Capítulo 15 - Roda gigante

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— ...Quê?

Chaqualhei a cabeça, soltei seu braço e continuei até a saída. Da saída até meu carro. Com meu carro até minha garagem. E de minha garagem até meu quarto. Fecho a porta e respiro fundo.

Okay, eu gosto de mulheres, já que beijei Babi, gostei, e ela é uma mulher. Mas talvez eu goste de homens e Babi seja a exceção. Afinal beijei muitos homens né? Então eu sou o que, bi? Pan? Eu não sou nada! Isso sim, gosto da Babi e isso basta! Né? NÉ?

— Tudo bem Muller? — Sam pergunta, aparecendo de repente em minha varanda.

— Tá fazendo o que aqui? — Repreendo após tomar o maior susto e abrindo a janela por completo.

— Vi você correndo e vim. Parecia que... não sei, parecia que precisava de mim. — Vejo suas bochechas corarem um pouco com essa última frase.

— Eu beijei ela Sam. — Bato minha cabeça em meus joelhos. — Ou ela me beijou, sei lá.

— Boa. — Diz entrando por completo em meu quarto (e caindo no chão, diga-se de passagem).

— Não tem nada de bom não! — Levanto meu rosto, a encarando irritada e apontando meu dedo na cara dela. — Você disse que isso ia me ajudar, mas não ajudou porra nenhuma!

— Talvez só não tenha te ajudado do jeito que você queria. — Ela se senta do meu lado e dá de ombros. Vejo a jogar seu terno ao seu lado e respirar fundo. — Quem diria que escalar uma varanda seria tão cansativo.

— E o que é que eu faço agora, Sam? — Pergunto brincando com meu pingente como fazia no banheiro.

— O que você quer fazer? — Quem responde uma pergunta com outra pergunta?

— Quero beijar ela. — Escapuliu. Preciso admitir, é muito bom dizer isso em voz alta.

— Então beija, ué. — Mais uma vez dizendo esse tipo de coisa como se fosse a mais simples do mundo.

— Mas eu não posso, não simplesmente do nada. — Samantha sua burra.

— Por que não? Se ela te beijou ela sente o mesmo. — Ficamos quietas. Não é que ela tem um ponto?

— Acho que tá certa. — Apoio a cabeça na parede.

— Tô sempre certa. — Ela responde apoiando um dos braços em seu joelho.

— Isso me ajudou sim. — Apenas a ignoro. — Agora ao menos tenho certeza que gosto da Babi. Tipo, gosto mesmo.

— Boa. — Ela repete olhando para minha parede branca sem graça.

— É, boa. — Faço o mesmo que ela. Talvez eu devesse pintar essa parede.

— Posso dormir aqui? Tô meio bebum demais pra dirigir. — Sam me pergunta, ainda sentada ao meu lado e encarando a infinidade branca.

— Claro. — Respondo e aponto para o corredor, sem tirar os olhos da parede. — O quarto de hóspedes é a direita.

— Sua mãe não se importa?

— Quem dera.

Último dia de aula antes das férias. Festa junina do colégio (Funfact #14: Festa junina é meu feriado favorito. Ela conta como feriado, né?). Para dar um contexto, a festa junina desse lugar é quase um evento municipal aqui de São Paulo. Você pode pagar a parte para entrar, mas os alunos vem de graça. Tem show, jogos e até um parque de diversão alugado. É muito divertido, fico triste em pensar que esse é meu último ano entrando de graça.

Passaram 3 dias desde o fatídico beijo. 3 dias que isso não sai da minha cabeça. Depois de dar uma carona, um banho quente e roupas limpas para Samantha, que nem ao menos me agradeceu e passou a viagem inteira confusa sobre como foi parar em minha casa, fui para a aula na manhã seguinte ao ocorrido. Parecia mais um ninja me escondendo pelos cantos do que a capitã do time de vôlei. Inevitavelmente, encontrei Bárbara. Ah, e os outros também.

Salada CaesarOnde histórias criam vida. Descubra agora