Capítulo 26 - Baile de Formatura

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Finalmente chegou o dia, último dia que vou pisar nessa escola. Depois de tantos anos, finalmente vou me formar. Melhor do que isso, me formar com meus amigos e a melhor namorada de todas. Nessa manhã, quem acordou Sam fui eu.

— Sam. — Chamei, cutucando seu braço. — Sam! — Cutuquei um pouco mais forte. — Samantha Helenice! — Chacoalho todo seu corpo.

— Que é? — Ela resmunga de olhos fechados.

— Acorde, vamos! Precisamos nos arrumar para a formatura. — Continuo vasculhando seu guarda roupas.

— Eu não vou nessa merda. — Ela resmunga mais uma vez e se enrola no cobertor (pleno verão brasileiro, como ela consegue dormir de cobertor?)

— Ah, mas vai sim! — Puxo sua coberta. — Nem que eu te arraste por esse moicano bagunçado.

Ela me encara com rancor, mas se levanta enquanto boceja e se espreguiça.

— Não tô zoando, não vou nesse baile idiota. — Sam protesta indo em direção ao banheiro de sua suíte.

— Ué, por que não? — Queixono finalmente achando uma roupa minimamente aceitável.

— Não tenho acompanhante e... — Ela sai do banheiro com a escova de dentes na boca, vestindo apenas um top e a parte de baixo de seu pijama dos ursinhos carinhosos. — Pergunta rápida paty, por quê tá roubando minhas roupas?

— Não tô roubando, se estivesse você nem estaria aqui pra começo de conversa. — Respondo vestindo a sua camisa social.

— Tá, reformulando a pergunta. Majestade, por quê tá usando minhas roupas sem minha permissão? Ultrapassou o limite do seu cartão de crédito? — Ela pergunta em seu habitual tom irônico.

— Meu cartão é ilimitado, sua burra. — Contra-argumento terminando de ajeitar meu (seu?) terno. — Só tô usando esses seus trapos porquê não vou gastar dinheiro em algo assim.

E quero ver como me sinto com eles. Nunca tive oportunidade para me vestir assim. Quer dizer, ter eu tive. Mas minha mãe me mataria.

Sinceramente, preferia um longo e pomposo vestido de gala. Mas já que Sam não tem algo assim por aqui, isso serve. Ah, e fiquei em dúvida se usava ou não gravata, mas decidi que sim (péssima escolha).

— Ah sim, entendi. — Pude vê-la revirando os olhos, mas apenas ignorei. — Quer ajuda aí?

Ela diz ao ver eu quase arrancando e jogando pela janela sua gravata imbecil. Ninguém me avisou o quão difícil é amarrar essas coisas. Sam se aproximou e começou a dar um nó no demônio. Ela me encarou, pela primeira vez, eu acho.

Por mais que eu considerasse seus olhos castanhos, Sam insistia em dizer que eram verdes. Agora pude ver o por que, uma pequena linha verde cercava sua íris. Eles eram... normais. Digo, eles não eram charmosos como os meus. Nem como os de Babi. Eram bonitos, mas não eram marcantes.

Ainda sim, algo me prendeu neles. Não nos olhos em si, mas em seu olhar. Pensei em perguntar se estava tudo bem, mas ela quebrou o contato visual entre nós.

— Pronto, sua gravata está devidamente enozada, alteza. — Ela faz uma reverência ridícula. Rio um pouco e protesto.

— Essa palavra nem existe! Mas... — Fico um pouco em silêncio tentando ler sua expressão (e falhando). — Obrigada Sam. Você é uma ótima amiga.

— Que nada, é sempre um prazer. — Um pequeno sorriso surge em seus lábios e logo se desmancha.

Alguns segundos depois desvia o olhar, voltando ao banheiro e dizendo algo como "vou terminar de escovar os dentes e já volto". Me arriscaria a dizer que Sam anda estranha, mas ela é desse jeitinho mesmo.

Salada CaesarOnde histórias criam vida. Descubra agora