— Que barulheira foi essa? — Sam aparece atrás de mim, penteando seu moicano molhado.
— Ela descobriu, Sam. — Respondo séria, encarando os pingos que escorrem na janela ao lado da escada.
— Oh. — Ela se senta ao meu lado. — E como ela reagiu?
— Mal. — Murmuro. — Acho que terminamos.
— Terminaram??? — Sam me queixona balançando meus ombros. — Como assim? O que ela disse?
— Ela me pediu um tempo. Algum tempo. — Respondo afastando suas mãos de meu ombro.
— Isso não é terminar. — Sua expressão se torna confusa.— Ela provavelmente só quer um tempinho para absorver tudo.
Ouvir Sam dizer isso foi como se uma lâmpada se acendesse em cima de minha cabeça.
— Você tá certa, Samantha! — Volto a falar com empolgação.
— Eu te digo, tô sempre certa. — Ela me interrompe se achando, mas apenas a ignoro.
— Eu só preciso dar alguns dias para ela refrescar a cabeça, e então tudo vai voltar ao normal! — Continuo me levantando em um salto.
— Espera, eu não disse isso. — Ela me corrige. — É importante vocês conversarem, já que diálogo é a chave de um...
— Obrigada Sam! — Puxo seu rosto e dou um beijinho em sua bochecha. — Você é um gênio gay!
— ...De nada. — Ela me responde um pouco desconcertada. Me sento ao seu lado novamente, mas dessa vez a encarando.
— Mas e você, o que rolou? — Pergunto me lembrando de meu pobre vestidinho.
— Eu levei suco de uva na cara. — Ela me diz confusa.
— Isso eu sei, burroide. — Reviro meus olhos. — Quero saber o contexto.
— Ah, não é nada de mais. — Ela murmura no tom de voz de Laura (quase inaudível). — Uma garota da minha turma de Biologia que costumava ficar comigo apareceu lá na festa com o namorado. Eu me aproximei para dar um oi e ela jogou o suco em mim e começou a gritar. Acho que achou que eu ia dar em cima dela ou algo assim.
— Filha da puta. — Respondo. — Quero nome, sobrenome e CPF.
— Não precisa, Triz. — Ela ri um pouco. — Não importa se é uma garota da turma de biologia, a melhor jogadora de tênis da escola ou aquela influencer que faz publi para a We Pink, no fim do dia é sempre a mesma coisa. Eu não sou o tipo de garota que se apresenta para os pais.
Ela limpa uma lágrima que estava prestes a deslizar em seu rosto e eu dou um soquinho em seu braço, tentando animá-la (Funfact #25: Sou horrível nessas coisas).
♡
Cinco dias se passaram. Os cinco dias mais difíceis da minha vida. Lutei contra a vontade de encher o contato da Babi de mensagens, figurinhas, emojis e até gif's pedindo desculpas. Sam precisou me obrigar a ficar em casa, porquê se eu saísse a primeira coisa que faria seria pegar uma JBL e ficar plantada na frente de sua janela com qualquer música idiota da Taylor Swift para chamar sua atenção. Para vocês terem noção, minha amiga punk e eu começamos e terminamos My Little Pony (incluindo Equestria Girls). Eu até fiquei triste porquê a Rarity e a Applejack me lembraram de eu e Babi, ignorando o fato de que Babi não é da roça (Funfact #26: Eu sou LITERALMENTE a Rarity, quem dizer o contrário está terrivelmente errado).
Mas finalmente, depois de tanta angústia, vou entrar em contato com ela. Qual é, cinco dias é tempo suficiente para pensar sobre tudo, né? Pensei em ligar, mas achei que não conseguiria demonstrar todo meu arrependimento, então decidi ir até sua casa. Vejo Sam sentada, quase deitada na verdade, em sua fatídica cadeira, lendo a HQ que lia no dia em que nos conhecemos. Ela parece realmente entretida, passa as páginas rapidamente ansiando por mais.
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Salada Caesar
Teen FictionA salada Caesar é uma das saladas mais populares em todo o mundo e servida em uma variedade de restaurantes, desde pequenos cafés até restaurantes de luxo. Ainda sim, aposto que não consegue citar uma pessoa que a tenha como prato favorito. Bem, eu...