Capitulo Oito.
Descobertas no baile.
Aquilo não podia ser verdade. Era tão assustador, impossível.
- Ela não estava morta? - pergunto a Kyle.
- E eu estou - responde Nicoletta. - Bem, mais ou menos.
- O que quer dizer? - pergunto a ela.
Nicoletta era uma mulher muito bonita. Loira, com lindos olhos azuis e parecia ter apenas dezesseis anos.
- É um feitiço, querida. Começou a usar sua mágica agora, não é, Carietta? Doreen escondeu este tempo todo de você, isso é muito triste, ainda mais para a bruxa mais poderosa atualmente. Depois que eu morri, é claro - ela riu, estava dizendo com um tom de deboche bem evidente.
Eu não me dei ao trabalho de responder.
Eu mal a conhecia e já não gostava dela.
- Respondendo sua boba pergunta, eu tenho contato com bruxas vivas. Elas estão me ajudando com isso - sorriu. - Vocês não vão conseguir se livrar da maldição tão fácil.
E com está frase, me veio uma dúvida que eu já carregava a muito tempo.
- Afinal, Nicoletta, por quê fez a maldição?
- Os Deveraux e os O'conner eram muito cheios de si - deu de ombros e deu passo para frente. - Se achavam demais, caçoavam dos mais fracos, dos camponeses.
- E você era uma camponesa - conclui.
- Sim, eu era.
Olho para Kyle, mas logo volto minha atenção para Nicoletta.
- Não deve ser apenas isso, tenho certeza - afirmo. - Conte-me a verdade. Toda a verdade.
Ela me encara, perguntando-se como eu poderia mandar ela fazer qualquer coisa que seja, mas acaba cedendo.
- Um dos O'conner me atingiu forte demais. Dereck O'conner. Mentiu para mim. Me enganou. Me usou - seus olhos agora eram carregados de ódio e raiva. - Fez com que eu me entregasse a ele, para depois, me largar e espalhar por todos na vila o que havia acontecido. Fui expulsa de casa, pois, naquela época, eu fui considerada vulgar demais por ter feito sexo fora do casamento.
Prendo a respiração, assustada, surpresa e com pena de Nicoletta. Não sabia que foi algo tão grave assim.
- Mas por quê fez isso com os Deveraux também? - pergunto, tantando entender completamente a história.
- Porque Henry Deveraux ajudou Dereck em tudo.
Me aproximo mais de seu, hum, não sei, fantasma?
- Não acha que deveria libertar os outros membros da família? Eles não tiveram nada com isso.
- NUNCA! - grita Nicoletta. - Eu tinha apenas 17 anos, Carietta. Sabe o quanto eu sofri? Eu só não morri por causa da magia e de minha irmã mais velha, Phoebe. Todos merecem a maldição, Carietta.
Fecho os olhos, tentando absorver tudo aquilo. Quando os abro vejo Nicoletta sorrindo.
- Até qualquer dia, Carietta - e então some.
Olho para Kyle, que está mais assustado com o que aconteceu ali do que eu.
***
Eu e Kyle voltamos as pressas para o ginásio, mas quando estávamos quase saindo do local, Claire aparece em nossa frente.
- Carrie... - ela não termina de falar.
Olha para Kyle e fica petrificada, como se tivesse visto um fantasma - bem, não como Nicoletta -, como se estivesse com medo. Kyle parece estar do mesmo modo, porém com a expressão mais suave.
- Claire? - chamo-a, tentando tirá-la de seu estado, hum, congelado.
Claire balança a cabeça, como se estivesse acordando, voltando para o mundo real.
- Você já vai? - pergunta, sorrindo para mim, um sorriso nervoso.
- Ah, sim! Eu estou cansada e ainda tenho que fazer algumas coisas - minto.
Me sinto mal em mentir, caramba, Claire é minha melhor amiga, não gosto de mentir para ela, mas dessa vez é necessario.
- Tudo bem - sorri. - Até amanhã, Claire.
Assim que chegamos no carro, Kyle dispara.
- Precisa me levar para casa - diz. - AGORA!
- Você está bem? - pergunto, ligando o carro.
- Não - responde. - A Lua! Faltam trinta minutos para ela estar completamente cheia. As dores já começaram, Carrie, precisamos correr.
- Se não chegarmos a tempo, o que acontece? - pergunto, assustada com qual poderia ser a resposta.
- Você vai estar em perigo, junto com todas as outras pessoas que moram em Portland.
***
Assim que chegamos na esquina perto da casa de Kyle, estaciono o carro. Kyle gemia com as dores e isso me deixava nervosa.
- Precisa fazer um feitiço de disfarce, Carrie - diz Kyle. - Você precisa me levar para dentro, não vou conseguir ir sozinho, mas é perigoso. Faça o feitiço.
Respiro fundo tentando me acalmar e pego o grimório no porta-luvas. Procuro o feitiço e finalmente o acho. Leio os versos em Latim:
Post velamentum autem abscondam umbrae
Et si esse vis invisibilis
Non est qui videat me
Quod si ita est cupio
Repito os versos até eu sentir um tenso arrepio em meu corpo. Estava feito.
Saio do carro e corro até o lado do carona. Ajudo Kyle a sair. Kyle está apoiado em mim, mas ele é muito pesado. Dou o meu melhor o caminho todo. Quando abro a porta, Kyle corre para dentro. Fecho a porta e o sigo. Ele vai em direção a sala de armas. Quando adentro todo o local, vejo Heather acorrentada e Kyle fazendo o mesmo.
- Sai daqui, Carrie - manda Kyle.
Hesito, mas, quando ele me olha novamente, vejo seus olhos dourados. Escuto o barulho de ossos se quebrando, então saio do local.
Sento do outro lado da porta, enquanto escuto gritos de dor de Heather e Kyle. Depois de alguns minutos, caio no sono.
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Little Beasts, está ai mais um capítulo.
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