A Saga dos Dragões Perdidos - VOL 2

O Caminho da Redenção

O vento frio cortava a noite silenciosa enquanto Lysander avançava, a determinação em seus passos tão forte quanto o próprio desespero que ele sentia. O cemitério à sua frente parecia vasto e sombrio, mas agora ele não se deixaria intimidar. Ele já tinha atravessado muitas barreiras em sua vida — tanto externas quanto internas — e não seria uma noite fria e solitária que o faria recuar.

A lua cheia iluminava sua caminhada, refletindo a luz nas pedras que marcavam os túmulos. Ele sentia uma conexão com aquele lugar, mas também sabia que seu destino não estava ali. Não mais. O que ele precisava encontrar estava mais adiante, na escuridão do que não era mais visível, mas ainda permanecia em seus corações. A verdade que ambos haviam ignorado durante tanto tempo.

Lysander respirou fundo, sentindo o peso das memórias, mas também a leveza de uma nova resolução. Ele olhou para os céus mais uma vez, o brilho das estrelas parecia se intensificar, como se respondesse à sua própria coragem. Ele estava pronto.

Ao se aproximar da entrada do cemitério, ele viu uma figura à distância. O coração de Lysander deu um salto. Era Alion, mas algo estava diferente. Ele parecia mais jovem, como se estivesse em um momento de sua vida que não era mais o presente, mas o passado. A expressão dele era vazia, perdida, como uma alma em busca de algo que não sabia o que era. Lysander sentiu o impulso de correr até ele, mas algo o impediu. Ele sabia que aquele não era o Alion que ele conhecia agora. Esse era o Alion que ainda estava preso ao passado, ainda perdido em suas próprias inseguranças e dores.

"Alion!" Lysander gritou, sua voz ressoando na quietude da noite. O som era firme, cheio de emoção, mas também de uma urgência que não podia ser ignorada.

Alion não se moveu, os olhos fixos no horizonte, como se fosse apenas mais uma figura solitária perdida entre os túmulos. Mas algo dentro dele tremia, como se o chamado de Lysander tivesse tocado algo profundo e oculto.

"Alion..." Lysander repetiu, agora mais suavemente. Ele deu um passo à frente, atravessando a escuridão que os separava. "Você não está sozinho. Não agora. Eu estou aqui. E não vou embora. Nunca mais."

As palavras pareciam ecoar no vento, mas, por algum motivo, elas não pareciam chegar até Alion. Era como se ele estivesse preso em uma cápsula do tempo, incapaz de ouvir ou compreender o que Lysander estava tentando transmitir. A distância entre eles parecia aumentar, como se o próprio espaço fosse se expandir, afastando-os mais a cada segundo.

Lysander parou, exausto, mas ainda com a chama da esperança acesa em seu peito. Ele sabia que as palavras sozinhas não seriam suficientes. Ele precisava fazer mais, algo que alcançasse o coração de Alion de uma maneira que palavras nunca poderiam.

Ele fechou os olhos por um momento, sentindo o peso da decisão. E então, com uma clareza que só a dor e a esperança poderiam proporcionar, ele se aproximou de Alion, não com pressa, mas com a paciência de quem entende que curar um coração ferido leva tempo.

"Eu vou te mostrar, Alion," Lysander sussurrou para si mesmo. "Eu vou te mostrar o que nós dois esquecemos. O que você ainda não percebeu."

Ele estendeu a mão em direção a Alion, como se pudesse alcançar não apenas o corpo, mas também a alma perdida que ele carregava. O vento, que antes estava agitado, parecia se acalmar, como se a natureza estivesse aguardando o próximo passo que Lysander daria.

No fundo, ele sabia que a verdadeira batalha não era contra as sombras externas, mas contra as sombras dentro deles. E só juntos, enfrentando o que os separava, seria possível encontrar a luz que ainda restava.

Lysander sentiu uma tensão no ar, uma pressão invisível que o impedia de avançar mais rapidamente. Cada passo parecia mais difícil que o anterior, como se o próprio cemitério estivesse testando sua determinação. Mas a necessidade de encontrar Alion, de alcançar o jovem que ele amava, era maior do que qualquer obstáculo. Ele sabia que o passado, com todas as suas cicatrizes e dores, ainda tinha uma influência poderosa sobre Alion. E era isso que ele precisava confrontar: não só o Alion do presente, mas o Alion que ainda estava preso no ciclo de sofrimento e dúvida.