02| Até que você beija bem...

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Jisung On

Meu cérebro deu um curto-circuito. O ar ao meu redor pareceu ficar mais pesado, carregado pelo cheiro inconfundível de café e perigo que emanava do Lee Minho.

— Que?! — a palavra saiu mais como um suspiro atordoado do que uma pergunta.

— Eu ofereci pra você sentar no meu colo, oxi, assim você não cansa de ficar em pé — ele repetiu, a voz um fio sedoso de provocação que parecia acariciar meus nervos já à flor da pele.

— Ficou louco, Lee?! Eu, em! — Me afastei dele num movimento brusco, sentindo as bochechas pegarem fogo. Quem ele pensava que era para me fazer uma proposta daquelas? Como se eu fosse algum ômega desesperado por migalhas de atenção!

Foi quando o cheiro deles atingiu minhas narinas — doce demais, artificial, como um perfume barato tentando mascarar a falta de caráter. Dois alfas do time de rúgbi, com sorrisos que me fizeram sentir necessidade de um banho.

— E aí, belezinha?
—Quer uma rapidinha?

Merda. Merda, merda, merda. De um alfa idiota eu vou para outro. A Luna realmente devia ter um senso de humor duvidoso comigo. Eu devia ter soltado uma carga de feromônios de estresse quando o Lee me provocou, e agora aqueles abutres sentiram o cheiro. Aquele vagabundo ainda me paga!

— Com licença — disse, tentando manter a educação enquanto a vontade que fervia em mim era a de dar um soco bem no meio daqueles sorrisos nojentos.

— Ei, aonde você pensa que vai? — Uma das mãos, grande e áspera, fechou-se em torno do meu braço com uma pressão que beirava o doloroso.

— Pra bem longe de vocês, seu nojento — rosnei, me soltando com um puxão brusco e me enfiando na multidão como uma presa fugindo de seus predadores.

Ouvi alguns protestos atrás de mim, mas nem liguei. Mentalmente, desejei que houvesse uma droga bem forte na bebida deles e que morressem bem lentamente. Alguns minutos de navegação desesperada depois, avistei a placa do banheiro (aleluia!) e entrei rápido, trancando a porta e encostando a testa na madeira fria, suspirando aliviado.

Mas que merda!! Por que o corno do Felix tinha que insistir em vir pra essas festas?! Tudo por causa de um macho que nem ligava pra ele. Eu iria matá-lo depois.

— Que difícil ser tão gostoso, hein? — Aquela voz zombeteira e detestavelmente linda ecoou no banheiro vazio, fazendo meus ombros se contraírem instantaneamente. Era o Lee, é claro, de pé perto das pias, com um sorriso de dono do mundo.

— Cala a boca, imbecil. Isso é tudo culpa sua, sabia?

—Minha?! — ele fez uma expressão de falsa inocência que me deixou com vontade de estrangular-lo.

—Isso mesmo! Você me chamou pra sentar no seu colo, eu fiquei nervoso, e aqueles alfas nojentos sentiram meu cheiro!!! — exclamei, fechando a distância entre nós e enfiando o dedo indicador em seu peito, acusadoramente. A camiseta dele era fina, e eu pude sentir o músculo duro por baixo.

— Mas você realmente tem um cheiro adorável, Hannie, fica difícil de não sentir... — Ele disse, e antes que eu pudesse reagir, ele se inclinou e enterrou o nariz na curva do meu pescoço, inalando profundamente.

Um arrepio imediato e traiçoeiro percorreu minha espinha, fazendo todos os pelos do meu braço se eriçarem. Por que ele tinha que fazer isso?!

— Não é essa a questão, Lee, e não me chama de Hannie — rebati, minha voz saindo mais fraca do que eu gostaria, meu corpo inteiro parecendo uma corda de violino prestes a se romper.

Minsung: TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora