Capítulo 12 - Emos

5 2 0
                                    

Penso que não preciso mais das "aulas particulares" da Bárbara, visto que já sei a maior parte das minhas falas. "Ó vossa majestade, por quê me tratas desta forma?" "Pois bem, teu nome és Julieta?" esse tipo de coisa. A questão é que eu estou GOSTANDO de passar tempo com Babi. Isso mesmo eu, Beatriz Muller, estou gostando de sair com ela, Bárbara Álvares. Até aumentamos nossas aulas para 2 vezes na semana! Segunda e sexta.

Sendo sincera, mal posso chamar de aulas, já que não aprendo mais nada. Só ficamos... conversando eu acho, por horas. Ao mesmo tempo, seria estranho chamar de encontro ou algo assim. Então fico com "aulas" mesmo.

Inclusive (não me pergunte por que) mudaram a data da festa junina, vai ser em julho, e só teremos 15 DIAS DE FÉRIAS. Juro, um absurdo. Ouvi dizer que é porque vamos passar oa outros 15 dias aqui na escola, estudando para o Enem. Como se eu fosse prestar o Enem! Querido, eu já tenho uma vaga garantida na Mackenzie. Vou cursar direito, me formar adiantada e coordenar a empresa de meu pai, junto com minha irmã. Tudo já está devidamente planejado! Mas não, preciso perder 15 dias de meu precioso descanso por culpa de burros que nem para fazer essa provinha servem.

Estava indo para casa, pensando nisso, quando alguém bate na janela do meu carro. Olho em sua direção e é Yasmin. A garota que era minha "amiga".

— O que você quer? — Abro a janela de forma lenta, com uma cara azeda.

— Nossa. Boa tarde para você também, Muller. — Ela se apoia no espaço do vidro.

— Fala logo.

— Preciso de um favor. — Não consigo me conter e começo a rir incessantemente.

— Essa é boa. — Falo secando algumas lágrimas. — Por que eu te faria um favor?

— Você me deve. Te ajudei com o clube de teatro, lembra? — Merda. — Fora que o favor nem é para mim.

Paro um pouco e reflito. Minha vontade era dizer um NÃO bem grande na cara dela e ir embora, mas eu realmente devo a ela. Além do mais, deveria aproveitar que ela quer ajudar alguém que não seja a si mesma.

— Qual é o favor? — Minha cara deve estar mais fechada que o normal.

— Uma amiga minha, Laura, e suas colegas tem uma banda. — Ela começa a explicar. — Elas gravam covers de clipes e postam no YouTube. Juro é um trabalho ótimo. Ela me disse que elas vão gravar um clipe de "Mamma Mia" e precisam de alguém para interpretar a patricinha da música.

— E por que você não faz isso? — Falo meio no automático.

— Elas acham que você seria perfeita para o papel, já que tá no clube de teatro e tal. Fora que você é mais conhecida aqui na escola do que eu. Acho que isso ajudaria a divulgar o canal delas também. — Penso de novo. Até que é uma boa. Treino minha atuação e de quebra...

— Se fizer isso ficamos quites? — Não quero ter mais nada a ver com essa mocreia.

— Cem por cento! — Ela se anima, quase pulando no carro.

— Certo. — A empurro para onde estava antes. — Quando e onde?

— Daqui a uma hora. Sala de música da escola.

Por que eu topei isso, afinal? Yasmin explicou igual o cu dela também. Fui olhar o canal que ela mencionou e aquelas meninas são simplesmente punk's degeneradas. Com aqueles cabelos curtos e... pintados e... com raiva de sobra! Não acredito que Yas começou a andar com esse tipo de gente. São mais esquisitas que os esquisitões do teatro (o que é muito, muito mesmo). Bom pelo menos é só gravar UMA música e já dou o fora. Nunca mais preciso olhar na cara de nenhuma delas, nem de Yasmin.

Salada CaesarOnde histórias criam vida. Descubra agora