O anel de Nicoletta.

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                                                                                      CAPÍTULO VINTE.

                                                                                     O anel de Nicoletta.

Provavelmente já passavam das 6h00. Nós arrumamos nossas malas quando voltamos para o hotel, em silêncio. Nós nem mesmo dormimos. Kyle não disse nem uma única palavra, nem mesmo comigo.

 Eu sei que ele está preocupado com a irmã, mas é que foi uma mudança tão repentina. A algumas horas atrás nós estávamos numa festa, nos beijando, estávamos juntos. Agora nem estamos trocando palavras.

 Nós fizemos check-out enquanto Ethan foi atrás de um barco para alugarmos. Ele conseguiu um ótimo barco, grande e bem confortável. Ele foi caro, mas foi o único que achamos.

 Neste momento, Ethan está nos levando até o anel de Nicoletta está.

Me sento perto de Claire, que está tentando uma conexão com Dean, e olho para o mar. Sinto meu corpo estremecer com um calafrio na espinha. Eu sonhei com este dia - não de uma forma boa. Eu quase fui morta no sonho. Quase fui morta por algo que eu nem sei o que é. Desconfio que provavelmente era um dos feitiços de Nicoletta. 

 Suspiro e ajeito meu maiô. Apenas eu pularia na água. Claire iria se eu precisasse de ajuda com algum feitiço - ou tivesse alguma dificuldade na água.

 Eu não queria ir. Estava com medo, com muito medo. Mas precisávamos do anel. O barco então para e Ethan vem até nós.

- É agora, Carrie - diz ele.- Está pronta?

Não, quis dizer.

- Sim - foi o que disse, tentando parecer confiante.

 Tiro meus chinelos.

- Aqui. Tome isso, Carrie - ofereceu Claire, segurando um vidrinho com um líquido verde, gosmento. - É uma simples poção para você conseguir respirar debaixo d'água.

 Ela me entrega o frasco, e eu o bebo. Tem gosto de gengibre com hortelã, o que é bem gostoso. Devolvo o frasco para Claire tiro meu short, logo me preparando para pular. 

- Carrie - Kyle chama, antes de eu mergulhar. - Cuidado.

 Tento sorrir para ele, mas o frio na minha barriga e o nó na minha garganta não deixam com que pareça tão confiante  quanto eu queria. Amarro meu cabelo em um rabo-de-cavalo e, com todos os músculos e nervos do meu corpos dizendo "não", pulei.


 Senti a água no meu corpo. Ela era tão fria que jurei que meu sangue tinha congelado. Mas não aconteceu e logo comecei a nadar até o navio. Ele não era tão distante quando pensei que fosse e logo chego lá. Estranho que nada tenha me bloqueado ou tentado me matar durante o caminho.  

 Me assusto com alguns peixes saindo de dentro do navio, mas logo me recomponho e entro. A poção de Claire é realmente ótima, é como se eu ainda estivesse na terra. 

 Me deparo com lugares cheios de lodo, musgo, ou seja lá  o que aquilo for. Havia peixes também - como se eles estivessem usando o navio como casa. Vou mais para o fundo do navio e enquanto passo pelos corredores, vejo algo brilhar. Nado em direção e me deparo com um quarto, provavelmente dos tripulantes, já que, no quarto, havia várias camas - um quarto compartilhado.

 Nado para perto das camas e, olhando de baixo de uma delas, acho um pequeno baú. Pego o baú apressadamente, acreditando que o anel estaria ali, mas quando abro, a única coisa que encontro ali é um chave. Uma chave bem antiga. Pego a chave e saio do quando, continuando a nadar pelo corredor. 

 Vou em direção ao convés. Sinto um estalo e olho para um canto, que entes tinha um apoio para alguma coisa. Ando até lá e quando vejo o que estava procurando, meus olhos queimam com o brilho. Fecho os meus olhos com força e logo os abro novamente. 

 O anel era dourado, brilhante, com uma grande pedra verde-escuro em cima. Pego no anel e me afastado, volto para os corredores, tentando nadar o mais rápido que posso. Mas é inútil, já que quando estou na porta por qual entrei, me joga para trás. Está bloqueada.

 Bato no espaço que parece vazio, mas minha mãe não consegue passar. Sinto coisas enrolarem nas minhas pernas. Oh, meu Deus! Não.

 CLAIRE.

É a única coisa que consigo fazer. Tento uma Conexão rápida com ela, mas não consigo ter a certeza de que aconteceu.

 Começo a dizer um feitiço que possa me a ajudar a me libertar. Então movimento a boca, pronunciando o feitiço. Logo sinto as mesmas coisas tamparem minha boca, entrando na minha boca e logo chegando em minha garganta, me sufocando.

  Me debato, tentando sair de qualquer jeito dali. Eu começo a ficar sem ar, como se a poção de Claire tivesse acabado o efeito ou tivesse sido cortada. Meus olhos começam a se fechar e logo vejo cabelos loiros na minha frente. 

 Toco o anel, me certificando que ele está no meu dedo. Sinto algo forte acontecer e sinto também algo como vidro encostando em mim, me esforço para olhar para frente. Claire havia quebrado a barreira.

- Carrie, segura minhas mãos. Não vou conseguir fazer o feitiço sozinha. Preciso canalizar seu poder.

Faço o máximo de força que consigo e pego em suas mãos. 

Não vi o que acontece depois, vejo apenas um luz brilhante queimar meus olhos e, depois disso, apago.

                                                                                              ***

 Abro os olhos, acordando, mas logo os fecho novamente por causa do sol.

- Carrie! - escuto alguém gritar. - Quem bom que acordou! - é Claire.

Me sento e percebo que estamos na praia. Eles haviam ancorado o barco.

- Você se lembra de algo? - escuto Kyle perguntar, aparacendo do outro lado. 

 Ele estava sem camisa e parecia que tinha um pequeno machucado no ombro. 

- Eu me lembro de tudo - respondo, me levantando. 

Levanto minha mão e verifico o anel. Ainda estava lá. Tiro o anel do meu dedo e mostro para eles.

- Esse é o anel.

 Os três se aproximam e cravam os olhares no anel.

- Agora precisamos saber para onde ir ou o que fazer - digo, pegando o anel e colocando como pingente no cordão que eu usava.

 Claire pega o grimório e o coloca numa mesa próxima. 

- Bem, eu acho que já sei onde devemos ir. Eu consegui ver uma conexão com Dean, antes de ouvir você me chamar. Dean me falou de algumas coisas que conseguiu ver. Ele me disse de prédios grandes, mas não como os dos Estados Unidos. Ele falou de uma capital movimentada. Um prédio vermelho e de vidro escuro. Algo assim. 

- Ele falou algo da língua local? - Ethan pergunta.

- Ele disse que era, com certeza, outra língua. Dean disse que ele ouviu algo como "Pode levar eles lá para dentro" - diz ela num português ruim.

- É português. Capital movimentada, prédios... É São Paulo. - digo. - Levaram eles para o Brasil?

- Eu já estive no Brasil - revela Kyle. - Lá existe uma pequena quantidade de Feras. Mas não sabia que eles apoiavam as Feras de Brandon.

- Talvez eles não apoiem - diz Claire. - Eles apoiam Nicoletta. Ela deve ter prometido a eles que iria desfazer o feitiço ou tornar eles mais fortes. 

- Eu já estive em São Paulo. Fui com minha mãe no ano passado, para o São Paulo Fashion Week.

 Me levanto, pego minha bolsa e seguro no anel de Nicoletta com medo que ele pudesse escapar de mim. 

- Temos que ir para o Brasil.





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