perdidos - VOL 2Onde histórias criam vida. Descubra agora