A Saga dos Dragões Perdidos - VOL 2

"Reflexos Quebrados: A Escolha da Verdade"

Lysander, que até então assistia a tudo com um sorriso cruel, agora estava imerso em uma realidade que não conseguia compreender. Seu corpo, antes ereto e confiante, desabou com um peso inesperado, como se um golpe invisível o tivesse atingido com força absoluta. Seus olhos, outrora faíscantes de malícia e controle, estavam agora arregalados, perdidos, como se a própria essência de seu ser estivesse se dissolvendo diante de seus olhos. Sua boca, antes impiedosa em sua expressão de triunfo, agora se abriu, sem que as palavras saíssem, como se as sombras de suas próprias crenças tivessem roubado sua capacidade de falar.

Ele olhou fixamente para o falso Alion, para o verdadeiro Alion, e então para Seraphion, sem conseguir entender a complexidade do que estava acontecendo. Cada um deles parecia carregar uma verdade intransponível, algo que não poderia ser contestado. O jogo que ele acreditava controlar, em que era o mestre absoluto, agora se mostrava como um emaranhado de mentiras, manipulações e destinos entrelaçados de maneira que nunca poderia ter previsto. Por um instante, a arrogância de Lysander, que o definira por tanto tempo, parecia desaparecer. Ele estava ali, sentado no chão, com a expressão de alguém que se encontra diante de algo que jamais imaginara possível. A presença de Seraphion, a verdade de Alion... tudo o que ele sabia estava desmoronando.

"Isso... isso não pode ser", Lysander murmurou, sua voz vacilante, como se as palavras estivessem sendo arrancadas de sua garganta. A frieza que o caracterizava, que sempre o fizera tão impenetrável, estava quebrada pela surpresa. "Eu planejei tudo... tudo para que ele fosse meu. Mas... isso? Como? Como vocês poderiam ser... parte do mesmo?"

Seraphion observava com um olhar penetrante, e dentro de si sentiu um estranho misto de triunfo e angústia profunda. Ele sabia que Lysander, com todo o seu poder, jamais imaginara que a verdadeira batalha seria contra algo além de seu controle. Contra a verdade. Contra as raízes do destino que ele jamais poderia dominar.

"O que você não entende, Lysander", disse Seraphion, sua voz agora firme como ferro, "é que você nunca controlou nada. Você sempre foi uma marionete do próprio jogo que criou. Brincou com o destino, achando que poderia moldá-lo à sua vontade. Mas a verdade, Lysander, como tudo o mais, não pode ser manipulada. Não importa o quanto você tente."

Lysander, atônito, olhou para Seraphion com uma raiva crescente, mas também com uma pitada de desesperança. A máscara de confiança que ele havia usado por tanto tempo estava começando a rachar, e, por um momento, ele não parecia mais o mestre, mas um homem que se via completamente perdido.

Ele se levantou lentamente, mas seus passos eram vacilantes, como se o chão sob seus pés tivesse se tornado incerto. Sua voz, quando saiu, estava carregada de um grito contido, como se o último fio de sua confiança estivesse escapando de sua garganta. "Eu sou o mestre deste jogo! Eu sou aquele que controla as linhas do destino!", ele gritou, mas sua voz falhou, e a certeza nas palavras desapareceu a cada sílaba.

O falso Alion, que ainda segurava o verdadeiro Alion, olhou para Lysander com uma expressão vazia e indiferente. Seus olhos não carregavam ódio, nem mesmo desprezo. Apenas uma constatação inescapável. "Você nunca foi o mestre, Lysander", disse ele, sua voz calma e distante. "Você nunca teve controle. Sempre fomos nós... a verdadeira linha do destino."

Alion, ainda abalado, olhou para Lysander. Em seus olhos, havia algo que Lysander jamais imaginara ver — uma mistura de dúvida, dor e uma esperança tênue. "Eu... não sou o que você pensou, Lysander. Não sou seu instrumento. E agora, nada pode mais me controlar."

Aquelas palavras, mais do que qualquer feitiço, pareciam cortar mais fundo que qualquer lâmina. Lysander, por um momento, perdeu a própria imagem de si mesmo. Ele recuou um passo, e seus olhos, antes cheios de arrogância, agora estavam tomados pela incredulidade. "Não pode ser... eu planejei tudo. Isso... isso não pode acabar assim."