Capítulo Nove.
Segredos.
Termino de colocar meus livros em uma das dezenas de caixas que estão no meu quarto e ando até minha cama, onde está a quinta mala com minhas roupas.
Hoje era o dia da mudança. Havia acordado bem cedo hoje. Mamãe me ajudava a colocar as coisas no meu Volvo V40. Eu e Claire iriamos em nossos carros pois cada uma levaria seus pertences, então não teria espaço em um carro só.
Não comprariamos, nem levariamos mobília, já que no apartamento já estava todo mobíliado e equipado.
Ouço alguém bater na porta. Me surpreendo em ver Ethan parado ali. Arqueeio uma das sobrancelhas e passo as mãos em minha roupa.
- Meu pai venho conversar sobre algumas coisas da loja com sua mãe e Doreen disse que você estava indo para Nova York. Então pensei, em vir te ajudar - explica Ethan.
Sorrio e olho ao redor.
- Eu realmente vou preciso de ajuda - concordo. - Pode me ajudar a descer com essa caixas?
Ele ri e assenti.
- Claro que sim.
Ethan pega duas caixas que estavam perto da porta - as duas com livros- e as leva até meu carro. Logo o quarto tem apenas meu movéis. Nada de ursinhos de pelúcia, nada de roupas, itens de decoração, meus quadros e fotos. Nada disso.
Olho para meu celular, em busca de alguma mensagem, de Claire ou Kyle.
Não falo com Kyle desde a manhã depois do baile; ele havia apenas me mandado uma mensagem dizendo que Heather havia achado um ótimo lugar para no interior de Nova York.
- Carrie, Claire acabou de chegar. Está te esperando - avisa mamãe.
- Tudo bem! Já estou indo.
Pego meu grimório e o guardo em minha bolsa. Entro em meu carro depois de me despedir de mamãe, de Jorge e Ethan - mesmo que nem tenhamos tanta intimidade. Entro em meu carro e ligo o motor, dando partida logo depois. Ligo o rádio e coloco o CD com músicas clássicas que eu havia feito - um CD com minhas músicas clássicas favoritas. Logo Requiem em D menor, de Mozart, começa a tocar no carro.
Eram poucas pessoas que sabiam que eu escutava muito músicas clássica. Isso me acalmava, a música me acalmava, assim como escrever também me acalmava. A música clássica me fazia, muitas vezes, pensar de um jeito diferente. E também fazia eu me sentir diferente das outras pessoas, e eu adorava isso.
Já estava escuro quando, por telefone, Claire e eu decidimos parar em algum hotel. Já estavamos em Des Moines, Iowa. Achamos um pequenininho e quase deserto. Não era cinco estrelas, mas dava para passar a noite ali. Dividimos o quarto, para não gastar tanto. Clair acabava de sair do banho e me contava o quanto tinha achado Ethan um gatinho.
- Ele está cursando Antropólogia no Oregon.
- Uau! Um universitário.
Reviro os olhos e pergunto a ela sobre Chase. Agora é a vez dela revirar os olhos.
- Chase é apenas um carinha, apenas um acompanhante para o baile. Nós só nos beijamos, nada demais. E ele também era muito infantil. Perguntei a ele o que iria cursar na faculdade e nem isso ele sabia. Ele é apenas um filhinho de papai que só conseguiu entrar na faculdade por causa do futebol.
Dou uma gargalhada, já acostumada com Claire e os caras que ela sai.
Meu celular toca e logo vejo o número de Kyle no identificador de chamadas. Ando até a varanda minúscula que tem no quarto e atendo, enquando Claire se ocupa em achar seu pijama.
- Alô? Kyle? Aconteceu alguma coisa? - atendo, já fazendo perguntas.
- Oi, Carrie. Eu só queria dizer que eu e Heather já estamos em Nova York. Estamos no Brooklyn, em uma parte mais afastada. Você e sua amiga, Claire, estão aonde.
Coço a testa e respondo:
- Estamos em Iowa, em Des Moines. Decidimos parar aqui para descançar. Vamos chegar em Manhattan amanhã, provavelmente a tarde.
- Tudo bem. Assim que chegarem me mande uma mensagem - decreta Kyle.
- Tudo bem. Eu mando. Você e Heather estão bem? - pergunto sentando em uma cadeira de madeira gasta.
- Sim, estamos - responde ele. - Agora tenho que desligar. Precisamos... arrumar tudo aqui.
Nos despedimos e eu desligo.
Não disse nada até hoje, mas, desde o baile, desde que Kyle se transformou perto de mim, ele tem se distanciado. Não sei exatamente o por quê, mas pretendo descobrir.
***
Claire.
Olho para Carrie, na varanda, conversando com Kyle e tentando esconder isso.
Às vezes, sinto raiva de mim mesma por ter de esconder o que eu sei, sobre a vida dela, sobre a minha, sobre tudo. E também é difífil esconder o que sei. Mas eu tento, não está na hora de contar. Não para ela, mas para mim. Não estou pronta para contar.
Quando descobri esse segredo, eu era nova. Não sabia o quão grande e importante ele era, mas mamãe me fez prometer que eu não contaria e assim o fiz. Mas agora eu sei!
Não vejo a hora de contar tudo para Carrie.
Vejo Carrie entrar no quarto novamente e, no mesmo momento, meu celular toca.
- As pessoas hoje em dia adoram ligar - ela brinca, fazendo-me rir de leve.
Pego o celular e olho o nome. Isobel, minha mãe.
- Carrie, eu vou ir lá em baixo pedir o serviço de quarto - grito, já que a mesma estava no banheiro.
- Tudo bem! - responde ela.
Assim que saio do quarto, atendo a ligação.
- Oi, mamãe - digo.
- Oi, querida! Está tudo bem? Aonde vocês estão? - pergunta, preocupada.
Suspiro, chegando ao restaurante minusculo daquele lugar.
- Paramos em Des Moines, Iowa, para descansar - conto a ela.
Peço, para mim e Carrie, dois sucos de beterraba com laranja - algumas pessoas vão achar estranho ou nogento, mas é delicioso - e dois sanduíches naturais. Me sento em uma cadeira qualquer, enquanto espero o pedido.
- Tudo bem, querida. E quanto aquele outro assunto, Claire? - diz ela, com um tom de voz mais pesado, carregado de preocupação.
- Ela não sabe de nada, mamãe. Ainda. Quando eu achar que está na hora de dizer, eu não vou nem ao menos hesitar - afirmo.
Ouço Isobel suspirar.
- Logo, logo você poderá contar querida. Eu prometo - diz ela.
Nos despedimos e eu delisgo a ligação, pegando meu pedido recém pronto.
Como tinha dito antes: Não vejo a hora de contar tudo para Carrie.