Capítulo 10 - Cálculo Avançado

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Nesta segunda-feira, decidi sentar um último dia na mesa do vôlei e explicar o porquê não vou mais me sentar com elas.

— Meninas, adivinhem. — Rafa começa a dizer.

— Vão trocar o nosso uniforme? — A central que chutou a bola de vôlei pergunta, entusiasmada.

Para que isso? Nosso uniforme é ótimo. É uma camiseta branca com detalhes vinhos e um shot saia (Funfact #9: Geralmente uso a versão de manga comprida porquê na minha cabeça é mil vezes mais estiloso).

— Não, contrataram uma treinadora nova! — Rafaella grita com as mãos para o alto, o que faz todas comemorarem, inclusive eu. Não sirvo de treinadora.

— Que legal! — Respondo entre goles em um Frappuccino Caramelo e mordidas em um Bolo Red Velvet do Starbucks aqui da escola. — Meninas, não vou mais me sentar com vocês no horário de almoço.

— Ué, por quê amiga? — Amanda me pergunta.

— Conheci uma outra galera. Fora que vocês só falam de homem, isso me cansa. — Sinceridade é tudo, não é?

— Não tem problema, capitã. Fico feliz que esteja com amigos novos. — Ela continua e logo depois da uma garfada em seu petit gâteau.

— Isso é verdade! —  Quando ia alertar que eles não são meus amigos a central me interrompeu. — As únicas pessoas que você sai além de nós são aquelas patricinhas chatas, é bom dar uma variada.

— Real. — Responde Rafaella com 2 l's. — Inclusive, tem uma fofoca sobre a Yasmin rolando...

Aí que merda, eu quero saber mas preciso ir para a aula de cálculo avançado. Só conseguiram formar a turma agora, no fim do ano. E só porquê prometeram pontos extras em outras matérias a quem fosse as aulas. Mas eu gosto de matemática, como já disse é muito menos confuso do que a maioria das coisas.

— Foi mal garotas, eu queria muito saber, mas preciso ir. — Digo me levantando e dando um beijinho na bochecha de cada uma, como de costume.

Chego na aula de cálculo e, ao encarar as cadeiras em sua maior parte vazias, percebo um rosto familiar. Matheus, o menino pálido da festa de João, estava lá. Decidi me sentar em dupla com ele. Ele parecia nervoso, devia ser um dos que só está lá pelos pontos extras. O cumprimentei com um aceno de mão e ele correspondeu.

— Boa tarde alunos. Tenho alguns rostos familiares aqui hoje. — Professor Oswaldo, meu professor de matemática do primeiro ano, (Funfact #10: O melhor professor que eu já tive) começa ao andar pela sala. — Noah Stewart, repetiu de novo, Noah?

— É professor, esse ano não deu para mim. —
O burro do Stewart dá algumas risadas.

O senhor Oswaldo é simplesmente incrível. Um homem careca com óculos grandes e bem baixo (acho que Babi é mais alta que ele) (Não que eu repare na sua altura). Sua voz é identifica a do Adam Sandler dublada, as vezes até suspeito que ele seja o dublador.

— Beatriz Muller, o maior ícone dessa sala sem dúvidas. — Ele para próximo a mesa minha e do Matheus. Tudo em cima, Bea?

—Tudo sim, professor! — Ele fala meu nome de um jeito estranho, não "bia" como a maioria das pessoas, mas "bêa". Matheus fala assim também. Na verdade, se Matheus fosse mais velho, calvo e usasse óculos eles seriam...

— E meu filho, Matheus. E aí filhão? — FILHO?

— Oi pai. — PAI? No primeiro ano jurava que ele era gay.

Mais ou menos na metade da aula, minha dupla me pediu um lápis emprestado.

— Desde quando ele é seu pai? — Aproveitei a brecha para perguntar, cochichando.

— Desde que eu... nasci? — Que porra de perguntar burra foi essa, Muller?

— Ah, claro. Seu pai é um amor de pessoa. — Continuo, ignorando minha falta de inteligência anterior.

— É! — Ele se anima. — Ele é ótimo. Mesmo eu sendo o pior do mundo em matemática consegue me explicar.

— A aula dele é perfeita. Só ele mesmo para conseguir fazer uma caloura nada estudiosa se interessar por álgebra.

— Ei, vocês dois! — Ele chama nossa atenção, sem tirar os olhos do quadro. — Não é porque são meus "parças" que podem conversar na minha aula.

Eu e Mat nos encaramos, segurando a risada. Ele arranca uma folha de seu caderno, escreve algo, dobra 4 vezes e me entrega. Abro o papel e me deparo com "Parças?" escrito. Aí não dá, não consegui conter uma gargalhada. Mat é tão fraco quanto eu, pois faz o mesmo. O professor apenas balança a cabeça negativamente enquanto ri baixo.

Matemática, eu te amo.

Salada CaesarOnde histórias criam vida. Descubra agora