Capítulo 17 - Bitoquinha

7 2 0
                                    

Eu e Babi estamos bem. Melhor do que bem, na verdade, estamos ótimas! Melhor do que nunca. Depois da festa, beijar Bárbara Álvares virou rotina para mim. Na aula de física...

— Professor, posso ir ao banheiro?

— Pode sim Muller, só não demore.

Com certeza vou demorar professor, visto que em menos de 5 minutos Babi apareceu por lá.

No almoço...

— Aff, não temperaram minha salada do jeito certo! Vou ter que ir lá trocar. — Me levanto com minha saladinha perfeitamente temperada na mão.

— Vou com você, quero pegar uma sobremesa.  — Babi diz quase de imediato, se levantando também.

Corremos juntas até o balcão de almoço,
Nos escondemos em algum canto dos corredores que ninguém liga

No banheiro...

— Acha que ninguém vai estranhar virmos toda hora nesse banheiro? — Era uma dúvida genuína.

— Esse é o lado bom de sermos duas meninas. — Babi pensa um pouco apoiada na porta da cabine. — Não tem nada de estranho duas meninas saírem juntas do banheiro.

— É, faz sentido. — Mesmo se não fizesse eu ia concordar e me trancar lá dentro com ela.

E especialmente, no teatro. Nunca fiquei tão feliz de fazer parte de uma peça antes. É praticamente um passe livre para beijos, sem desculpas esfarrapadas.

Já estamos nessa a duas semanas, mas passou tão rápido que eu mal percebi. Para mim, aquela roda gigante foi ontem.

— Professor.... — Levanto a mão. — Não tô conseguindo decorar essa parte. Será que Babi não pode ir ensaiar as falas comigo?

— Claro, podem ir lá no camarim. — Ele aponta para a parte de dentro do palco. — Os outros vão continuar ensaiando suas falas aqui, temos apenas mais 1 mês de ensaio.

Caso você esteja confuso com essa linha temporal, estamos tendo ensaios nas férias, pois a apresentação será quando voltarmos. Almoçamos todos juntos e vamos. Sobre as aulas de Física, isso foi no último dia definitivo, que foi segunda.

Enfim vou voltar para o presente, porque é nele que minha mente está focada. Puxo Babi camarim a dentro e sento em uma mesa de maquiagem (agora) livre. Puxo ela para perto de mim e nos beijamos mais uma vez. Prendo sua cintura com minhas pernas, em uma espécie de cinto e sorrio dando um longo beijo na lateral de sua boca.

— Sabe, — Beijinho. — ontem eu tava escutando uma música... — Beijinho. — e lembrei de você.

— Sério? — Pergunto tirando uma mecha de cabelo que caia em seus olhos e dando mais um beijinho. — Qual música?

— "Mulher se fases". — Bitoquinha. — Combina muito com você.

— Acho que não conheço. — Bitoquinha — Mas vou ouvir depois.

Agora chega de beijinhos. Ela me puxa a gola de minha camiseta, me levando para um beijo longo e apaixonado, colocando sua mão por baixo da minha roupa, na altura da costela. Deixo minhas pernas mais justas, puxando seu corpo ainda mais para perto do meu, a ponto de quase cair em cima de mim. Consigo sentir seu coração batendo, acelerado, descontrolado, junto de sua (e minha) respiração. Coloco uma de minhas mãos em sua bochecha e deslizo a outra por todo seu tronco, parando em sua cintura. Meu corpo arrepia conforme sua mão fria sobe de minha costela ao meu sutiã. Ela se apoia no feicho, quase o soltando...

— EU SABIA QUE VOCÊ NÃO ERA HÉTERO! — Pulo como um gato que viu um pepino e me deparo com Vini apontando seu dedo indicador para mim. Ele caminha em minha direção, parando entre mim e Babi. — ACHO BOM VOCÊ NÃO ESTAR APENAS USANDO ELA, OUVIU MULLER? ESPERO QUE VOCÊ REALMENTE GOSTE DELA!

— Eu gosto! — Digo completamente vermelha, confusa e meio sem fôlego. Minha voz até falha.

— NÃO OUVI DIREITO. — Ele aponta seu dedo no meu rosto.

— EU GOSTO! — Grito ainda sem entender bem o que ele está fazendo aqui.

— Vini deixa disso. — Babi tenta intervir.

— A quanto tempo isso... — Ele aponta para nós duas. — Tá acontecendo?

— Sei lá, umas 2 semanas? — Babi responde a Vini.

Não me atrevo a me meter na conversa dos dois. Se não tivesse tão corada e com marcas de batom por todo meu corpo, sairia de fininho sem chamar a atenção.

— 2 SEMANAS? — Desse jeito o clube de teatro inteiro vem aqui. — ENTÃO ESSA ERA A SOBREMESA QUE VOCÊ COMIA TODO DIA?

— Ei! — Me senti ofendida, tá chamando quem de sobremesa?

— Quieta Muller. — Vini pede.

— Ok.

— Por que não me disse, Babi? — Ele respira fundo e volta ao seu tom de voz normal.

— Vini, se fosse por mim eu te contaria. Você sabe que é meu melhor amigo. Mas a Bea me pediu para eu não contar.

— É! — Vou dar um apoio pra Babs. — O único que sabe é o Mat!

O silêncio é tão pesado que dá quase para pegar na mão. Acho que vacilei, já que Bárbara me envia o olhar reprovador mais feio que já me foi enviado.

— O MAT SABIA E EU NÃO? — Ih, fiz merda mesmo.

— Em minha defesa, nem sabia que ele sabia. — Babi levanta os braços, como se estivesse se rendendo para a polícia.

— Eu contei pra ele sem querer! — Tento me justificar.

— Fica quietinha, Bea. — Dessa vez foi a Bárbara quem pediu.

— Ok.

— Olha Vini, você sabe que se fosse qualquer outra pessoa eu te contaria. Mas esse não é um segredo só meu. — Ele suspira e se senta em uma cadeira que eu nem tinha notado.

— Eu sei, é só que... não quero que você se machuque de novo.

— Não vou. Fora que quando a gente namorasse você ia ser o primeiro a saber. — Namoro, já? Tô achando isso meio rápido demais (não é uma crítica, universo!)

— Aposto que você ia contar pro Jô primeiro. — Vini acusa rindo um pouco e se levantando para abraçar Babi.

— Que? Claro que não. Você e o Mat são os únicos que sabem, e pretendo manter assim. — Além Sam, Laura, Amabel e possivelmente Yasmin, mas eles não precisam saber disso.

— Ah, o professor tá chamando vocês. — Ele observa nós duas todas desarrumadas, capengas e continua. — Vou falar que vocês já tão terminando, tentar enrolar ele.

— Valeu Vini. — Ele sai e ficamos a sós de novo, nos encarando em silêncio por alguns instantes.

— Vamos continuar? — Falo já puxando-a para perto de mim mais uma vez e fazendo biquinho de beijo. Mas ela não me beija.

— Sai dessa Muller, temos que voltar pro ensaio. — Ela se solta de mim e começa a caminhar até o palco principal. — Vê se limpa esse seu rosto lindo e me encontra lá fora.

Como ela mandou, me arrumei e fui até lá, um tempo depois dela para não ficar tão suspeito. Confesso que preferia mais uns beijos ao invés de ensaiar falas e mais falas, mas fico feliz só de passar um tempo com Babi.

Salada CaesarOnde histórias criam vida. Descubra agora