"Renascimento das Sombras"

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A cópia de Alion permaneceu em silêncio por um momento, absorvendo o peso das palavras de seu original. Ele olhou para as pedras quebradas, refletindo sobre o que elas representavam: não apenas a destruição de um reino, mas a fragilidade da existência, a finitude dos dias e a oportunidade de se reerguer.

"Então, é isso", disse ele, a voz tingida de uma nova resolução. "Tudo ou nada, não é? Um jogo imortal onde o preço de perder é mais do que a morte — é o esquecimento."

Alion observou a cópia com uma leveza que contrastava com a gravidade da situação. "Sim, e no entanto, o que mais temos a perder além de nossa própria história? O que nos resta é o poder de moldar nosso destino. Cada escolha que fizermos agora será uma palavra, um capítulo, uma reviravolta inesperada."

O vento agora parecia sussurrar segredos de antigos reinos perdidos, trazendo consigo ecos de promessas de poder e sacrifício. A luz que surgia no horizonte, frágil como um suspiro, iluminava as trilhas que se ramificavam diante deles — cada uma com seu próprio risco, com seu próprio preço.

"Você tem medo de recomeçar?" perguntou a cópia, encarando Alion com uma intensidade inesperada.

"Eu temo o que posso me tornar, não o que posso conquistar", respondeu Alion, seus olhos brilhando com um misto de determinação e melancolia. "Mas... isso é tudo que nos resta. Não temos mais tempo para hesitar."

O caminho à frente parecia impossível de mapear, como um tabuleiro de jogo onde as peças eram movidas por mãos invisíveis. Mas em cada movimento, nas decisões tomadas, nas apostas feitas, uma nova história tomava forma.

E assim, com o som do vento cortando o ar e o murmúrio das possibilidades ao redor, Alion e sua cópia seguiram em frente. Não havia garantias, nem promessas de sucesso. Mas havia, talvez pela primeira vez, uma verdadeira chance de reescrever suas vidas, entre o que fora e o que poderia ser. O renascimento, como uma chama incerta, brilhava no horizonte, e com ela, o poder de decidir: tudo ou nada.

A medida que avançavam, a paisagem ao redor parecia se transformar. O chão sob seus pés começava a se cobrir com uma relva fina, verdejante, enquanto o céu se tingia de um tom dourado. O ar estava impregnado com uma sensação de renovação, mas também de expectativa — como se o mundo estivesse observando, aguardando o próximo passo deles.

Alion olhou para o horizonte onde a luz crescia mais forte, e sentiu uma tensão crescente, uma pressão sobre seus ombros, como se o peso das escolhas que ele fizera — e as que ainda teria de fazer — estivesse se acumulando. "Recomeçar é mais difícil do que pareceria, não é?" disse ele, quase para si mesmo.

A cópia, seguindo ao seu lado, sorriu de forma sutil, mas não menos intensa. "Talvez. Mas tudo o que temos agora é o movimento. Estagnar aqui entre as ruínas é se condenar ao esquecimento. O que será de nós se não ousarmos o risco de construir algo novo?"

Alion deu um leve aceno de cabeça, como se a resposta tivesse sido uma lembrança que ele já sabia. "Sim, é o risco que define tudo. E a recompensa, claro."

Eles caminharam em silêncio por mais um trecho, até que o terreno ao redor se tornou mais árido, como se o próprio chão estivesse reagindo à dúvida que os envolvia. Pequenas pedras caíam ao redor deles, e o vento aumentava, arrastando folhas secas. Parecia que a natureza estava refletindo suas próprias inseguranças.

"Mas e se falharmos?" a cópia perguntou, o tom mais sombrio agora. "E se, ao tentarmos reconstruir, destruirmos ainda mais?"

Alion parou e se virou, encarando a cópia com um olhar profundo e calmo. "Isso é o que nos torna humanos, ou o que ainda nos resta de humanidade. O erro, a falha... é parte do processo. Mas, ao menos, não seremos definidos pelo que nos quebrou. A falha é apenas uma parte do ciclo."

A Saga dos Dragões Perdidos - VOL 2Onde histórias criam vida. Descubra agora