"Sombras na Floresta Negra"

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Alion, que observava de longe, finalmente se aproximou, seus passos hesitantes denunciando a confusão que dominava sua mente. Seus olhos, tão profundos quanto uma noite sem estrelas, refletiam uma mistura de preocupação e uma leve centelha de medo.

“Ele...” A palavra ficou no ar, pesada. “O que ele quis dizer com isso?” Sua voz saiu baixa, quase rouca, como se temesse a resposta. “O que aquele cavaleiro realmente quer de você?”

O outro Alion permaneceu em silêncio por um longo momento, seus olhos fixos no horizonte vazio onde o cavaleiro havia desaparecido. Algo dentro de si se agitava, como uma maré inquieta. Ele buscava sentido no gesto, nas palavras, mas tudo o que encontrava era um vazio crescente.

“Eu... não sei,” respondeu por fim, sua voz tingida de incerteza. Ele virou-se para o Alion que estava ao seu lado, seus olhos brilhando com uma determinação incipiente. “Mas sinto que ele vai voltar. E, quando isso acontecer...” Ele parou, respirando fundo antes de continuar, “...eu terei que escolher.”

O peso daquelas palavras pairava no ar, denso e insuportável. A lembrança do beijo, tão breve e inesperada, ainda queimava em sua mente. O que significava aquilo? Um aviso? Uma promessa? Ou algo mais sombrio, escondido por trás de gestos gentis?

O tempo revelaria suas intenções, mas ambos sabiam: a calmaria que experimentavam era apenas o prelúdio de uma tempestade. E quando ela viesse, nada seria como antes.

A noite caiu, envolta em um silêncio inquietante, enquanto os dois Alions permaneciam próximos, mas perdidos em seus próprios pensamentos. O céu, coberto por nuvens densas, parecia ecoar a incerteza que pairava entre eles.

"Se ele voltar..." Alion começou, hesitando. Sua voz era suave, quase um sussurro, mas carregada de um peso que fazia suas palavras parecerem definitivas. "Você não precisa enfrentá-lo sozinho."

O outro Alion ergueu o olhar, surpreso. Havia algo nos olhos do companheiro — não apenas preocupação, mas uma determinação feroz, quase protetora. Ele abriu a boca para responder, mas as palavras não vieram. Em vez disso, abaixou o olhar, encarando o chão como se ali estivessem as respostas que buscava.

“Não é algo que você possa evitar por mim,” ele finalmente murmurou, os dedos cerrando em punhos ao lado do corpo. “A escolha será minha... e só minha.”

“E se não for?” Alion respondeu, sua voz firme. Ele deu um passo à frente, aproximando-se ainda mais. “E se o que quer que esteja vindo nos envolver a todos? Não posso simplesmente ficar parado enquanto você carrega esse fardo sozinho.”

O silêncio voltou a se instalar entre eles, mas desta vez não era vazio. Era cheio de coisas não ditas, de uma compreensão mútua que se formava lentamente. O outro Alion respirou fundo, como se absorvesse a força das palavras de seu reflexo.

"Talvez você esteja certo," admitiu, um tanto relutante. "Mas... não sei se sou forte o suficiente para o que está por vir. Ele... aquele cavaleiro... algo nele é diferente. Como se ele conhecesse partes de mim que nem mesmo eu entendo."

"Então, vamos descobrir isso juntos," Alion disse, sua voz carregada de uma determinação calma. Ele estendeu a mão, um gesto de apoio silencioso, mas poderoso. "O que quer que aconteça, você não está sozinho."

O outro Alion hesitou por um momento, mas então aceitou a mão estendida. O contato foi breve, mas trouxe uma centelha de conforto em meio à incerteza.

Ainda assim, enquanto se afastavam para buscar descanso, ambos sabiam que o cavaleiro retornaria — e, com ele, as respostas e desafios que moldariam seu futuro.

A madrugada trouxe um frio cortante, o tipo de ar gelado que parecia penetrar até os ossos. O acampamento estava silencioso, exceto pelo suave crepitar da fogueira que mantinham acesa. Alion, o primeiro, estava sentado próximo às chamas, olhando para o fogo como se as danças das labaredas pudessem lhe oferecer alguma clareza.

A Saga dos Dragões Perdidos - VOL 2Onde histórias criam vida. Descubra agora