Minsung: Tentação

03| Pacto com o Demônio

Jisung on

A minha paciência tinha oficialmente ido para o saco. Depois das aulas, eu estava mais inflamado que um pimentão no sol do meio-dia. O dia tinha sido um verdadeiro inferno de fofocas, olhares e perguntas idiotas. Para completar o pacote da desgraça, uns alfas com QI de amendoim tinham tentado dar em cima de mim no corredor, um chegando a passar a mão na minha cintura como se eu fosse público. A vontade que deu foi de dar um chute no meio das pernas de todos, mas respirei fundo (erro, só entrei mais feromônios de estresse).

E, claro, a fonte de 99% dos meus problemas tinha um nome: Lee Minho.

Decidi que era hora de um confronto. Meu destino: o vestiário do time de basquete. Um lugar que eu normalmente evitava como a praga, porque era basicamente um viveiro de alfas na puberdade liberando testosterona e feromônios como se não houvesse amanhã. O ar era uma mistura nojenta de suor, desodorante e arrogância.

O que me levava a um ponto curioso: entre aquele coquetel de odores, o único que não me dava vontade de vomitar era o do Lee. Café forte e intoxicante. Talvez fosse porque nos conhecíamos desde que éramos uns grunhidos na barriga das nossas mães. Meu cérebro já devia estar acostumado. Sim, era isso. Com certeza.

- Onde tá o capitão idiota de vocês? - gritei, entrando no vestiário como um tufão de indignação. Meus olhos automaticamente tentaram não focar em nenhuma pele à vista, com sucesso limitado.

Um dos caras, um beta alto, deu uma risadinha. Eu fulminei ele com o olhar. Povo desocupado.

- Ele tá se trocando lá no fundo - uma voz familiar falou. Hyunjin surgiu de trás de um armário, parecendo um filhote de cervo perdido.

- VOCÊ!!! - apontei para ele, meu dedo quase tremendo de raiva. - O Felix passou a madrugada chorando no meu ombro por SUA CAUSA, e você aí, todo pleno, como se nada tivesse acontecido! Alfa de merda!

- Oxe, mas eu não tenho culpa se eu não gosto dele! - ele se defendeu, erguendo as mãos.

- FODA-SE! - gritei, ignorando completamente qualquer lógica. - Olha aqui, parceiro, tenho certeza que se você deixasse de lado essa sua pose de galã de novela das nove e olhasse pra ele de verdade, você CLARAMENTE veria que ele é um amor de pessoa, e que gosta MUITO de você. - Ele abriu a boca para responder, mas eu cortei. - Não! Cala a boca! Não quero ouvir suas milhões de desculpas esfarrapadas. Só pensa nisso, tá? Agora, licença, que eu tenho que brigar com um tarado que acha que espalhar boatos é hobby.

Virei as costas, satisfeito por ter deixado uma pulga gigantesca atrás da orelha do Hwang. Tomara que ele se toque e enxergue o ômega lindo, fofo e gostoso que é o meu amigo. Não que o Hyunjin fosse feio, longe disso, mas o Felix merecia o melhor dos melhores, e não um emocionante que não sabia o que queria.

Caminhei até o fundo do vestiário, a atmosfera ficando mais densa a cada passo. E então... aconteceu.

- PUTA MERDA, LEE MINHO!!!

A visão que se apresentou foi... impactante. Lá estava ele, em frente a um dos chuveiros, com apenas uma toalha pendurada na cintura - e mal pendurada, diga-se de passagem. Gotas de água escorriam por seus cabelos negros, sobre aqueles ombros largos e o torso definido que parecia saído de um tutorial de anatomia. Era uma visão feia? Tão feia quanto um arco-íris depois da chuva. Mas isso não vinha ao caso! O importante era que ele estava quase pelado, como Adão no Éden, e EU estava vendo!

- Que foi, princesa? Gostou da visão? - a voz dele era em yom de provocação, e aquele sorriso de canto de lábio me fez querer gritar e correr ao mesmo tempo.