Kyle Deveraux parte l

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                                        Capítulo Três.


A hora da saída é a melhor parte da escola. Escutar o sinal bater é algo libertador.

Caminho para fora do pátio, passando por todos os carros dos estudantes. Perto do colégio havia um restaurante com o melhor capuccino da região, então decido ir até lá. O tempo não está frio, então a caminhada é bem relaxante. Quando chego ao Charleston Grill sento-me em uma mesa perto da janela. Uma atendente vem anotar meu pedido e assim que ela sai de perto da mesa sinto meu celular vibrar – uma mensagem da minha mãe.

"Vou voltar tarde para casa. Não me espere."

Meu cappuccino chegou logo em seguida, enquanto eu respondia apenas um "OK" e nada mais. Eu sabia que mesmo estando brigada com ela, Doreen teria que dizer ou avisar as coisas, mas eu não estava a fim de conversar com ela, nem mesmo por mensagem de texto. Não tenho um relacionamento de mãe e filha com Doreen há bastante tempo e, mesmo que eu não gostasse, já estava acostumada. Mamãe não é uma pessoa fácil, mesmo em seus melhores dias.

Apoio à cabeça na janela, colocando a caneca azul de volta na mesa. Dou uma olhada para a rua, e ela está bem movimentada. Termino de tomar meu cappuccino e me levanto, deixando o dinheiro em cima da mesa. Saio do local e começo a andar em direção ao parque que meu pai costumava me lavar para brincar. Havia várias pessoas na rua e nas lojas. O parque não é longe, apenas cinco minutos se você for andando. Como eu previa, havia muitas crianças lá. Era bonito ver todas aquelas pequenas pessoas se divertindo ali. Ando até um local que não tenha muitas pessoas e com sorte acho uma árvore de tronco grande. Sento-me apoiada ao tronco. Coloco os fones de ouvido no último volume enquanto toca Perfect Places. Puxo minha bolsa para perto e fecho os olhos, relaxando. Depois que a músicas termina vem outra e depois outra. Quando abro os olhos novamente já está escurecendo. Levanto-me para não ir tão tarde. Estava sem carro e eu sempre ficava com medo de ir sozinha tão tarde.

Enquanto ando em direção a minha casa começo a escutar coisas estranhas e suspeitas. Isso me causa um calafrio, então ando ainda mais rápida e atenta. Enquanto viro em uma esquina vejo alguém no telhado de um comércio. Pisco e olho novamente, mas desta vez não há nada. Eu só posso estar ficando paranóica com o que aconteceu ontem. Balanço a cabeça, tentando focar apenas em chegar em casa, porém quando me viro ele está parado em minha frente. Dou um grito de espanto, junto com um pulo para trás. É o mesmo homem de ontem, o que me salvou, que me ajudou. Quando penso em dar um passo em sua direção, para agradecê-lo ou qualquer outra coisa gentil, ele se afasta e desaparece em uma rapidez de outro mundo.

Chego em casa e reparo que mamãe não chegou. Mas como ela disse na mensagem, chegaria tarde. Subo até meu quarto e jogo a bolsa na cama, correndo até meu computador. Eu iria pesquisar e descobrir alguma coisa sobre ele. Assim que entro na página do Google percebo que é impossível eu achar algo sobre ele, afinal, a única coisa que sei sobre ele é dos seus olhos dourados. Eu não poderia simplesmente jogar no Google "olhos dourados", apareceria tudo, menos o que eu realmente preciso! Bufo, frustrada. Levanto-me da cadeira e vou até meu guarda-roupa pegar algo confortável. Assim que visto, me jogo na cama e meus olhos se fecham sem ao menos eu perceber.

***

Hoje é quinta-feira. E como em toda a quinta-feira, eu não vejo minha mãe pela manhã. Hoje, isso é algo bom. Não nos falamos desde o jantar. Eu deveria estar triste com isso – e no fundo eu estava, mas também estava bem chateada ainda. Talvez seja um pouco dramático demais, mas Doreen sabe que eu nunca casaria por interesse – ainda mais um interesse da parte dela- , nunca em um milhão de anos.

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