"O Trono da Verdade Oculta"

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A cópia, com os olhos ainda brilhando de lágrimas, olhou para Alion e para os outros ao redor. Seu corpo, trêmulo pela dor e insegurança, parecia começar a se estabilizar à medida que ela se aceitava no momento. Apesar da confusão e da tristeza, algo em seu ser, talvez um reflexo da própria força de Alion, fez com que ela respirasse fundo.

Ela então levantou a cabeça, e, pela primeira vez, um pequeno sorriso, embora frágil, apareceu em seu rosto. A voz dela saiu baixa, mas clara, com um toque de vulnerabilidade:

— Prazer... Eu sou... Alion. Ou, talvez, uma versão de mim.

Os olhos de todos se voltaram para ela, e o ambiente se encheu de um silêncio tenso. Alion, que ainda observava a cópia com um olhar incrédulo, parecia perdido nas palavras dela, tentando compreender o que tudo isso significava. Ele sabia que a cópia refletia sua própria imagem, mas a sensação de ver alguém que tinha sua essência — suas fraquezas, seus medos, e agora até sua maneira de se apresentar — era desconcertante.

Lysander, tocado pela maneira como a cópia estava se apresentando, deu um passo à frente e, com um sorriso gentil, disse:

— O prazer é nosso. Não importa de onde você veio, ou quem você seja... o que importa é o que você escolher ser agora.

A cópia olhou para Lysander, parecendo absorver suas palavras. Algo se acendeu dentro dela. Era como se, ao dizer aquelas palavras, ela finalmente começasse a perceber que sua existência tinha valor, que ela não precisava ser definida apenas pela dor ou pela cópia de alguém. Ela tinha sua própria identidade, e talvez fosse hora de descobri-la.

Alion, ainda com o coração apertado, se aproximou um pouco mais, sua expressão suavizando, e falou com um tom baixo, mas firme:

— Eu... ainda não sei o que isso significa. Mas se você é uma parte de mim, então... talvez a gente possa aprender a viver com isso juntos. Você não está sozinho.

A cópia olhou para Alion, e o entendimento foi imediato. Eles estavam mais conectados do que ela jamais poderia imaginar. Não era mais uma questão de ser "uma cópia" ou "um erro". Era sobre encontrar seu lugar, seu propósito, independentemente de como começou.

A cópia respirou fundo e, com um sorriso mais genuíno, respondeu:

— Eu... aceito. E vou tentar encontrar o meu próprio caminho, a partir de agora.

E assim, apesar das incertezas, algo de novo começava a surgir ali. A cópia já não era apenas um reflexo de Alion, mas alguém com uma identidade própria, disposta a enfrentar os desafios e as perguntas que viriam, ao lado de Alion, de Lysander, e dos outros. Juntos, eles enfrentariam o que quer que estivesse por vir, e talvez, ao fazer isso, cada um encontrasse um pouco mais de si mesmo no caminho.

Lysander sorriu suavemente, seu sorriso carregado de uma sensação de alívio, mas também de algo mais profundo, algo que ele guardava há muito tempo. A expressão dele, antes séria e preocupada, começou a se desvanecer, como se ele estivesse finalmente deixando cair uma máscara. Era um sorriso diferente, talvez o mais sincero que ele tivera desde que chegou naquele lugar.

A cópia, agora começando a entender sua nova identidade, olhou para ele com curiosidade, sem perceber a mudança no comportamento de Lysander. Os outros ao redor estavam focados no momento de aceitação e reconciliação que acontecia entre Alion e sua cópia, mas algo havia mudado, algo que não escapou ao olhar atento de Seraphion.

Seraphion, com sua visão afiada e sempre atento aos detalhes, percebeu imediatamente. O sorriso de Lysander não era apenas um gesto de tranquilidade, mas algo mais enigmático, como se ele tivesse revelado uma parte de si mesmo que ninguém mais podia ver. O sorriso de Lysander agora estava carregado de intenções ocultas, e os planos que ele havia guardado tão bem estavam prestes a ser revelados.

A Saga dos Dragões Perdidos - VOL 2Onde histórias criam vida. Descubra agora