À medida que seguiam a figura luminosa, o mundo ao seu redor se transformava com cada passo. O caminho que antes parecia vazio e desolado agora estava preenchido com uma beleza estranha e surreal. Árvores com folhas de prata se erguiam ao longo de uma trilha sinuosa, enquanto flores fluorescentes desabrochavam à medida que se aproximavam. O céu, antes uma tela escura e estéril, agora se preenchia com cores que pareciam dançar e se misturar como se fossem pintadas por uma mão invisível.
Seraphion sentia uma energia que nunca experimentara antes — uma força que pulsava no ar, como se o próprio universo estivesse sussurrando segredos para ele. Mas, apesar da beleza ao redor, algo ainda o incomodava. A sensação de que estavam sendo observados, como se os próprios ventos carregassem vozes distantes, sussurrando palavras que ele não conseguia entender.
Lysander caminhava ao seu lado, seus olhos atentos, mas também refletindo uma curiosidade crescente. “Você consegue entender o que está acontecendo aqui, Seraphion?” perguntou, sua voz mais suave do que o habitual.
Seraphion não respondeu de imediato. Seus olhos estavam fixos na figura à frente, que caminhava em silêncio, mas parecia imbuída de um poder antigo e incontestável. Quando finalmente falou, sua voz carregava uma sensação de incerteza. “Não. Mas eu sei que não podemos voltar agora. O que quer que nos seja mostrado, precisaremos enfrentar.”
A figura, que até então se manteve à frente, parou abruptamente. Ela se virou para encará-los, seus olhos agora irradiando uma luz tão intensa que parecia iluminar todo o caminho de volta, mas ao mesmo tempo, ofuscava a visão.
"Chegaram até aqui," disse a figura, "mas a verdadeira prova começa agora."
Seraphion e Lysander trocaram olhares. Não havia mais caminho de volta. Eles estavam ali, no limiar de algo vasto e desconhecido.
A figura levantou a mão e, com um simples gesto, o solo ao redor deles começou a rachar. Como se o próprio tecido da realidade estivesse se desintegrando, uma fenda escura se abriu diante deles. De dentro, surgiu uma sombra de contornos indefinidos, movendo-se com uma fluidez perturbadora, como se fosse uma extensão do próprio medo.
“Isso... o que é isso?” Lysander perguntou, a tensão em sua voz visível. Sua mão instintivamente foi em direção à espada, mas a sombra parecia absorver a luz ao redor, tornando-se cada vez mais imponente.
"É o que resta quando a luz se apaga," respondeu a figura. "Sua verdadeira luta, seus maiores medos, irão surgir diante de vocês. Somente aqueles que enfrentam seus próprios fantasmas podem seguir adiante."
Seraphion sentiu o peso das palavras como uma pressão contra seu peito. Ele sabia o que isso significava. Ele havia escapado da sua própria escuridão por tanto tempo. Agora, parecia que ela o havia alcançado.
A sombra avançou, tomando a forma de uma figura familiar, uma versão distorcida de si mesmo. Os olhos de Seraphion se estreitaram, o rosto da figura refletia suas próprias inseguranças e traumas mais profundos. "Você acha que pode fugir de quem você é?" a sombra sussurrou, sua voz um eco do passado. "Você sempre será aquele que busca controle, que manipula para não perder, mas no fundo, você sabe: tudo que você toca se despedaça."
Seraphion sentiu uma dor surda no peito. Suas próprias palavras, suas próprias ações, começaram a reverberar em sua mente, e ele quase cedeu à tentação de virar as costas e fugir. Mas, então, ouviu a voz de Lysander, firme e clara, cortando a escuridão que o envolvia.
“Você não é isso, Seraphion. Nós somos mais do que nossas falhas.”
Seraphion olhou para Lysander, vendo o apoio em seus olhos. Ele sentiu uma onda de energia, não mais de medo, mas de força. Ele não estava sozinho. Não mais.
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A Saga dos Dragões Perdidos - VOL 2
FantasyNa emocionante continuação de "A Saga dos Dragões Perdidos: Parte 2", os heróis enfrentam desafios ainda maiores em sua busca para desvendar os segredos do passado e salvar seu reino ameaçado. Enquanto viajam por terras distantes e enfrentam perigos...